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Preço da cesta básica cai em 15 capitais em 2023. No Recife, a redução foi de 4,78%, a sexta maior do País

Levantamento do Dieese divulgado nesta segunda-feira (08/01) mostra que 15 capitais tiveram queda nos preços. As exceções foram de Belém e Porto Alegre, que fecharam o ano com alta nos preços dos produtos

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Adriana Guarda

Publicado em 08/01/2024 às 14:59 | Atualizado em 08/01/2024 às 15:01
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O preço da cesta básica caiu em 15 das 17 capitais pesquisadas pelo Dieese no Brasil em 2023, segundo pesquisa do Dieese divulgda nesta segunda-feira (8). O resultado deste ano foi bem diferente do registrado em 2022, quando o valor dos produtos subiu em todas as capitais brasieliras. 

As principais reduções acumuladas foram registradas em Campo Grande (-6,25%), Belo Horizonte (-5,75%), Vitória (-5,48%), Goiânia (-5,01%), Natal (-4,84%), Recife (-4,78) e Braília (-4,12). As únicas capitais que andaram na contramão da tendência nacional foram Belém (0,94%) e Porto Alegre (0,12%). 

O QUE INFLUENCIOU A QUEDA NO RECIFE

Em dezembro de 2023, o valor da cesta básica no Recife alcançou R$ 538,08. Isso representou uma redução de -2,35% em relação a novembro do mesmo ano (-R$ 12,96). No ano de 2023, a redução foi de -4,78% (-R$ 27,01), ficando entre as seis capitais com maiores quedas no Brasil.

No ano de 2023, a maioria dos itens que compõe a cesta básica apresentaram redução no preço médio: o óleo de soja (-23,26%), o feijão (-16,77%), o leite (-10,94%), o tomate (-9,20%), a carne (-8,92%), o café (-8,49%), a manteiga (-3,36%) e o pão (-0,45%). As elevações ocorreram para o arroz (22,73%), a farinha de mandioca (10,02%), a banana (9,52%) e o açúcar (3,02%).

Já entre novembro e dezembro, seis dos doze produtos que compõe a cesta básica do Recife apresentaram diminuição no preço médio: o tomate (-22,13%), a banana (-2,35%), o leite (-0,87%), o açúcar (-0,67%), a carne (-0,55%) e o café (-0,51%). Na lista dos que apresentaram aumento nos preços aparecem o feijão (10,43%), o arroz (4,46%), a manteiga (0,77%), o óleo de soja (0,40%) e o pão (0,07%). O preço da farinha de mandioca não variou no período em análise.

QUANTO A CESTA COMPROMETE DO SALÁRIO

Quando comparados o custo da cesta e o valor do salário mínimo líquido, ou seja, após o desconto referente à Previdência Social (7,5%), o comprometimento da renda com a compra dos produtos da cesta foi de 44,07% em dezembro de 2023 e  de 45,13% em novembro do mesmo ano. Já em dezembro de 2022, esse percentual foi maior, alcançando 50,40%.

Em dezembro de 2023, o trabalhador recifense remunerado pelo salário mínimo, comprometeu 89 horas e 41 minutos da jornada mensal para adquirir os gêneros essenciais, duas horas e nove minutos aquém do tempo registrado em novembro de 2023, quando foi de 91 horas e 50 minutos. Em dezembro de 2022, o tempo comprometido foi de 102 horas e 34 minutos, doze horas e cinquenta e três minutos além da jornada necessária no mês passado.

PRODUTOS QUE DERRUBARAM O PREÇO DA CESTA NO PAÍS

Entre dezembro de 2022 e 2023, o preço da carne bovina de primeira diminuiu em todas as cidades pesquisadas, com destaque para os decréscimos em Salvador (-12,96%), Campo Grande (-12,26%), Fortaleza (-12,01%), Goiânia (-11,84%) e São Paulo (-11,10%). O aumento da oferta de carne no mercado interno, a suspensão temporária da exportação para China e os altos preços ainda praticados explicam a redução do valor no varejo.

O preço do café em pó caiu em todas as capitais em 2023 e as variações oscilaram entre -19,36%, em Vitória, e -2,60%, em Belém. O aumento da safra de 2022/2023, em mais de 8% acima do esperado, diminuiu os preços do grão e do café em pó no varejo.

O óleo de soja também teve o valor reduzido em todas as cidades, entre dezembro de 2022 e dezembro de 2023. As variações negativas ficaram entre -33,04%, em Curitiba, e -22,65%, em Fortaleza. Depois da alta nos anos anteriores, a queda ocorreu porque a produção brasileira e mundial de soja bateu recorde em 2023 e conseguiu cobrir a menor oferta em outros países, como os EUA. O excesso de grãos reduziu o preço, também do óleo de soja, apesar da firme demanda externa.

MAS TEVE ALTA ANOS PREÇOS TAMBÉM

O valor do quilo do arroz agulhinha subiu em todas as cidades, entre dezembro de 2022 e dezembro de 2023. As variações oscilaram de 11,16%, em Belém, a 44,52%, em Goiânia. Maior demanda, interna e externa, principalmente a partir do segundo trimestre, elevou os preços do grão.

O preço do feijão tipo preto, pesquisado nas cidades do Sul e em Vitória e no Rio de Janeiro, acumulou alta de até 23,12%, em Florianópolis; 15,05%, em Curitiba; 14,32%, em Porto Alegre; 10,90%, no Rio de Janeiro; e, 7,77%, em Vitória. A menor oferta e a maior demanda, principalmente a partir do segundo trimestre de 2023, encareceram o valor do grão.

No caso da farinha de mandioca, coletada no Norte e no Nordeste, as altas de preços superaram 10% em todas as cidades, chegando a 20,39%, em João Pessoa. A exceção ocorreu em Fortaleza (-3,93%). Mesmo com o aumento da área plantada e da produtividade, que elevaram a oferta da raiz, o preço médio da farinha subiu no Norte e no Nordeste, puxado pela demanda firme, pela entressafra e pela instabilidade do clima, principalmente no Pará, um dos maiores produtores do País.

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