CARGAS

Aumento no preço do diesel não deve motivar greve dos caminhoneiros

Reajuste de 4,4% no preço do diesel não deve estimular paralisação dos caminhoneiros anunciada para acontecer dia 1 de fevereiro. Representantes do setor de transportes dizem que não há clima para a greve

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Edilson Vieira

Publicado em 27/01/2021 às 21:20 | Atualizado em 27/01/2021 às 21:23
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O aumento de 4,4% no preço do diesel, aplicado pela Petrobras para as distribuidoras, e que entrou em vigor nesta quarta-feira (27), não deve servir de estopim para uma greve nacional de caminhoneiros, prevista para acontecer na próxima segunda-feira (1 de fevereiro). Pelo menos, é o que deduzem empresários do setor de transportes e a confederação nacional dos condutores autônomos.

O aumento no preço do diesel equivale a um acréscimo de R$ 0,09 por litro na venda do produto às refinarias. Para o consumidor, o reajuste deve ficar um pouco acima desse valor. Alfredo Pinheiro Ramos, presidente do Sindicombustíveis-PE, que congrega donos de postos de combustíveis em Pernambuco, acredita que o reajuste nas bombas será feito ainda esta semana. “O revendedor é livre para determinar o preço, levando em conta a concorrência e sua margem de lucro que já é bastante apertada, mas eu acredito que, na bomba, o litro do diesel deve ficar em média dez centavos mais caro”, calculou Ramos. Segundo a Agência Nacional do Petróleo, o preço médio do diesel em Pernambuco, antes do novo reajuste, era de R$ 3,60.

GASOLINA

Além do diesel, a gasolina também foi reajustada nas refinarias nesta quarta-feira (27). O combustível ficou 5,05% mais caro, o que deve equivaler a R$ 0,10 a mais no preço do litro pago pelas distribuidoras à Petrobras. Este foi o segundo aumento no preço da gasolina este mês. O anterior, entrou em vigor há pouco mais de uma semana, e foi de 7,6%, deixando a gasolina cerca de R$ 0,15 centavos mais cara nas refinarias

REDUÇÃO

O Governo Federal estuda a diminuição do PIS (Programa de Integração Social) e da Cofins (Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social), impostos federais que incidem sobre os combustíveis. O anúncio foi feito pelo presidente Jair Bolsonaro na tarde de ontem (27) , após uma reunião com o Ministro da Economia, Paulo Guedes. Segundo Bolsonaro, o impacto da renúncia aos cofres da União é de R$ 800 milhões por cada centavo reduzido. Bolsonaro dividiu responsabilidades sobre o custo final do diesel para o consumidor, citando ser importante que os governadores também reduzam o ICMS, imposto estadual. O Presidente ainda afirmou que o diesel está num preço razoável.

“Para cada centavo do preço do diesel, aproveitando nós queremos diminuir no caso PIS/Cofins, equivale a buscarmos em outro local R$ 800 milhões. Então, não é uma conta fácil de ser feita. Agora, o diesel está num preço razoável nas refinarias, mas até sair da refinaria e chegar na bomba de combustível tem ICMS, imposto que é o mais caro que tem sobre o combustível no Brasil, tem a margem de lucro, tem transportadores, tem muito monopólio no meio disso. Estamos buscando alternativas mas não são fáceis”, disse.

O presidente do Sindicombustíveis-PE acha que a redução da alíquota do PIS/Cofins poderia neutralizar o aumento no preço do diesel. “Eu, particularmente, não acredito que haverá greve dos caminhoneiros. Mas teremos uma visão melhor disso até este final de semana quando deve haver um posicionamento melhor do governo sobre isso”[redução do PIS/Cofins].

ENTIDADES

O presidente da Fetracan (Federação das Empresas de Transporte de Cargas do Nordeste), Newton Gibson, concorda que não é o momento para uma greve de caminhoneiros no País. Ele entende que com a pandemia não há clima para paralisação. “O que existe são grupos isolados espalhando mensagens pelo Whatsapp querendo paralisar rodovias importantes como, a Régis Bittencourt e a Dutra [no Sul do País]. Não vejo eles organizados para esta paralisação e nem vejo adesão a este movimento. Nós, como empresários, nem fazemos e nem apoiamos a greve mas as principais lideranças do setor de transporte autônomo também não apoiam, como é o caso das confederações”, explicou Gibson.

A Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA) divulgou uma longa nota onde se posiciona contrária à convocação da paralisação anunciada para acontecer no dia 1º de fevereiro. A CNTA enumera como motivos para a não realização da greve, o aumento no risco de contaminação dos caminhoneiros, familiares e da população em geral e o prejuízo para o transporte de insumos, medicamentos e alimentos que prejudicariam o combate e tratamento da covid.

A entidade também relata o que chama de “cenário positivo para o transporte rodoviário, com o início da safra da soja e o bom diálogo que vem mantendo com o governo. “A decisão sobre eventual paralisação é prerrogativa exclusiva da categoria, manifestada em assembleias geral especialmente convocada para este fim e formalizada por uma entidade legalmente constituída (sindicatos)”, diz a nota.

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