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Boris Johnson visita países árabes em meio à alta de preços do petróleo

Boris Johnson chegou a Abu Dhabi para conversar com o príncipe herdeiro, Mohammed bin Zayed, e segue depois para Riade, em meio às tentativas do Ocidente de pôr fim à sua dependência do petróleo russo

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AFP

Publicado em 16/03/2022 às 10:34
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O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, iniciou nesta quarta-feira (16) uma visita aos Emirados Árabes Unidos (EAU) e à Arábia Saudita, em busca do aumento da produção de petróleo para controlar os preços, que dispararam desde o início da invasão russa da Ucrânia.

Boris Johnson chegou a Abu Dhabi para conversar com o príncipe herdeiro, Mohammed bin Zayed, e segue depois para Riade, em meio às tentativas do Ocidente de pôr fim à sua dependência do petróleo russo.

O premiê se reunirá com o líder saudita "de facto", o príncipe herdeiro Mohammed bin Salman, sendo um dos poucos governantes ocidentais a visitarem Riade desde o assassinato do jornalista saudita Jamal Khashoggi, em 2018.

Johnson prometeu abordar o tema dos direitos humanos com o príncipe Mohamed, mas também destacou a "relação muito importante" de Londres com os países do Golfo.

Segundo ele, sua visita também buscará aumentar os investimentos britânicos em energia verde. Entre eles, inclui-se o anúncio de 1 bilhão de libras (US$ 1,3 bilhão) do grupo de energia saudita Alfanar para um projeto de produção de combustível de aviação à base de resíduos.

"Não é apenas uma questão de olhar para os países da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) e ver o que podem fazer para aumentar a oferta, embora isso seja importante", disse Johnson à imprensa britânica.

"Quando olhamos a dependência que o Ocidente, em particular, desenvolveu dos hidrocarbonetos de Putin, do petróleo e do gás de Putin, podemos ver o erro que isso foi, porque ele pode chantagear o Ocidente", acrescentou.

Um porta-voz de Johnson disse que o primeiro-ministro também pedirá aos príncipes que condenem o presidente russo, Vladimir Putin, pelo ataque à Ucrânia.

Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos, dois dos maiores exportadores mundiais de petróleo, têm laços com Moscou e evitam se posicionar contra a Rússia.

Antes de embarcar para Abu Dhabi, Johnson insistiu em que o impacto do ataque "brutal e não provocado" da Rússia será sentido para muito além da Europa.

De acordo com Boris, à medida que as sanções ocidentais começarem a entrar em vigor, uma nova coalizão internacional será necessária para evitar seu impacto nos consumidores, já afetados pelo crescente aumento do custo de vida.

"Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos são parceiros internacionais chave nesse esforço", convocou, em um comunicado.

"Trabalharemos com eles para garantir a segurança regional, o apoio no esforço de ajuda humanitária e a estabilização de longo prazo dos mercados energéticos mundiais", frisou.

Johnson espera convencer o líder saudita a aumentar a produção de petróleo de seu país para ajudar a reduzir o preço desta commodity.

A Rússia é o maior produtor mundial de gás e o segundo maior de petróleo, perdendo apenas para a Arábia Saudita. Apesar disso, o Reino Unido planeja eliminar, gradualmente, suas importações de petróleo russo até o fim do ano, como parte das sanções adotadas contra a Rússia.

Em entrevista à AFP, Torbjorn Soltvedt, analista da Verisk Maplecroft, considerou, no entanto, que é difícil que Johnson consiga mudar a política saudita neste setor.

"A Arábia Saudita tem sido resistente, até agora, a se desviar do atual marco da Opep+, que contempla pequenos aumentos mensais na produção", explicou.

Já os Emirados Árabes Unidos - observa Soltvedt - "podem estar um pouco mais dispostos a abrir as chaves".

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