PREÇO DA GASOLINA vai AUMENTAR? Veja o que está em jogo e o que pode acontecer
A expectativa de aumento no preço da gasolina é justificada por analistas
Com Estadão Conteúdo
Com a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições 2022, a transição do governo do atual mandatário, Jair Bolsonaro (PL) tem sido alvo de especulações nas diversas rodas de conversas e redes sociais. Um dos principais assuntos é o preço da gasolina, que apesar de não ter relação direta com o governo, causa receio na população que ja espera alguma elevação de preço.
A expectativa de aumento no preço da gasolina é justificada em parte. Durante a reta final das eleições a Petrobras já vinha acumulando defasagem em relação aos preços praticados internacionalmente, indo de encontro à sua Polícia de Paridade Internacional (PPI). Mas é verdade que a gasolina vai subir mesmo?
Não há como ter uma reposta certeira, já que a Petrobras ainda não emitiu nenhum comunicado sobre reajustes.
Mas com os preços ainda congelados pela Petrobras, que alega utilizar outra fórmula para medir a defasagem de preços e relação ao mercado internacional, a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom) registrou, no fechamento na última quinta-feira 27, preços 20% menores para o diesel e de 18% para a gasolina no mercado brasileiro.
A estatal, há época estava há 56 dias sem alterar o preço da gasolina e há 38 dias sem reajustar o diesel.
Segundo apurou o Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado), o governo pressionou a empresa para manter os preços inalterados pelo menos até o fim do segundo turno das eleições, no próximo domingo.
Especialistas preveiam que após a eleição presidencial os preços deveriam subir, o que é negado pela Petrobras, que afirma que utiliza uma metodologia diferente para medir a defasagem e que seus preços, no momento, estão alinhados ao mercado internacional.
Para o presidente da Abicom, Sérgio Araújo, causa surpresa a empresa não fazer reajustes, após mais de 15 dias de defasagem nos preços dos combustíveis, já que quando o petróleo caiu de preço, em setembro, a estatal reduziu imediatamente tanto a gasolina como o diesel.
"Eu vejo com surpresa, porque, se olharmos para algumas semanas atrás, a Petrobras trabalhava com o preço acima da paridade nos cálculos da Abicom e, naquele momento, reduziu preços e passou a tangenciar as curvas do PPI (Preço de Paridade de Importação) preparadas por nós. Então não entendo essa diferença agora", disse Araújo.
Na prática, o executivo afirma que os parâmetros da Abicom bateram com os da Petrobras para a baixa de preços, e estranha que agora, sob pressão altista, o mesmo não aconteça. Com os preços atuais, os pequenos importadores associados da Abicom não têm condições de trazer os combustíveis de fora pela falta de competitividade.
De acordo com levantamento da Abicom, para alinhar os preços com o mercado internacional as refinarias brasileiras deveriam elevar, em média, a gasolina em R$ 0,75 por litro e o diesel em R$ 1,25 por litro - isso no fim de outubro.
O que diz a Petrobras sobre o preço da gasolina?
Na contramão de importadores de combustíveis e consultorias do setor, a Petrobras sustenta que seus preços para gasolina e diesel estão em linha com o mercado internacional.
Em meados de setembro, os preços dos combustíveis no mercado internacional voltaram a subir na esteira da cotação do barril de petróleo. Mesmo assim, a Petrobras ainda não reajustou o valor de seus produtos nas refinarias.
O País importa entre 20% e 30% do volume de diesel que consome. Ao praticar preços abaixo da paridade internacional, a Petrobras desestimula a atuação de importadores e aumenta o consumo de estoques.
Desde 2016, a Petrobras segue a política de preço de paridade internacional (PPI) e ajusta o preço dos combustíveis vendidos em suas refinarias ao preço de importação. Para tanto, considera fatores como valores praticados no exterior, principalmente no Golfo do México (EUA), frete e câmbio.
Quando a política do PPI foi adotada, sob a presidência de Pedro Parente, os preços eram atualizados diariamente, o que foi alvo de reclamações como o fim da previsibilidade para contratos na ponta da cadeia, como o frete de caminhoneiros. Nos anos seguintes, os reajustes passaram a ser cada vez mais espaçados e, sobretudo neste ano, sob pressão do Planalto.
PROTESTO DOS CAMINHONEIROS É PELA GASOLINA?
Diante da derrota do presidente Jair Bolsonaro (PL) nas urnas, caminhoneiros resolveram iniciar uma série de bloqueios em rodovias do País. O movimento foi iniciado desde a madrugada desta segunda-feira (31), e ainda segue com interdições em alguns trechos.
Apesar dos boqueios, o movimento é pontual, de acordo com lideranças dos próprios caminhoneiros.
Esse grupo de caminhoneiros estaria descontente com o resultado, e, de acordo com os líderes, "não refletem demandas da maior parte da categoria". Os líderes afirmam ainda que alguns atos envolvem manifestantes que sequer atuam como caminhoneiros.
"São pessoas que estão descontentes com o resultado das eleições. A gente está tentando levantar de onde está saindo o movimento", declarou o presidente da Associação Brasileira de Condutores de Veículos Automotores (Abrava), Wallace Landim, conhecido com Chorão.