A Febraban afirmou, nesta segunda-feira (14) que "não há qualquer pretensão de se acabar com as compras parceladas no cartão de crédito". A entidade alegou participar de grupos multidisciplinares que analisam as causas dos juros praticados e alternativas para um redesenho do rotativo, de um lado, e, de outro, o aprimoramento do mecanismo de parcelamento de compras.
O posicionamento da entidade que representa os bancos no País vem após uma série de especulações sobre ações que poderão ser adotadas junto ao governo federal para tentar reduzir a cobrança de juros à população e, consequentemente, reduzir o endividamento, estimulando o consumo.
A Febraban diz que nenhum dos modelos em discussão pressupõe uma ruptura do produto e de como ele se financia.
"Defendemos que o cartão de crédito deve ser mantido como relevante instrumento para o consumo, preservando a saúde financeira das famílias. Isso porque estudos indicam a necessidade de medidas de reequilíbrio do custo e do risco de crédito", garantiu.
Ainda segundo a Febraban, é necessário debater a "grande distorção que só no Brasil existe, em que 75% das carteiras dos emissores e 50% das compras são feitas com parcelado sem juros".
Os estudos da Febraban mostram, ainda, que o prazo de financiamento impacta diretamente no custo de capital e no risco de crédito, e a inadimplência das compras parceladas em longo prazo é bem maior do que na modalidade à vista, cerca de duas vezes na média da carteira e três vezes para o público de baixa renda.
"A Febraban continuará perseguindo uma solução construtiva que passe por uma transição gradual, para que se alcance a convergência que, ao mesmo tempo, beneficie os consumidores e garanta a viabilidade do produto para os elos que atuam na indústria do cartão de crédito, como bandeiras, bancos emissores, adquirentes (maquininhas), lojistas e consumidores".
MUDANÇAS NO PARCELAMENTO
O estudo da Febraban mostrou que a eliminação do parcelamento sem juros no cartão de crédito, definido pela entidade como “uma jabuticaba brasileira”, poderia reduzir pela metade o custo com o pagamento de juros nominais no País, dos atuais 12,42% ao mês, para os níveis praticados em outros países da América Latina, de cerca de 6,6% a.m.
O ministro da Fazenda, Fernanod Haddad, disse que o governo pretende apresentar uma proposta de aprimoramento do modelo dentro de um prazo de 90 dias.