A ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central realizada na semana passada deixou mais claro que há uma "porta aberta" para o início da queda dos juros em agosto.
Segundo o texto, divulgado nesta terça, a maior parte dos oito membros que participaram da reunião avaliou que a "continuação do processo desinflacionário em curso, com consequente impacto sobre as expectativas, pode permitir acumular a confiança necessária para iniciar um processo parcimonioso de inflexão na próxima reunião".
As pressões do governo e do setor produtivo para um corte de juros aumentaram ainda mais depois que o Copom, na reunião da semana passada, não só manteve a Selic em 13,75%, como também não indicou uma data para o início de um ciclo de afrouxamento monetário.
Agora, depois da divulgação da ata, o mercado já vê um novo cenário. "A porta já estava aberta, mas a ata coloca mais peso na bandeja de agosto", diz o economista-chefe da XP Investimentos, Caio Megale. A avaliação do economista Leonardo Costa, da Asa Investments, também é de um consenso para o início de cortes da taxa Selic na próxima reunião, em agosto. O economista ressalta, porém, que o início do afrouxamento monetário tende a ser bastante gradual, com uma primeira redução de 0,25 ponto porcentual.
João Maurício Rosal, economista-chefe da Terra Investimentos, vai na mesma linha. Ele aposta em uma redução inicial de 0,25 ponto porcentual, com a Selic fechando o ano em 12% - projeção que tem viés de baixa, segundo Rosal, caso o quadro da inflação seja mais benigno e permita que o tamanho dos cortes seja maior
O Banco Central deixou claro, no entanto, que o afrouxamento do grau de aperto monetário exige "confiança na trajetória do processo de desinflação", sob risco de, se feito de forma "prematura", provocar a retomada da aceleração inflacionária e a reversão do próprio processo de relaxamento monetário. Essa avaliação foi unânime dentro do comitê.
"O comitê, unanimemente, avalia que flexibilizações do grau de aperto monetário exigem confiança na trajetória do processo de desinflação, uma vez que flexibilizações prematuras podem ensejar reacelerações do processo inflacionário e, consequentemente, levar a uma reversão do próprio processo de relaxamento monetário."