ENERGIA II

O que pode barrar o crescimento da geração eólica e solar no Nordeste?

A geração eólica e solar passa por um boom no Nordeste, mas precisa de subestações e conexões para chegar ao consumidor final.

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Angela Fernanda Belfort

Publicado em 14/08/2021 às 8:30
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O fator que pode limitar a expansão da implantaçao de empreendimentos de geração eólica e solar no Nordeste é a falta de linhas de transmissão para "transportar esta energia" e também de subestações que recebam a energia em alta tensão produzida por estes empreendimentos, segundo pelo menos quatro executivos consultados nesta reportagem. "Existe uma necessidade urgente de linhas robustas de transmissão e de subestações. Esse é o maior problema que pode barrar o crescimento da energia renovável no Nordeste", afirmou o presidente da Eólica Tecnologia, Everaldo Feitosa. Há 20 anos, ele dizia que ia ocorrer um boom de energia eólica e muitos não acreditaram. 

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"O atual boom de emprendimentos de geração ocorre também porque há uma corrida para chegar primeiro aos pontos de conexão nas subestações que ainda podem receber energia em alta tensão. Os projetos de menor porte podem ser ligados na rede da distribuidora, mas esses maiores devem ter um ponto uma subestação para receber a energia em alta tensão. Isso está ocorrendo em Pernambuco e em todo o Nordeste", explicou o vice-presidente da Agência de Desenvolvimento de Pernambuco (AD-Diper), Roberto Abreu e Lima.

Ou seja, as conexões - incluindo as subestações - que podem receber a energia em alta tensão estão sendo "ocupadas" e daqui a pouco os empreendimentos de geraçao de energia não vão mais conseguir se instalar na região por falta de pontos para em que esta energia possa entrar na rede distribuidora. Atualmente, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) só aprova a instalação de um empreendimento de geração se ele tiver um ponto de conexão para receber a energia em alta tensão, como uma subestação. Depois que a energia passa pela subestação, pode ser colocada na rede de baixa tensão, que faz a mesma chegar na casa do consumidor final. Em Pernambuco, a subestação de Bom Nome, por exemplo não tem mais capacidade de receber energia em alta tensão devido aos empreendimentos que estão se instalando nas suas imediações.

Tanto a geração eólica quanto a solar param de produzir energia, quando faltam a matéria-prima que são, respectivamente, o vento e a radiação solar. Esta interrupção brusca pode trazer problemas pra todo o sistema elétrico. Por isso, uma parte do setor elétrico defende as térmicas, que funcionam a diesel e a gás natural. No entanto, são poluentes e emitem gases do efeito estufa. 

PREVISÕES

"As próximas grandes transformações virão com os parques geradores de eólica e solar acoplados a baterias de grande porte que vão fazer o equilíbrio quando não há sol nem vento. Isso já deve ser uma realidade para 2040. Todas essas previsões são feitas antes de desenvolverem as tecnologias", argumentou Feitosa, acrescentando que nos últimos 20 anos a energia eólica ficou mais sofisticada. Ele cita também que a Austrália já está fazendo experimentos com baterias de grande porte para dar suporte as energias renováveis.

Ele defendeu também que a próxima revolução das energias renováveis vai estar ligada ao desenvolvimento dessas baterias e que a própria Agência Internacional de Energia - que foi concebida para fazer o lobby do petróleo - reconhece isso.

Muitos países estão estabelecendo metas de emissão de carbono zero para 2050. "Isso só vai ocorrer com o desenvolvimento dessas novas tecnologias que não existem hoje", comentou. "A energia produzida pelos ventos e pela radiação solar tendem a ficar, cada vez, mais mais baratas", reafirmou.

 

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