Uma informação que chama atenção para a importância do Polo Automotivo de Pernambuco, que tem como mola propulsora principal a fábrica da Stellantis Goiana, está na mudança da pauta de exportações de Pernambuco ao longo dos anos, desde a implementação do complexo industrial.
Até 2015, o setor açucareiro e o de confeitaria lideravam as vendas para o exterior, uma tradição histórica e cultural do estado.
A partir de 2016, entretanto, a produção de veículos ganha protagonismo e passa a liderar as exportações de Pernambuco ou disputar o primeiro lugar na pauta com a venda de combustíveis minerais, segundo dados do Ministério da Economia, citados em levantamento da Consultoria Econômica e Planejamento (Ceplan).
O estudo salienta que o complexo industrial automotivo de Goiana não apenas gera empregos com a produção dos veículos, mas também contribui para a geração de conhecimento relacionado à indústria automotiva – aliando o Parque de Fornecedores (supplier park) que se instalou na região a uma das vocações do Estado, na área de Tecnologia da Informação – especialmente com a parceria da Stellantis com empresas do Porto Digital, que reúne 350 empresas e quase 15 mil trabalhadores.
Essa cadeia de fornecedores mostra resultados concretos ano após ano. De 2016 a 2019, por exemplo, segundo a Ceplan, as compras da fábrica realizadas aos fornecedores do supplier park representaram em torno de 30% do PIB de Goiana.
Além disso, entre 2015 e 2019, dos 14,3 milhões de veículos produzidos no Brasil, 7,3% saíram das instalações de Goiana, cuja participação no mercado aumentou de 2,4%, em 2015, para 13,2%, em 2021 – com os modelos Jeep Commander, Jeep Compass, Jeep Renegade e Fiat Toro.
“Nesses quase oito anos de produção, temos diversos casos de desenvolvimento local de processos e ferramentas que hoje já fazem parte do cotidiano de outras plantas do grupo ao redor do mundo. Estamos exportando know-how made in Pernambuco. Instalamos aqui a planta mais moderna e mais eficiente do grupo e continuamos focados em agregar novas tecnologias e processos, para permanecer na vanguarda mundial”, explica Mateus Marchioro, plant manager da Stellantis em Goiana.
Marchioro acrescenta que a indústria automobilística atravessa, no Brasil e no mundo, o mais rico período de transformação de sua história, num processo com várias etapas.
“Algumas tendências já estão claramente desenhadas. O futuro será da eletrificação, da direção assistida e autônoma, da conectividade, da descarbonização. De imediato, vamos evoluir para uma matriz múltipla de propulsão, em que conviverão motores a combustão menores e mais eficientes, motores a etanol, motores elétricos e sistemas híbridos que combinam eletrificação e etanol”, considera.
O executivo acrescenta que, à medida que a tecnologia se difunde, aumenta a escala de produção e os preços se tornam mais competitivos, permitindo que mais consumidores tenham acesso à nova tecnologia.
“A Stellantis projeta que, em 2030, todos os carros de suas marcas vendidos na Europa serão elétricos, índice que será de 50% nos Estados Unidos e de 20% no Brasil. A tendência é a eletrificação, mas devido ao custo elevado das soluções, ela não evoluirá de modo igual em todo o mundo. A Europa e China sairão na frente, seguida por Estados Unidos, e depois pelos demais mercados, incluindo o Brasil”, explica.
Neste sentido, a Stellantis já caminha com decisão no campo da eletrificação. No Brasil, a empresa lançou o Fiat 500e, o Peugeot e-208GT, o Peugeot 2008, além dos furgões Citroën Ë-Jumpy, o Peugeot e-Expert e o Fiat e-Scudo. E também trabalhou com lançamentos no ramo dos carros híbridos, através da marca Jeep, com o modelo Jeep Compass 4xe híbrido plug-in.
Marchioro explica que no caso do Brasil, a eletrificação avançará na forma de modelos híbridos, combinando propulsão elétrica e a etanol. “Esta é uma solução inteligente e natural, que se apoia numa vantagem competitiva nacional: a grande capacidade de produção e distribuição de etanol, que é de baixo impacto ambiental”, destaca.
É esse caminho de um futuro conectado com as necessidades ambientais e com as transformações tecnológicas que a Stellantis trilha, com uma mobilidade mais sustentável e segura. A empresa prevê a descarbonização total de suas fábricas até 2038 e a redução das emissões de CO2 pela metade em 2030.
“À medida que os carros se tornem mais limpos, também as fábricas mitigarão totalmente seu impacto ambiental”, finaliza Mateus Marchioro, lembrando que o Polo de Goiana e Pernambuco estarão numa das pontas dessa importante transformação.