Indústria automotiva

Em meio à polêmica dos incentivos fiscais, Stellantis anuncia marca de 1,5 milhão de veículos em Pernambuco

O Polo Stellantis de Goiana tem capacidade para produzir 280 mil veículos por ano e emprega 14,7 mil trabalhadores. Governadora Raquel Lyra terá que liderar uma articulação nacional para evitar que a Stellantis perca os incentivos fiscais e Pernambuco seja prejudicado

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Adriana Guarda

Publicado em 26/10/2023 às 13:30 | Atualizado em 26/10/2023 às 19:40
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A Stellantis - fabricante das marcas Jeep, Fiat e Ram no Polo Automotivo de Goiana - vai completar 10 anos em Pernambuco em 2025. Ao longo de quase uma década no Estado, a montadora revolucionou a balança comercial, alavancou os empregos, turbinou o PIB e transformou a economia da Zona da Mata Norte.

Nesta quarta-feira (25), a empresa anunciou a marca de 1,5 milhão de veículos fabricados em solo pernambucano. No mesmo dia, o relator da Reforma Tributária no Senado, Eduardo Braga, apresentou mudança no texto, deixando a Stellantis de fora da política de incentivos fiscais para o setor automotivo. 

O texto do senador diz que "só receberão o benefício os veículos que sejam dotados de tecnologia descarbonizante, ou seja, elétricos ou híbridos com motor a combustão, desde que utilizem álcool combustível também". Com uma das mais modernas da Stellantis no mundo, o Polo Automotivo de Goiana está se adaptando a essas tecnologias, mas não a tempo de se encaixar na Reforma. 

A governadora viu a mudança no texto com preocupação, sobretudo porque o tempo é curto até a data prevista para a votação. A expectativa dos líderes é que a proposta seja aprovada no dia 7 de novembro, na Comissão de Constituição e Justiça, e, depois, seja votada e aprovada até o dia 9 de novembro. Para evitar prejuízos à economia pernambucana, Raquel Lyra já está conversando com senadores, ministros e espera chegar ao próprio presidente Lula, que esteve em Goiana, visitando o Polo no mês de junho. 

GUGA MATOS/JC IMAGEM
Visita do presidente Lula à fábrica da Jeep em Pernambuco - GUGA MATOS/JC IMAGEM

O que existe hoje é uma disputa de lobbies no Congresso, com parlamentares contra e a favor dos incentivos fiscais. Pela regra atual, os incentivos à indústria automotiva se encerram em 2025, quando a Stellantis completa uma década em Pernambuco. Favorável à prorrogação do benefício, o senador Otto Alencar (PSD-BA) apresentou emenda à PEC 45, sugerindo prorrogação até 2032, mas com redução anual de 20% dos valores do benefício inicial. 

Com a emenda, o senador está defendendo os interesses da Bahia. Isso porque a prorrogação contemplaria a chinesa BYD, que comprou a antiga fábrica da Ford e, há duas semanas, iniciou obras de reforma para produzir veículos híbridos e elétricos. A empresa também faz defende a extensão do programa.  

CEPLAN E TENDÊNCIAS

Na guerra de argumentos, consultorias foram contratadas por atores contra e a favor dos incentivos. O relatório da Tendências aponta que a política de incentivos reduziu em R$ 43,9 bilhões a arrecadação federal e em R$ 25 bilhões os fundos constitucionais a Estados e municípios. Em Pernambuco, ainda de acordo com os dados, nos últimos cinco anos o Estado deixou de receber R$ 400 milhões do Fundo de Participação dos Estados (FPE). 

Já a Ceplan, traz um levantamento de 36 páginas, apontando os benefícos do Polo Automotivo de Goiana. Um dos destaques é o aumento da participção de Goiana na economia de Pernambuco. O município saiu da 13ª posição em 2010, com 0,83% do PIB estadual, para a 4ª posição em 2019, chegando a 5,17% do PIB pernambucano. Ainda em relação ao PIB, o índice estadual cresceu, entre 2015 e 2019, a uma média de 0,5% por ano. Enquanto isso, a área de influência do Polo, formada por 13 municípios, teve taxa anual de crescimento de 6,3%. Além disso, a instalação do projeto contribuiu também para a redução da criminalidade em 40% e a redução da evasão escolar.

A montadora também tem um papel fundamental na geração de empregos. Historicamente, Pernambuco está no TOP 5 do ranking de maior taxa de desocupação do País. Hoje o Polo emprega 14,7 mil trabalhadores, enquanto quando iniciou a operação eram 10,1 mil pessoas. A empresa também foi indutora de qualificação de mão de obra e, atualmente na região, esxiste uma massa crítica de profissionais melhores preparados para uma indústria de alta tecnologia. 

INVESTIMENTOS

O Polo de Goiana foi implantado com um investimento inicial de R$ 11 bilhões. Em 2018 teve início um ciclo adicional de investimentos, que prevê um aporte de R$ 7,5 bilhões até 2025, em desenvolvimento de produtos, Pesquisa&Desenvolvimento, sistemas de produção e capacitação de pessoas. Assim, os investimentos totalizam R$ 18,5 bilhões.

Por sua natureza, o Polo contribuiu para atrair fornecedores que precisaram ficar perto da fábrica. Dessa forma, o complexo reúne em um mesmo perímetro industrial uma planta de produção de automóveis e um Parque de Fornecedores com 18 empresas, ocupando uma área construída total de 530 mil metros quadrados. Atualmente, são 38 fornecedores instalados em Pernambuco e há negociações em curso para a ampliação da cadeia de suprimentos na região Nordeste.

PRODUÇÃO

A capacidade de produção do Polo Automotico é de 280 mil veículos por ano. Além de abastecer o mercado nacional, o Polo exporta para a Argentina, Chile e México, entre outros países da América Latina. Desde sua inauguração, já foram exportadas mais de 200 mil unidades. Em 2021, a montadora alcançou a marca de 1 milhão de veículos fabricados e esta ano alcançou 1,5 milhão. 

“Esse marco de 1,5 milhão de unidades produzidas é resultado dos investimentos em inovação e tecnologia e do esforço contínuo na qualificação de mão de obra. Esses são os diferenciais do Polo Stellantis de Goiana", declara Jasson Azevedo, plant manager do Polo Automotivo. "Esse sucesso nos estimula a continuar evoluindo na busca em excelência e qualidade, investindo no desenvolvimento de produtos, na melhoria de processos e, principalmente, nas pessoas”, destaca. 

 

 

 

 

 


 

 

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