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ESCOLA DE SARGENTOS EM PE: Setores apostam na academia para destravar economia local e gerar empregos

Com investimento previsto em R$ 1,8 bilhão, Escola de Sargentos do Exército em Pernambuco terá capacidade de dinamizar a economia do Estado, movimentando a cadeia produtiva de vários setores

Adriana Guarda
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Adriana Guarda
Publicado em 16/03/2023 às 19:24 | Atualizado em 22/03/2023 às 12:46
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Escola de Sargentos do Exército (ESE) será construída em área que já pertence à instituição - FOTO: Divulgação

Um empreendimento que promete alavancar, a hoje estagnada economia de Pernambuco, não é uma indústria, um grande projeto comercial ou uma obra de infraestrutura. Uma das apostas dos setores produtivos para animar a economia estadual nos próximos anos é uma espécie de "universidade militar". A Escola de Sargentos das Armas (ESA) do Exército vai receber investimento de R$ 1,8 bilhão e se instalar no município de Paudalho (Zona da Mata).    

Para efeito de comparação, o investimento é quase duas vezes o anunciado no final de 2022 pela Indústria de Bebidas Igarassu – Heineken (R$ 1 bilhão), na sua cervejaria em Pernambuco. A estrutura da Escola de Sargentos do Exército permitirá movimentar a economia em várias fases, da construção até seu funcionamento. 

"O que poucas pessoas sabem é que este não é um investimento qualquer. É um investimento bastante vultoso, que foi disputado por vários Estados e vai gerar um impacto muito importante na economia.  A Escola movimentará a economia de uma forma bastante ampla antes mesmo do início do seu funcionamento", explica o economista e professor da Universidade de Pernambuco (UPE), Sandro Prado. 

Ele também destaca que a contrapartida do governo de Pernambuco para o projeto, implementando obras de infraestrutura, vai repercutir em vários setores. "A construção da Escola aquece a construção civil e todos os demais setores de apoio como bares, restaurantes, lanchonetes, vestuário, meios de hospedagem, comercio informal e todo o tipo de serviço", detalha Prado.

O economista lembra que a economia de Pernambuco precisa muito de um empreendimento deste porte para aumentar a geração de empregos. Embora tenha registrado a menor taxa dos últimos 7 anos em 2022, no ranking nacional o Estado ocupa o segundo lugar, com taxa de 14,2%, mehor apenas que a Bahia, com 15,4%.

"Todo esforço para gerar postos de trabalho de forma perene ou permanente é válido para retirar um grande contingente de pessoas, de uma situação extremamente delicada de falta de perspectivas e insegurança alimentar. A ESA que, por mais de 70 anos, teve sua base no município mineiro de Três Corações trouxe mudanças significativas para o município do Sul de Minas, mesmo não sendo a única Escola de Formação de Sargentos, até então", analisa.

INDÚSTRIA E CONSTRUÇÃO 

O presidente do Comitê Empresarial da Indústria de Defesa (Comdefesa) da Federação das Indústrias de Pernambuco (Fiepe), José Antônio de Lucas Simon, comemora o potencial de geração de negócios que a Escola poderá induzir. 

"Estamos falando da maior Escola de Sargentos do Exército do Brasil, que vai ficar em Pernambuco. Isso trará uma injeção de capital muito grande e a economia local vai se beneficiar porque boa parte dos produtos e serviços serão consumidos localmente e as empresas serão responsáveis por parte do fornecimento. Vai mexer com toda a cadeia produtiva", afirma. 

Simon adianta que a ESA também estimulou a reabertura dos trabalhos do Empresarial da Indústria de Defesa (Comdefesa), que ficou sem função desde que a multinacional suíça Ruag anunciou a construção de uma fábrica de munições em Pernambuco, em 2017, mas no ano seguinte desistiu do negócio. 

"A indústria da Defesa movimenta R$ 3 bilhões por ano fornecendo para as Forças Armadas. E o fornecimento não é apenas de armas, mas de fardamento, serviços e muitos outros itens. O Comitê estava hibernando, mas voltou a atuar. Esperamos que o projeto da Escola ajude a redefinir o traçado do Arco Metropoliano e contribua para incentivar a expansão imobiliária naquela região", defende Simon. 

O projeto da ESA prevê a construção de 24 edifícios totalizando 576 apartamentos. A Escola terá capacidade para receber 6 mil estudantes por ano. 

O setor da construção civil vê com a ESA com uma oportunidade para voltar a crescer. "Nós vemos o projeto com  muito bons olhos, porque vai permitir incrementar os setores da construção e de materiais de construção, além da mão de obra. Nos últimos anos, além de sofrer o impacto da pandemia, a atividade também foi prejudicada pelas obras paradas", observa o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Pernambuco (Sinduscon), Antônio Cláudio Sá Barreto Couto. 

Na terça-feira (14), o Ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, se reuniu com parte da bancada federal de Pernambuco, em Brasília, para discutir a construção da Escola de Sargentos do Exército no Estado. A ausência da governdora Rauel Lyra e de representantes do governo foi criticada. O projeto depende de contrapartida estadual para sair do papel. 

Diante do momento da economia de Pernambuco, que cresceu apenas 0,7% no ano passado, ante 2,9% do Brasil, um empreendimento do porte da ESA não deve ser ignorado. "Não é apenas uma Escola é uma grande oportunidade para Pernambuco recuperar, em parte, sua economia e voltar para os trilhos do desenvolvimento econômico", resume o economista Sandro Prado.

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