Em meados de agosto, a agenda do Restaurante Catamaran, no Cais de Santa Rita, já estava com todos os sábados de dezembro reservados para confraternizações. A Cia. do Chopp, em Boa Viagem, chegava a abrigar mais de duas comemorações por dia, a partir da segunda metade de novembro. Este ano será diferente. A pandemia do novo coronavírus, que exigiu mudança de hábitos e cumprimento de protocolos sanitários, desafiou empresários e clientes a 'reinventar' a festa que reúne o pessoal da firma, os colegas da faculdade, a turma do escritório.
Empresário experiente no setor de bar e restaurante, Tony Sousa, da Cia. do Chopp, diz que as confras têm um peso relevante no faturamento dos estabelecimentos no final do ano, gerando um incremento de 20% a 25%, em relação a um período normal.
"No ano passado ficamos com a agenda lotada da segunda quinzena de novembro até o Natal. Tinha confraternização praticamente todos os dias, totalizando entre 1,2 mil e 1,4 mil pessoas no período. O máximo de pessoas que permitíamos era 60 por dia, geralmente distribuídas em mais de uma confraternização", explica Tony.
A Cia. do Chopp oferecia dois pacotes de confraternização para grupos acima de 15 pessoas. Eram oferecidos dois cardápios com mix de petiscos, que custavam entre R$ 60 e R$ 100, além de pacotes de bebidas. As confras com mais pessoas eram realizadas entre terça e quinta, enquanto nos dias de maior movimento no restaurante (de sexta a domingo), o número era limitado a 30 participantes.
"Em 2019 foi animado, nossa agenda estava concorrida, mas este ano estou achando tudo muito chocho. Como vamos estimular as pessoas a fazer confraternização se as mesas só podem ter, no máximo dez pessoas? Se antes os grupos eram de no mínimo 15 pessoas, agora o máximo serão dez", compara.
Os empresários de bares e restaurantes também têm dúvidas sobre as regras e protocolos sanitários definidos pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco (Sdec). Eles querem entender se a portaria que rege a atividade de eventos pode se aplicar a eles. se as regras do setor de eventos também servirá a eles. Na próxima terça-feira (10), a Cia. do Chopp vai consultar a Sdec se poderá realizar eventos com até 30 pessoas em espaço fechado.
O presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) em Pernambuco, André Araújo, afirma que a grande expectativa do setor gira em torno de um novo protocolo que o governo do Estado poderá emitir dentro de duas semanas, flexibilizando as regras.
"Hoje, para os eventos com mais de 300 pessoas é preciso que o restaurante ou a casa de evento entrem com um pleito, solicitando uma autorização especial. Até 300 pessoas está permitido, mas não pode ter dancing e as mesas precisam ficar distantes, etc. Esperamos que o novo protocolo desburocratize a situação para que a gente possa avançar um pouco mais", defende Araújo.
CATAMARAN
A empresária Juliana Britto diz que o dezembro deste ano vai ser diferente e que o Catamaran está se readequando para atender os clientes. A agenda de confraternizações, por exemplo, que abria desde agosto, começará a ser marcada a partir do próximo dia 16. "As pessoas estão mais cautelosas então o que percebendo é uma migração da opção dos eventos para uma comemoração mais tranquila, no restaurante. Como nossa casa é ao ar livre nós saímos na frente", destaca.
O Catamaran também vai continuar com a opção de confras a bordo. "Reduzimos a lotação pela metade (60 pessoas) e estamos seguindo todos os protocolos sanitários", diz.
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