BOLSA DE VALORES
Sinal de alta em Nova York não impede Ibovespa de ficar instável; foco é vacinação
Pesam sobre o índice brasileiro, principalmente ações de empresas ligadas a commodities metálicas, após o recuo do minério de ferro na China hoje
Depois de testar os 122 mil pontos na abertura do pregão desta terça-feira (19), o Ibovespa passou a ter instabilidade há instantes apesar da alta dos índices futuros em Nova York. Pesam sobre o índice brasileiro, principalmente ações de empresas ligadas a commodities metálicas, após o recuo do minério de ferro na China hoje.
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CSN ON liderava a lista de maiores quedas, com declínio de 4,54%, ás 10h58. Usiminas PNA aparecia em seguida, cedendo 2,27%, enquanto Vale ON caía 1,46%, devolvendo parte dos ganhos da véspera.
O Ibovespa, por sua vez, caía 0,06%, aos 121.1169,72 pontos, na mínima, após máxima aos 122.120,24 pontos. Já Petrobras, ajudava a conter a queda, ao subir 0,96% (PN) e 0,63% (ON).
O movimento do Ibovespa destoa da alta dos índices futuros de Nova York, onde a bolsa americana se prepara para retornar depois do feriado da véspera, quando ficou fechada. O ânimo por lá vem da expectativa das palavras de Janet Yellen, indicada para assumir o Tesouro dos Estados Unidos. Na Câmara nesta terça-feira, Yellen deve reforçar apoio ao plano fiscal de trilhões de dólares anunciado pelo presidente eleito dos EUA, Joe Biden. Além disso, a posse do democrata, que será amanhã, também reforça o otimismo dos investidores.
Na B3, o investidor avalia as dificuldades enfrentadas pelo governo federal e os estaduais na vacinação contra a covid-19.
Diante do acordo com o Ministério da Saúde, que prevê o uso de todas as doses da vacina Coronavac disponíveis no Instituto Butantan pelo Sistema Único de Saúde (SUS), o cronograma original de vacinação contra a covid-19 anunciado pelo governador de São Paulo, João Doria (PSDB), para a população do Estado, está suspenso e novas datas serão apresentadas.
A retomada do debate de assuntos embaraçosos como a ideia de implementação da CPMF, além do tema extensão ou não do auxílio emergencial, que não sai do radar, também limitam ganhos na B3. Contudo, o estrategista-chefe da Davos Investimentos, Mauro Morelli, pondera que esses temas não devem ter impacto significativo neste momento nos mercados. "O fiscal precisa ser discutido de forma séria e tudo o mais que impacta as contas públicas. Esses debates geram preocupação, mas parecem fazer parte de discursos eleitoreiros, enquanto se espera a definição das presidências na Câmara e no Senado", avalia.
Apesar de tecer expectativas positivas em relação ao discurso de Yellen, Morelli acredita que muito dessa estimativa "positiva" da ida da ex-presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) para o Tesouro já foi absorvida pelo mercado.
"Hoje, há redução do risco pré-feriado Martin Luther King, ontem, nos EUA. Como a agenda está mias fraca hoje de indicadores e tem uma liquidez gigantesca no mundo, o investidor quer buscar ativos rentáveis. Então, nem sempre precisa de uma boa notícia para o mercado subir, mas não ter notícia ruim", descreve Morelli.
Conforme a imprensa americana, Janet Yellen deve defender apoio fiscal "robusto" na audiência. "A ex presidente do Fed deve defender a adoção de novas medidas fiscais como forma de evitar uma recessão prolongada", estima a MCM Consultores em nota.
Internamente, ressalta a consultoria, as notícias sobre a falta de novas vacinas e de insumos para a produção interna tendem a ter impacto negativo nos preços dos ativos financeiros, porém, podem ser compensados pelo exterior favorável.
O investidor ainda deve ficar atento à informação de que o presidente do Banco do Brasil, André Brandão, permanecerá no cargo. Se de um lado essa continuidade pode trazer alívio, sinais de que o pacote bilionário de redução de custos, anunciado na semana passada como uma das primeiras grandes ações de sua gestão, pode sofrer ajustes, podem afetar negativamente os papéis da estatal. Às 11h04, cediam 0,08%.
Uma outra empresa do governo que pode ficar no radar hoje é a Eletrobras. O ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, disse que não haverá prejuízo se a análise do projeto de lei da privatização da companhia ficar para o segundo semestre de 2021. Às 9h40, o Ibovespa futuro subia 0,94%, aos 122.370 pontos. Os papéis da Eletrobras ON caíam 0,07%, enquanto PNB estavam zeradas.