Segunda parcela do 13º salário deve injetar R$ 106 bi na economia
Diferentemente dos dois últimos anos, pesquisa revela que brasileiros devem ir às compras em vez de priorizar pagamento de dívida
Após dois anos de priorização ao pagamento de dívidas, os brasileiros devem impulsionar o comércio com a segunda parcela do 13º salário, que deverá injetar R$ 106,29 bilhões na economia nacional. De acordo com um estudo da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o pagamento total do 13º salário atingirá R$ 267,6 bilhões, um aumento de 6,2% em relação ao ano passado, descontada a inflação.
“A expectativa é que a injeção desses recursos contribua de maneira significativa para a retomada do setor comercial e impacte positivamente o crescimento econômico no País, em 2023”, destaca o presidente da CNC, José Roberto Tadros. O valor médio do benefício é de R$ 2.980, um avanço real em comparação aos R$ 2.882 pagos em 2022.
13º RESERVADO PARA COMPRAS
Em 2023, os gastos no comércio devem liderar o destino dos recursos, totalizando R$ 37,35 bilhões (35%). A quitação e o abatimento de dívidas absorverão 34%, chegando a R$ 35,97 bilhões, seguidos pelos gastos no setor de serviços (R$ 20,31 bilhões) e poupança (R$ 12,66 bilhões).
Com a primeira parcela depositada até 20 de novembro, a segunda metade do 13º salário se destaca como um estímulo importante para o setor comercial na reta final do ano. “A reversão da tendência de priorizar o pagamento de dívidas reflete não apenas a melhora das condições financeiras como também uma mudança no patamar de confiança na economia por parte dos consumidores", avalia o economista da CNC, responsável pela pesquisa, Fabio Bentes.
IMPACTO NO VAREJO
No varejo, os segmentos mais impactados pela injeção da segunda parcela do 13º salário em 2023 incluem hiper e supermercados (R$ 17,15 bilhões), combustíveis e lubrificantes (R$ 6,13 bilhões), lojas de vestuário e calçados (R$ 4,47 bilhões) e produtos de farmácia, perfumaria e cosméticos (R$ 3,86 bilhões).
Mais emprego e queda de juros melhoram o cenário do comércio
Diversos fatores provocam a mudança de comportamento dos consumidores em relação aos anos anteriores. Segundo Fabio Bentes, fazem parte das causas a expansão da renda e do emprego ao longo do ano e a redução da taxa de juros. Em setembro de 2023, o custo do crédito estava em 57,3%, indicando tendência de queda desde o pico registrado em maio deste ano (59,7% ao ano).
MANUTENÇÃO DE EMPREGOS E MAIS 13º SALÁRIO
Já o aumento dos valores do 13º salário é impulsionado diretamente pelo crescimento do emprego. A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADc) revela um avanço de 2,3% no contingente de trabalhadores com carteira assinada no setor privado nos últimos 12 meses até o terceiro trimestre deste ano, o que representa 1,14 milhão de novas vagas.
Os trabalhadores ativos representam 57% dos beneficiários (50,9 milhões), enquanto aposentados e pensionistas totalizam 38,9 milhões, com o valor médio mais elevado destinado aos aposentados e pensionistas do regime próprio da Previdência Social (R$ 6.031) e o menor aos trabalhadores domésticos (R$ 1.706).
“Para o comércio, a concentração da segunda parcela do 13º em dezembro é estratégica, marcando o período de maior aquecimento das vendas”, explica Fabio Bentes. Historicamente, o último mês do ano coincide com um aumento médio de 25% nas vendas, impactando especialmente setores como vestuário e calçados (80%), livrarias e papelarias (50%) e lojas de utilidades domésticas (33%).