Política fiscal

BC mantém juros em 13,75% ao ano mesmo com ofensiva do governo e do setor produtivo

A decisão desta quarta-feira, 21, que mantém a Selic no maior nível desde janeiro de 2017, já era amplamente aguardada pelo mercado financeiro

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Publicado em 21/06/2023 às 22:20
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Roberto Campos Neto tem sinalizado espaço para queda de juros à frente, mas tem pedido "paciência" e repetido que é só "um voto de nove" no colegiado - FOTO: ISAC NÓBREGA/PR

Sob renovada ofensiva do governo e do setor produtivo para a queda de juros, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central perseverou em sua estratégia e manteve a taxa básica de juros (Selic) em 13,75% ao ano pela sétima vez seguida -- ou mais de 10 meses. A decisão foi unânime.

A decisão desta quarta-feira, 21, que mantém a Selic no maior nível desde janeiro de 2017, já era amplamente aguardada pelo mercado financeiro. Dos 46 analistas consultados pelo Projeções Broadcast na última semana, 45 previam estabilidade dos juros básicos e apenas um projetava queda de 0,25 ponto porcentual, a 13,50%.

Apesar da manutenção, notícias favoráveis se acumularam desde a última reunião, em maio, em relação ao cenário inflacionário e aos riscos considerados pelo Copom.

Houve surpresa desinflacionária nos dados do IPCA de maio e as expectativas de inflação começaram a ceder de forma mais consistente, ainda que permaneçam acima da meta. Além disso, houve forte valorização da moeda brasileira, e o avanço do novo arcabouço fiscal reduziu a curva longa de juros.

No último Boletim Focus, a expectativa para o IPCA de 2023 era de 5,12% -- ainda acima do teto da meta (4,75%) --, contra 6,05% na pesquisa anterior ao Copom de maio. Já a projeção para 2024, foco da política monetária, cedeu de 4,18% para 4,00%, contra o centro da meta de 3,0%. No longo prazo, as expectativas estão em 3,80%.

Diante das "boas novas", o presidente do BC, Roberto Campos Neto, tem sinalizado espaço para queda de juros à frente, mas tem pedido "paciência" e repetido que é só "um voto de nove" no colegiado. Outros membros do Copom, como o diretor de Organização do Sistema Financeiro e Resolução, Renato Dias Gomes, afirmou que há "sinais preliminares" de melhoria. No mercado, a aposta é de queda da Selic em agosto.

"A conjuntura atual, caracterizada por um estágio do processo desinflacionário que tende a ser mais lento e por expectativas de inflação desancoradas, segue demandando cautela e parcimônia. O Copom conduzirá a política monetária necessária para o cumprimento das metas e avalia que a estratégia de manutenção da taxa básica de juros por período prolongado tem se mostrado adequada para assegurar a convergência da inflação", argumentou o Copom, sem dar qualquer sinal de redução da Selic no próximo encontro.

O BC repetiu ainda que irá perseverar até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas. O Copom abandonou, porém, a mensagem - já considerada pouco provável na última reunião - de que poderia inclusive voltar a subir os juros caso o processo de desinflação não transcorra como esperado.

"O Comitê avalia que a conjuntura demanda paciência e serenidade na condução da política monetária e relembra que os passos futuros da política monetária dependerão da evolução da dinâmica inflacionária, em especial dos componentes mais sensíveis à política monetária e à atividade econômica, das expectativas de inflação, em particular as de maior prazo, de suas projeções de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos", concluiu o comunicado.

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