AUMENTOS

Reajuste de plano de saúde para empresa deverá ser de 25%

Variação é alta como a do ano passado e quatro vezes acima da inflação geral em 2023

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JC

Publicado em 03/01/2024 às 18:40 | Atualizado em 03/01/2024 às 19:58
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Os planos de saúde empresariais deverão ter um reajuste médio de 25% este ano. A modalidade, que representa 70% do setor, terá aumento equivalente a quatro vezes a taxa da inflação, informa o Valor Econômico. Apesar de manter a mesma variação do ano anterior, a taxa segue alta.     

Os aumentos de 2023 e 2024 foram os maiores registrados desde 2018. “Acredito em estabilidade ou pequena melhora, o reajuste deve ser parecido com 2023”, disse Leonardo Coelho, vice-presidente da área de saúde da Aon, uma das maiores consultorias em gestão de benefícios", afirma.

De acordo com o estudo da Aon, um dos motivos que puxou o reajuste foi o aumento do custo médico, com uma variação média de 14% em 2023, praticamente repetindo o percentual de 2022. A visão é compartilhada por Thiago Torres, cofundador da consultoria Pipo, cuja expectativa é de uma melhora no nível de gastos com saúde mais para o segundo semestre de 2024.

Além do aumento nos custos e no volume de procedimentos médicos realizados, o último reajuste é explicado por um outro componente. Há planos de saúde com preços incompatíveis com o atual nível de despesas médicas e as operadoras estão aplicando majorações expressivas para compensar a diferença.

Esse descasamento começou em 2021, quando houve o reajuste negativo e as operadoras passaram a ofertar produtos precificados com base na sinistralidade de 2020. Na época, devido ao isolamento social, os gastos médicos despencaram. Em 2021, com uma sinistralidade ainda baixa, as operadoras comercializaram planos de saúde com valores reduzidos a fim de ganhar mercado tendo em vista a forte demanda por convênio médico diante da deflagração da covid.

NOVOS CLIENTES 

Em 2022, o setor teve um incremento de cerca de 1,3 milhão de novos usuários, mas por outro lado registrou prejuízo operacional de cerca de R$ 10 bilhões. Nos nove primeiros meses de 2023, as operadoras ganharam cerca de 750 mil novos clientes, mas tiveram prejuízo operacional de R$ 5,1 bilhões. Ou seja, é a metade do prejuízo e do volume de novos usuários apurados ao longo de 2022.

O aumento na base de usuários foi puxado, principalmente, pelos planos de saúde voltados à pequenas e médias empresas (PME), cujo preço inicial é menor e, em boa parte dos casos, adquirido por pessoas físicas que têm um CNPJ. O número de contratos de convênios médicos com até cinco vidas disparou 75% desde 2020. Essa modalidade teve reajuste de até 25% em 2023, sete pontos percentuais acima do aplicado em 2019.

Os planos de saúde vigentes antes da pandemia tiveram reajustes em patamares mais baixos e até queda de preço em 2021. O aumento aplicado no ano seguinte não compensou totalmente as despesas médicas. O vice-presidente da Aon lembra que, após a pandemia, o comportamento de uso do plano de saúde mudou, impactando o cálculo atuarial das operadoras.

Nesse cenário, a palavra de ordem no setor é manter a rentabilidade mesmo que essa medida represente perda de clientes, o que tem gerado uma queda de braço ainda mais acirrada entre as empresas contratantes e as operadoras de planos saúde. Essa foi a fotografia de 2023 e deve se repetir neste ano.

A Fenasaúde nega que o setor tenha ofertado planos de saúde subprecificados para aumentar participação de mercado e afirma que os reajustes são baseados em custo médico e frequência de uso dos planos de saúde. 

 

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