Depois de participar do lançamento do Novo PAC, ao lado do presidente Lula (PT), no Rio de Janeiro, o vice-presidente e atual ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin (PSB), desembarcou no Recife nesta sexta-feira (11). Pontualmente, às 19h, já se encontrava no Salão de Eventos da Federação das Indústrias de Pernambuco (Fiepe) para conversar com empresários do Estado.
Convidado pela Fiepe, Alckmin veio discutir temas como conjuntura nacional e retomada da industrialização. Ele assumiu o Mdic, promentendo recuperar o protagonismo do setor, com maior participação no PIB e nas exportações, além de estimular o crescimento sustentável da atividade.
Anfitrião do encontro, o presidente da Fiepe Ricardo Essinger falou sobre a necessidade de promover uma neoindustrialização no setor. "Aqui em Pernambuco, a maior parte do parque industral é formada por micro e pequenas empresas", diz, fazendo referência às peculiaridades da atividade local. O empresário entregou um documento com demandas da indústria pernambucana, além de propostas nacionais.
Nas propostas para Pernambuco estão listadas seis empreendimentos: ferrovia Transnordestina, Refinaria Abreu e Lima, Arco Metropolitano, duplicação da BR-104, Adutora do Agreste e Metrotrec. Todas elas, inclusive, foram contempladas no pacote de obras do PAC para o Estado, que prevê um investimento total de R$ 91,9 bilhões. Já no plano nacional, a Fiepe defende o Programa de Modernização da Indústria, acesso ao crédito e Refis Nacional, além de comércio e integração internacional.
CONJUNTURA NACIONAL
Alckmin analisa que imposto, câmbio e juros são definidores da situação econômica. "O câmbio está competivivo; os juros estão altos, mas começaram a baixar; a reforma tributária vai ajudar a indústria, porque simplifica e desonera o setor", afirma.
Um das principais preocupações do setor atualmente é o que estão chamando de "desindustrialização precoce". A crise da covid-19, as graves mudanças climáticas e a guerra na Europa foram fazendo com que a atividade fosse perdendo força e participação no PIB. Hoje essa fatia fica entre 11,5% e 12%, enquanto a geração de impostos e outros benefícios é maior.
METAS PARA O SETOR
Alckmin defende uma série de medidas que podem contribuir para fortalecer a indústria e alçá-la a um outro patamar. Uma delas é a sustentabilida. "O Brasil tem muitas oportunidades nesta área. As alterações climáticas estão mostrando que o mundo precisa se 'descarbonizar'. E estamos neste caminho. Podemos apostar no mercado de carbono regulado; nas energias renváveis e nos biocombustíveis, com o SAF substituindo o querosene de avião, o biodieses e o hidrogênio verde", enumera.
Na avaliação do vice-presidente, o aumento da competitividade também passa pelo fechamento de mais acordos internacionais. "O mundo é globalizado, mas os acordos são intrarregionais. Diferente de outros blocos, compramos e vendemos poucos aos nossos parceiros do Mercosul, mas vamos avançar. Com Lula na presidência do Mercosul esperamos fechar um acordo com a União Européia e passar a fazer negócios em bloco com 27 países ricos", aposta.
Avançar na logística, com foco em portos, aeroportos e ferrovias e investir em inovação para estimular uma neoindústria capaz de acompanhar a nova economia e o novo emprego também estão na mira do Ministério.
Presidente emérito da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e um dos maiores conhecedores do setor no País, Armando Monteiro, destaca que os problemas acumulados nos últimos anos e o Custo Brasil frearam a modernização do parque industrial. "O setor sofreu uma depreciação acelerada. Hoje a idade média das máquinas do parque industrial no País é de 20 anos", lamenta.
Depois da passagem pela Fiepe, Alckmin participa de Seminário do PSB em Gravatá. No evento da Fiepe, o vice-presidente veio acompanhado do ministro de Portos e Aeroporto, Márcio França. Também participaram do encontro a vice-governadora Priscila Krause e o prefeito do Recife João Campos.
Com os anúncios do governo Lula, a expectativa do setor é que a atividade retome seu protagonismo no País.