PRIVATIZAÇÃO

Futura privatização da Chesf não vai aumentar a sua conta de luz, diz diretor da estatal

A futura venda das ações da empresa também terá que definir como será o uso da água do São Francisco

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Angela Fernanda Belfort

Publicado em 17/05/2021 às 18:16 | Atualizado em 17/05/2021 às 18:28
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O diretor financeiro da Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf), Jenner Guimarães, disse que a energia produzida pela empresa não vai ficar com o preço mais alto depois que a empresa passar a ser controlada por uma empresa privada. "Os investimentos feitos vão fazer com que o custo do megawatt diminua ou caia. A empresa privada produz a preços mais baixos", comenta.

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Segundo ele, as empresas privadas conseguem produzir energia a um preço mais baixo, porque começam do zero e têm uma estrutura mais enxuta. "O custo das empresas é alto e não há competitividade por causa do quadro de pessoal e logística", afirma Jenner, se referindo às empresas públicas do setor.

A Chesf é uma das empresas da Eletrobras, que o governo federal pretende repassar o controle à iniciativa privada.  Pra isso, está tramitando a MP 1031 no Congresso Nacional para vender ações da Eletrobras e, desse modo, a empresa passe a ter um controlador privado (sem ser estatal). A MP deve ser votada até o dia 22 de junho. Caso contrário, a MP caduca ou seja: perde a validade. A MP deve ser aprovada porque o governo do presidente Jair Bolsonaro tem maioria no Congresso Nacional.

Atualmente, as hidrelétricas da Chesf recebem apenas uma receita para manutenção e operação desde janeiro de 2013, quando entrou em vigor a lei federal 12.783 que repassou os ativos das geradoras da Chesf para a União, com exceção de Sobradinho que produz energia vendida diretamente a algumas grandes indústrias. A finalidade desta lei era também baixar a conta de luz para os brasileiros, o que nunca ocorreu. A diretoria da empresa não informou por quanto vende o megawatt de energia hoje.

A futura venda das ações da empresa também terá que definir como será o uso da água do São Francisco. Nos anos de seca, a Chesf gerou menos energia para poupar a água, principalmente do reservatório de Sobradinho que é usado tambem para o abastecimento humano, irrigação, entre outros. 

LUCRO

A Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf) registrou um lucro de R$ 466 milhões no primeiro trimestre de 2021, resultado 4% inferior ao mesmo período do ano passado. "Foi bastante positivo para um primeiro trimestre. A queda no valor ocorreu por causa de provisionamento que foram feitos devidos a dois grandes processos judiciais", explica o diretor econômico-financeiro da Chesf, Jenner Guimarães.

Um dos processos é referente a uma cobrança estabelecida no setor elétrico chamada GSF, que faz um balanço entre a capacidade máxima que as geradoras têm capacidade de gerar e o que foi entregue de fato, estabelecendo uma espécie de multa, quando a empresa produz menos. As hidrelétricas da Chesf produziram menos energia nos anos em que os reservatórios do São Francisco ficaram com pouca água para respeitar o múltiplo uso das águas, que também servem para abastecimento humano, irrigação, entre outros. Isso gerou uma judicialização. No atual balanço, a Chesf reservou R$ 185 milhões para o pagamento do GSF, caso perda a questão na Justiça. Também reservou R$ 96 milhões de provisionamento para outra ação que corre na Justiça movida por um pool de contrutoras contra a estatal.

A empresa também registrou acréscimo de receita no primeiro trimestre deste ano. O reajuste anual da geração e revisão dos contratos de transmissão no segundo semestre de 2020 geraram uma receita a mais de R$ 170 milhões no primeiro trimestre de 2021. A companhia também fez uma redução de custos no valor de R$ 30 milhões nos três primeiros meses deste ano. "A receita foi maior, gastamos menos e houve aumento da margem de lucro", resumiu Jenner.

Ainda de acordo com informações da empresa, o custo de Pessoal, Material, Serviços e Outros (PMSO) registrou um aumento de 22%, com destaque para o acréscimo de 16% dos gastos de pessoal, devido ao reajuste salarial de 3,6%. Também ocorreu um aumento de gastos com alimentação, na ordem de R$ 3 milhões, aumento das férias em R$ 3 milhões e um acréscimo dos custos dos juros do passivo atuarial, na ordem de R$ 34 milhões. Os gastos com terceiros registraram uma queda de R$ 13 milhões.

A companhia também realizou investimentos, neste período, de R$ 107 milhões, sendo R$ 77 milhões em obras do sistema de transmissão, R$ 8 milhões em geração de energia e R$ 22 milhões na infraestrutura da empresa. A Chesf tem 20% da capacidade instalada da Eletrobras, um parque com capacidade para gerar cerca de 10 mil megawatss de energia em 12 usinas hidrelétricas. A estatal nordestina tem 38% das linhas de transmissão do Sistema Eletrobras.

 

 

 

 

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