CUSTO DE VIDA

Inflação de agosto é de 0,87%, a mais alta para este período nos últimos 21 anos

A inflação foi puxada pela aumento médio de 2,96% nos combustíveis, segundo o IBGE

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Angela Fernanda Belfort

Publicado em 09/09/2021 às 11:43
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O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de agosto foi de 0,87%, a mais alta para este período nos últimos 21 anos. Em agosto de 2000 o IPCA ficou em 1,31%. Em julho último, a alta deste índice foi de 0,96%. O IPCA mede a inflação, a alta geral dos preços. O que mais contribuiu para isso foi o reajuste nos preços dos combustíveis que ficou, na média, em 2,96% no mês passado. Como um todo, o setor de transportes registrou uma alta de 1,46% em agosto e teve um impacto de 0,31 ponto percentual (p.p.) neste índice, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE). 

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Ainda no mês passado, a gasolina subiu 2,80% e teve o maior impacto individual no índice do mês (0,17 p.p.). Os demais combustíveis também subiram: etanol (4,50%), gás veicular (2,06%) e óleo diesel (1,79%), segundo o IBGE. No Brasil, a alta no preço dos combustíveis tem impacto no aumento de muitos produtos, porque o principal meio de transporte de mercadorias no País é o rodoviário. E aí todos os estabelecimentos que pagam fretes, como as fábricas, mercadinhos, padarias e farmácias, acabam repassando essa alta da despesa com transporte para o consumidor final. 

A subida do preço do diesel também impacta em outro item que o consumidor tem que bancar: a energia. Grande parte da energia do Brasil está sendo gerada por térmicas que usam o diesel como matéria-prima por causa da crise hídrica que provocou a escassez de água nos reservatórios do Sudeste/Centro-Oeste do País que respondem por cerca de 70% da água armazenada para gerar energia no Brasil. 

Ainda no setor de transportes, os veículos próprios, que haviam subido 0,96% em julho, registraram alta de 1,16% em agosto. Os automóveis usados (1,98%), os automóveis novos (1,79%) e as motocicletas (1,01%) permaneceram em alta e contribuíram conjuntamente com 0,10 p.p. no IPCA de agosto. Além disso, alguns produtos e serviços relacionados aos veículos, como o óleo lubrificante (1,74%), pneu (1,43%) e conserto de automóvel (1,09%), tiveram comportamento semelhante.

Os itens que caíram de preço dentro deste grupo foram os transportes públicos (-1,21%), as passagens aéreas com queda de 10,69%. Por outro lado, destacam-se as altas do transporte por aplicativo (3,06%) e do ônibus intermunicipal, que subiu 0,62% em decorrência dos reajustes de 10,67% nas tarifas em Salvador (3,13%), a partir de 28 de julho, e de 5,82% nas tarifas em Belo Horizonte (0,94%), a partir de 17 de agosto. Houve ainda contribuição residual referente ao reajuste de 4,83% nas tarifas em Porto Alegre (1,87%) a partir de 1º de julho.

ALIMENTAÇÃO

O problema da alta da inflação é que isso reduz o poder de compra das pessoas, já que os salários não sobem na mesma proporção. Então, como a maioria da pessoas vai tentar gastar a mesma quantia do mês passado nas compras, acabam consumindo menos. Isso impacta na indústria - que passa a reduzir a produção - e aí corre o risco da economia ficar estagnada, além de aumentar a quantidade de pessoas que ficam em situação de insegurança alimentar, fazendo menos do que três refeições por dia.

Voltando ao IPCA de agosto, dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados, oito tiveram alta em agosto. Depois de transportes,  a segunda maior contribuição para a alta do custo de vida veio do grupo alimentação e bebidas (1,39%), que acelerou em relação ao mês anterior (0,60%). A alta dos combustíveis e da energia elétrica - que vem aumentando constantemente por causa da crise hídrica - também se reflete neste grupo pois ambos são consumidos em toda a cadeia, indo desde o produtor até as lojas que vendem os produtos alimentícios. 

No grupo alimentação e bebidas a alta de 1,39% em agosto ficou acima da registrada no mês anterior (0,60%). A alimentação no domicílio passou de 0,78% em julho para 1,63% em agosto, principalmente por conta das altas da batata-inglesa (19,91%), do café moído (7,51%), do frango em pedaços (4,47%), das frutas (3,90%) e das carnes (0,63%). No lado das quedas, destacam-se a cebola (-3,71%) e o arroz (-2,09%).

A terceira maior alta ficou com  habitação (0,68%), cujo resultado ficou abaixo do registrado em julho (3,10%). Os demais grupos ficaram entre o -0,04% de Saúde e cuidados pessoais e o 1,02% de Vestuário. No grupo Habitação, o aumento  foi influenciado pela alta da energia elétrica (1,10%), que desacelerou em relação ao mês anterior (7,88%). Este resultado é consequência dos reajustes tarifários anuais que ocorreram na média de 9,60% nos seguintes locais: Vitória e Belém, ambos a partir de 7 de agosto, além da contribuição residual referente ao reajuste tarifário de 11,38% em uma das concessionárias em São Paulo (0,43%), a partir de 4 de julho. Também contribuiu para este aumento a bandeira tarifária vermelha patamar 2, que passou a cobrar R$ 9,492 a cada 100 kWh consumidos por todos os brasileiros a partir de julho e agosto.

Ainda em Habitação, os preços do gás encanado teve um ata média de 2,70% e o gás de botijão (2,40%). No subitem gás encanado, houve reajustes tarifários de 10,80% em Curitiba (9,73%), e de 5,71% no Rio de Janeiro (5,14%), ambos a partir de 1º de agosto. Destaca-se também a variação da taxa de água e esgoto (-1,02%), por conta da mudança na metodologia de cobrança das tarifas em Belo Horizonte (-13,73%), a partir de 1º de agosto. Por outro lado, houve reajustes tarifários de 11,93% em Recife, vigente desde 19 de agosto, de 9,07% em uma das concessionárias em Porto Alegre (2,31%), vigente desde 14 de agosto, e de 1,62% em Campo Grande (1,32%), ocorrido em 24 de julho.

Para o cálculo do IPCA de agosto, foram comparados os preços coletados no período de 29 de julho a 27 de agosto de 2021 (referência) com os preços vigentes no período de 29 de junho a 28 de julho de 2021 (base).

 

 

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