Apesar da pressão dos reajustes de medicamentos e de novo aumento nos alimentos, a inflação oficial no País desacelerou de 0,71% em março para 0,61% em abril, mostram os dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O resultado ficou próximo ao teto das estimativas dos analistas do mercado financeiro ouvidos pelo Estadão/Broadcast, que esperavam uma inflação entre 0,43% e 0,65%, com mediana positiva de 0,55%.
A taxa acumulada pelo IPCA em 12 meses desceu de 4,65% em março para 4,18% em abril, a mais baixa desde outubro de 2020. A meta de inflação para este ano perseguida pelo Banco Central é de 3,25%, que tem teto de tolerância de 4,75%.
Todos os nove grupos que integram o IPCA registraram altas de preços no mês de abril: saúde e cuidados pessoais (1,49%), alimentação e bebidas (0,71%), transportes (0,56%), despesas pessoais (0,18%), educação (0,09%), habitação (0,48%), comunicação (0,08%), artigos de residência (0,17%) e vestuário (0,79%).
O aumento nos gastos com saúde respondeu por praticamente um terço da inflação do mês. O resultado foi puxado pela alta de 3,55% nos produtos farmacêuticos, após a autorização do reajuste de até 5,60% no preço dos medicamentos, a partir de 31 de março.
O plano de saúde subiu 1,20%, incorporando as frações mensais dos reajustes dos planos novos e antigos para o ciclo de 2022 a 2023.
Embora a expectativa seja de que a taxa do IPCA em 12 meses volte a acelerar no segundo semestre, a perspectiva para a inflação à frente é "relativamente positiva" para os próximos meses, opinou André Cordeiro, economista do Banco Inter.
"Os preços das commodities como um todo vêm caindo e devem contribuir para o processo de desinflação nos próximos meses" disse Cordeiro, que mantém projeção de 5,6% para o IPCA de 2023.