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À espera do arcabouço fiscal, Banco Central mantém a Selic em 13,75%

É a primeira decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) desde a apresentação do novo arcabouço fiscal - regra que deve substituir o teto de gastos no controle das contas públicas

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Publicado em 03/05/2023 às 22:02
Marcello Casal JrAgência Brasil
No comunicado, o BC inseriu trecho de que a retomada do ciclo de ajuste é um "cenário menos provável" - FOTO: Marcello Casal JrAgência Brasil

O Banco Central resistiu às renovadas pressões do governo e manteve, por unanimidade, a taxa básica de juros (Selic) em 13,75% ao ano pela sexta vez seguida.

É a primeira decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) desde a apresentação do novo arcabouço fiscal - regra que deve substituir o teto de gastos no controle das contas públicas. A decisão, já amplamente esperada pelo mercado, mantém a Selic no maior nível desde janeiro de 2017.

Entre as justificativas, o Copom cita no comunicado como fatores de risco a maior persistência das pressões inflacionárias globais e a "incerteza ainda presente sobre o desenho final do arcabouço fiscal" em negociação no Congresso, sobretudo "seus impactos sobre as expectativas para as trajetórias da dívida pública e da inflação".

O BC reconheceu que a apresentação da proposta pela equipe econômica reduziu as incertezas no campo das contas públicas, assim como a reoneração dos combustíveis - decisão tomada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, no fim de fevereiro.

Por outro lado, o Copom repetiu que não há "relação mecânica entre a convergência de inflação e a aprovação do arcabouço fiscal".

Em meio à forte ofensiva do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de integrantes do governo pela redução dos juros, o BC manteve a estratégia de manutenção da Selic para alcançar a convergência da inflação para a meta em 2024, mas em contrapartida apontou menor chance de voltar a subir os juros caso a inflação não desacelere como o esperado.

Cenário avaliado pelo comitê

No comunicado, o BC inseriu trecho de que a retomada do ciclo de ajuste é um "cenário menos provável", embora tenha repetido que não hesitará em tomar essa decisão caso a inflação não ceda. O BC voltou a dizer que "a conjuntura demanda paciência e serenidade na condução da política monetária."

Desde a última reunião, em março, os membros do Copom têm reiterado que as condições para a queda dos juros básicos ainda não estão postas no Brasil.

O presidente do BC, Roberto Campos Neto, tem dito que a desaceleração da inflação tem sido lenta e que é preciso redução das expectativas inflacionárias, que já "fugiram" muito da meta.

Já o governo vê a manutenção dos juros em patamar elevado como um obstáculo extra para o crescimento da economia.

O aumento do juro básico da economia se reflete em taxas bancárias mais elevadas, embora haja uma defasagem entre a decisão do BC e o encarecimento do crédito (entre seis meses e nove meses).

A elevação da taxa de juros também influencia negativamente o consumo da população e os investimentos produtivos.

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