CRISE

No Nordeste, 24% já deixam de comprar comida para ter energia em casa

Energia e gás são os grandes impactos no orçamento das famílias e têm levado a população a mudanças forçadas de hábitos

Lucas Moraes
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Lucas Moraes
Publicado em 04/01/2022 às 10:03 | Atualizado em 06/01/2022 às 11:19
DAY SANTOS/TV JORNAL
MANOBRA Quatro em cada dez brasileiros estão deixando de fazer compras para poder manter as faturas em dia - FOTO: DAY SANTOS/TV JORNAL
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Sacrifício é a palavra que define as manobras que as famílias brasileiras estão precisando fazer para garantir itens que estavam presentes em suas vidas há poucos anos atrás. Com o avanço da inflação, sobretudo originária da crise hídrica, com aumento da conta de luz, e o desarranjo produtivo de gás, que tem levado às alturas o gás de cozinha, não tem dado para manter o padrão de outrora e, consequentemente, tem se aberto mão de coisas essencialmente básicas. Só no Nordeste, 24% da população já admite deixar de comprar comida para pagar por energia elétrica.

Uma pesquisa da Inteligência em Pesquisa e Consultoria(Ipec), contratada pelo iCS (Instituto Clima e Sociedade) aponta que 10% de todas as famílias brasileiras já comprometem quase todo o orçamento para pagar as contas. Nesse cenário, quatro em cada dez brasileiros estão deixando de fazer compras para poder manter as faturas em dia. 

A pesquisa traça o panorama de que 40% dos brasileiros já deixa de comprar roupas, eletrodomésticos e sapatos para pagar as contas. Os itens citados podem passar facilmente a não estar presente no dia a dia das pessoas, porém está se abrindo mão inclusive de comida. Em todo o País, 22% das pessoas diminuíram a compra de alimentos básicos para garantir a energia em suas casas, índice que chega a 28% entre os nordestinos. Além disso, 14% deixaram de pagar contas básicas como as de água e gás encanado.

A pesquisa ouviu ao todo 2,2 mil brasileiro. Seis em cada dez entrevistados dizem ter gasto mais energia este ano, e nove em cada dez notaram o aumento na conta de luz. O governo federal (47%) e os governos estaduais (43%) são apontados como os principais responsáveis por esse aumento, seguidos pelas empresas de energia (32%) e as usinas hidrelétricas (20%).

Por outro lado, 71% afirmam não ter tomado conhecimento sobre as propostas do governo federal para a redução voluntária no consumo.

Não bastasse o aumento da energia, a alta no preço do botijão de gás é a mais sentida pela população: 52% dizem que, entre as fontes de energia (elétrica, gás encanado e botijão), o aumento do botijão foi o que mais pesou no bolso, e 42% apontam o da energia elétrica. Um em cada dez brasileiros passou a usar lenha para cozinhar, 6% passaram a usar carvão, e 4% o fogão elétrico.

A grande maioria (70%) considera que houve descaso do governo federal no enfrentamento da crise hídrica. E pensando no futuro, a pesquisa revela que o país não está otimista em relação ao impacto das mudanças climáticas: nove em cada dez (88%) avaliam que as mudanças climáticas estão impactando o regime de chuvas no Brasil, e para 56% dos brasileiros, as mudanças no clima vão piorar o volume de chuvas no futuro.

A falta de água preocupa a quase totalidade dos brasileiros: 78% dizem que se preocupam muito, 14% que se preocupam um pouco, e apenas 6% não se preocupam. Os mais preocupados são os mais escolarizados (84%), os que vivem no Nordeste (84%), nas periferias das grandes cidades (82%) e em municípios de porte médio (82%).

 

Captação solar conquista marco

O Brasil acaba de ultrapassar a marca histórica de 13 gigawatts (GW) de potência operacional da fonte solar fotovoltaica em sistemas de médio e pequeno portes instalados em telhados, fachadas e terrenos e em grandes usinas centralizadas, informou a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar).

De acordo com a entidade, desde 2012, a fonte solar já trouxe ao Brasil mais de R$ 66,3 bilhões em novos investimentos, R$ 17,1 bilhões em arrecadação aos cofres públicos e gerou mais de 390 mil empregos. Com isso, também evitou a emissão de 14,7 milhões de toneladas de CO2 na geração de eletricidade.

Para o presidente da Absolar, Rodrigo Sauaia, o avanço da energia solar no País é fundamental para o desenvolvimento social, econômico e ambiental do Brasil. A fonte ajuda a diversificar o suprimento de energia elétrica, reduzindo a pressão sobre os recursos hídricos e o risco de ainda mais aumentos na conta de luz da população com o uso de termelétricas

"As usinas solares de grande porte geram eletricidade a preços até dez vezes menores do que as termelétricas fósseis emergenciais ou a energia elétrica importada de países vizinhos atualmente, duas das principais responsáveis pelo aumento tarifário sobre os consumidores", disse Sauaia.

O Brasil possui 4,6 GW de potência instalada em usinas solares de grande porte, o equivalente a 2,4% da matriz elétrica do País Desde 2012, as grandes usinas solares já trouxeram ao Brasil mais de R$ 23,9 bilhões em novos investimentos e mais de 138 mil empregos acumulados, além de proporcionarem uma arrecadação de R$ 6,5 bilhões aos cofres públicos.

Atualmente, as usinas solares de grande porte são a sexta maior fonte de geração do Brasil, com empreendimentos em operação em nove Estados brasileiros, nas regiões Nordeste (Bahia, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Piauí e Rio Grande do Norte), Sudeste (Minas Gerais e São Paulo) e Centro-Oeste (Tocantins).

No segmento de geração própria de energia, são 8,4 GW de potência instalada da fonte solar. Isso equivale a mais de R$ 42,4 bilhões em investimentos, R$ 10,6 bilhões em arrecadação e mais de 251 mil empregos acumulados desde 2012, espalhados pelas cinco regiões do Brasil. A tecnologia solar é utilizada atualmente em 99,9% de todas as conexões de geração própria no País, liderando com folga o segmento.

Ao somar as capacidades instaladas das grandes usinas e da geração própria de energia solar, a fonte solar ocupa, agora, o quinto lugar na matriz elétrica brasileira.

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