Recife é a 6ª pior capital do Brasil na qualidade dos serviços públicos prestados à população, diz pesquisa
Pesquisa de Qualidade dos Serviços Públicos: capitais brasileiras, realizada pela ONG Agenda Pública, aponta o desempenho de 26 capitais e traz a percepção da população nas 10 maiores do País
Como vai a qualidade dos serviços públicos fornecidos à população nas 26 capitais brasileiras? A resposta no País demonstra uma insatisfação generalizada. No ranking realizado pela ONG Agenda Pública, responsável pela Pesquisa de Qualidade dos Serviços Públicos: capitais brasileiras, o Recife aparece como a sexta pior capital do Brasil, empatada com São Luís.
A Agenda Pública também realiza uma pesquisa de opinião com os usuários dos serviços públicos nas dez maiores capitais brasileiras para avaliar as percepções e opiniões das pessoas. No levantamento, o recifense se mostra bastante insatisfeito e acompanha uma tendência nacional, apontando violência, saúde e por má administração pública como os três maiores problemas dos municípios.
MAIS DEMANDA NA SAÚDE
O cientista político e diretor da Agenda Pública, Sergio Andrade, explica que nos últimos anos, a falta de crescimento econômico e a crise sanitária da covid-19 levaram a um aumento na demanda e frequência de utilização dos serviços públicos. São mais pessoas cancelando planos de saúde e utilizando o SUS ou benefícios de proteção social, por exemplo.
“O excesso de demanda nos serviços públicos nos últimos anos devido a crises, mudança no Ministério da Educação, e a falta de organização da saúde em nível federal no último governo, afetaram a oferta de serviços pelos municípios e ajudam a explicar a avaliação mais crítica dos cidadãos, captada pela pesquisa. É importante lembrar que o maior contingente de usuários de serviços públicos são as classes C-D-E. Cidadãos mais informados, uma realidade hoje, também costumam ser mais críticos", destaca.
Na enatrevisa com os recifenses, as dificuldades enfrentadas no sistema municipal de saúde aparecem em várias respostas. Quando questionados qual deveria ser a prioridade número 1 da prefeitura do município para melhoria do serviço público prestado, a resposta da maioria (21%) é diminuir as filas nos hospitais e postos de saúde. Depois aparece geração de emprego e qualidade do ensino.
SAÚDE CAUSA INSATISFAÇÃO GERAL
Quando perguntados qual das prioridades apresentadas o usuário considera como a mais importante, a principal resposta foi aumentar o número de médicos e profissionais de saúde nos postos de saúde. Nas oito perguntas sobre avaliação do sistema municipal de saúde, a resposta foi de insatisfação para todas elas.
Nos itens avaliados como insatisfatórios estão disponibilidade de medicamentos, disponibilidade de médicos, tempo de espera para a realização de consultas, tempo de espera para a realização de exames, quantidade de hospitais municipais, higiene das unidades de saúde, qualidade da infraestrutura das unidades de saúde, qualidade da infraestrutura das unidades de saúde. Para além da saúde, a avaliaçã do recifense também é negativa para mobilidade, educação e mercado de trabalho.
REDUÇÃO DAS FILAS DE ESPERA DO SUS
Procurada pelo JC para comentar o resultado da pesquisa, a Prefeitura do Recife respondeu por meio de nota encaminhada pela Secretaria de Saúde. A pasta informa "que vem alcançando significativos resultados na redução das filas de espera do SUS no município com a estratégia de mutirões e já alcançou diminuição de 52% da espera por exames e de 65% da fila por cirurgias".
Ainda segundo a nota, "para enfrentar a demanda reprimida por exames especializados e cirurgias eletivas, foram realizados, somente em 2023, três grandes mutirões de saúde: o de cirurgias ginecológicas, o de procedimentos oftalmológicos e o de exames de imagem e cirurgias gerais. O mais recente, ainda em curso, teve um investimento de R$ 51 milhões por parte da Prefeitura, para a oferta de 130 mil procedimentos em oito hospitais privados ou conveniados ao SUS. A força-tarefa dos mutirões prossegue até primeiro trimestre de 2024", diz.
De acordo com a gestão municipal, "a lista já foi zerada, por exemplo, para exames como eletrocardiograma e teste ergométrico. Outras ações estão em curso para ampliar oferta de serviços, reduzir o tempo de espera e proporcionar um atendimento humanizado e de qualidade ao cidadão do Recife. Entre elas, a ampliação da Atenção Básica para todo o território do Recife; a construção de novas unidades, a exemplo da Unidade Pública de Atendimento Especializado (UPAE) Doutor Cyro Andrade Lima, inaugurada ontem (13) e com capacidade para ofertar 400 mil procedimentos por ano. Além disso, está sendo elaborado um edital para contratação de mais de três mil profissionais de saúde até 2024", enumera.
"Vale lembrar que esses procedimentos haviam sido suspensos por determinação sanitária no período mais grave da pandemia, uma vez que o foco era prestar assistência aos pacientesdeCovid-19", conclui a nota.
NOTAS DAS CAPITAIS
No ranking do desempenho das 26 capitais apresentado pela Agenda Pública, o Recife aparece em 6º lugar, com a nota de 3,78, ao lado da capital maranhense. A melhor nota no geral do País é de Curitiba (6,72) e a pior é a de Belém (3,04).
Nas seis áreas avaliadas, as notas do Recife foram de 4,29 para educação; 3,63 para saúde; 2,67 desenvolvimento econômico; 4,56 para gestão da qualidade; 4,17 para mobilidade urbana e 3,40 para proteção social, resultando na nota geral de 3,78.