SECOND HAND

Mercado de usados cresce quase 50% na pandemia, fazendo brechós se espalharem pelo Brasil

Segundo um levantamento do Sebrae, a abertura de estabelecimentos que comercializam produtos de segunda mão teve um crescimento de 48,58%

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Marcelo Aprígio

Publicado em 11/12/2021 às 8:00 | Atualizado em 12/12/2021 às 22:39
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A economia circular também chegou ao mercado de luxo. E cresce a passos largos. De olho nessa tendência e em uma marca com "identidade única e execução primorosa", na definição de seu CEO, o Enjoei acertou a compra da Gringa, startup de intermediação e venda de bolsas, sapatos e acessórios de luxo usados fundada por Fiorella Mattheis, atriz, apresentadora e empreendedora. O anúncio foi feito nesta madrugada de sexta-feira (10). A aquisição foi fechada por 14,25 milhões de reais.

A movimentação só mostra como o mercado de roupas de segunda mão está em alta. A mudança do olhar das pessoas em relação às peças paradas no guarda-roupas, a ampliação do entendimento da importância do consumo consciente e a crise econômica causada pela pandemia que fez as peças com preços menores ganharem destaque sustentam essa tendência. Com isso, brechós de luxo ou tradicionais, que têm espaços físicos e também aqueles que operam de forma on-line seguem em ascensão.

FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM
Brechó de roupas Peça Rara na Imbiribeira - FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM
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Brechó de roupas Peça Rara na Imbiribeira - FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM
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Brechó de roupas Peça Rara na Imbiribeira - FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM
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Brechó de roupas Peça Rara na Imbiribeira - FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM

“Cada vez mais percebemos a quebra de paradigma dos brechós. Recebemos várias pessoas na loja que perguntam qual a área do Brechó e ainda se impressionam que todas as peças são, na maioria, roupas usadas. É um mercado que ainda tem muito espaço para crescer e vemos que a nova geração já tem uma consciência maior sobre o meio ambiente e a importância da reutilização para ajudar o mundo”, conta Marcela Didier, dona da rede de brechós Peça Rara, que está instalado na Imbiribeira, Zona Sul do Recife, e deve inaugurar uma nova unidade na Zona Norte nos próximos dias.

Esta realidade já se reflete nos números. Segundo um levantamento do Sebrae, com base em dados da Receita Federal, a abertura de estabelecimentos que comercializam produtos de segunda mão teve um crescimento de 48,58%, entre os primeiros semestres de 2020 e 2021. Desta forma, o conceito de recommerce, ou comércio reverso, ganha espaço e abre portas a novas empresas.

Para a empresária e especialista no mercado de ‘second hand’, em meio à pandemia de covid-19, que trouxe efeitos danosos à economia, uma das maneiras de poupar encontrada pelas pessoas foi vender produtos que não usavam mais e que ainda tinham condições de uso, assim como a compra de artigos de segunda mão.

"Os valores revistos na pandemia do coronavírus, quando as pessoas confinadas, puderam rever valores e refletir que não valeria a pena estocar tantas coisas sem usa. Talvez, esse tenha sido um dos grandes motivos do sucesso dos second hand. As pessoas notaram a oportunidade de ganhar um dinheiro extra", diz Jacyrsa Salsa, que também comanda brechós na capital pernambucana ao lado da sócia Rochelle Tude.

O gerente de competitividade do Sebrae, Cesar Rissete, vai na mesma linha. “Tanto o apelo de preservação do meio ambiente quanto a pandemia do coronavírus fizeram com que as pessoas tivessem uma preocupação maior com o futuro e percebessem o valor dos produtos usados. Existem muitos que são praticamente novos, mesmo em produtos não tão duráveis como roupas, por exemplo”, observa o gestor.

Rissete destaca ainda que essa é uma tendência mundial e que pesquisas feitas em outros países comprovam que esse mercado ainda tem espaço para crescimento. Ele cita a pesquisa feita pela ThreadUP, uma das principais plataformas de revenda de roupas nos Estados Unidos, que apontou que os valores movimentados nesse segmento dobraram desde 2019 e a projeção é que tripliquem até 2025.

Planos para mercado

A pesquisa da ThreadUP também detectou que os principais varejistas de vestuário já estão planejando como potencializar esse mercado, e um dos caminhos escolhidos é a formação de parcerias. Para 60% deles, por questões logísticas, a forma mais viável de alcançar novos mercados é se unir às empresas já especializadas no segmento. Ainda assim, 28% dizem que pretendem estruturar uma operação própria.

Nesta esteira, em março de 2021, o Grupo Kering adquiriu 5% das ações da Vestiaire Collective (maior plataforma de re-sale da Europa), decisão tomada devido ao grande aumento da procura por peças de luxo de segunda mão, principalmente durante a pandemia e também com com o pensamento voltado para a moda sustentável.

Em julho, a Renner anunciou a compra da Repassa, espécie de brechó virtual fundado em 2015, marcando a entrada da maior varejista de moda brasileira no mercado de ‘second hand’. O negócio posiciona a companhia em um mercado que já movimenta R$ 7 bilhões por ano no Brasil.

FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM
Brechó de roupas Peça Rara na Imbiribeira - FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM

Até 2029, o second hand deve ultrapassar o fast fashion, tomando pelo menos 27% do guarda-roupa das clientes. Para isso, os empreendedores brasileiros precisarão de um excelente atendimento, muita comunicação e investimentos.

O economista e consultor em produtividade Werson Kaval, professor do Unit-PE, recomenda que eles façam um bom planejamento, que conheçam bem seu público e saibam de quem irão comprar os produtos. Além disso, a presença no mundo digital pode favorecer uma captação maior de clientes para que ocorra uma maior recorrência de compras das mercadorias.

“Ter uma boa vitrine digital é essencial e, por se tratar da venda de produtos usados, é importante que o empreendedor divulgue fotos com boa resolução e descrevam a real situação do produto. A tecnologia deve ser usada para incrementar as vendas”, destaca ele, sugerindo a presença também em plataformas como OLX e Mercado Livre.

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