SANEAMENTO BÁSICO

Pernambuco tem o segundo pior racionamento de água do Brasil, melhor apenas que o Acre, diz estudo

De cada 100 residencias em Pernambuco, 65 não recebe água com regularidade, segundo estudo do Trata Brasil. Estado precisa realizar pesados investimentos em infraestrutura para garantir que a água chegue a torneira da população

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Adriana Guarda

Publicado em 26/01/2024 às 21:44
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Quem vive em Pernambuco sabe que ter água na torneira não é algo habitual. A rotina é enfrentar um duro calendário de racionamento, contando os dias para a água chegar. Estudo do Instituto Trata Brasil, organização da sociedade civil que busca a universalização do saneamento básico no País, confirma a realidade no Estado. Intitulado “A vida sem saneamento: para quem falta e onde mora essa população?“, o levantamento mostra como a população sofre com privações no acesso a água e esgoto. 

No Brasil, quase metade das moradias brasileiras - 46,3% - possuem algum tipo de privação de saneamento básico. A pesquisa considera cinco categorias de privações: privação de acesso à rede geral de água; frequência de recebimento insuficiente de água potável; disponibilidade de reservatório; privação de banheiro; e privação de coleta de esgoto. 

Em Pernambuco, um fantasma conhecido da população aparece em destaque negativo no estudo. O Estado é o segundo do País, melhor posicionado apenas que o Acre, na frequencia de recebimento de água na torneira. De cada 100 moradias pernambucanas, 65 não recebem água com regularidade.

A privação de água foi o tema do debate da Rádio Jornal na quarta-feira - 24 -, com participação do secretário executivo de Recursos Hídricos e Saneamento de Pernambuco, Arthur Coutinho, da presidente executiva do Trata Brasil, Luana Pretto, e do professor do Programa de Pós-Graduação em Geografia do Departamento de Ciências Geográficas da UFPE, Osvaldo Girão.

'Chamou atenção a frequencia com que a água chega na torneira da população de Pernambuco, que está entre os cinco Estados com pior frequencia de recebimento do País. O Estado também tem acesso á água inferior á média do Brasil. Enquanto nacionalmente 15 por cento das pessoas não tem acesso água, em Pernambuco essa fatia sobe para 19,5, o equivalente a 1,8 milhão de pessoas', destaca Luana. 

DÉFICIT HÍDRICO 

A pergunta que se faz é porque Pernambuco tem uma condição tão adversa. O professor da UFPE, Osvaldo Girão apresenta algumas explicações. 'O estado tem uma geografia alongada, o que dificulta a distribuição. A região do litoral tem mais precipitação do que o agreste e o sertão. Além disso, não há rios de grande porte, grandes áres de armazenamento e estruturas de distribuição. Tudo isso faz com que a oferta de água diminua, provocando racionamento. O aumento do investimento público pode minimizar o problema', defende. 

O secretário Arthur Coutinho destaca que o governo de Pernambuco vem realizando investimentos em infraestrutura, mas que a demanda cresceu bastante com a aprovação do Novo Marco do Saneamento, de 2020, que estabelece a universalização do saneamento básico no Brasil até 2033. 'Para alcançar a meta teremos que fazer investimento entre RS 27 bilhões e RS 30 bilhões. É um volume muito grande, por isso estamos buscando a iniciativa privada para investir na distribuição, por meio da concessão dos serviços', diz. 

BENEFÍCIOS DO SANEAMENTO

Luana, do Trata Brasil, observa que investir em saneamento básico traz benefícios socias e economicos. Em um dos estudos realizados pela organização, Pernambuco foi analisado em destaque. 'Fizemos um estudo específico dos benefícios para o estado. Dentre as vantagens aparecem a reducao dos custos com saude,  aumento de produtividade, valorização imobiliária e ganho com o turismo', enumera. 

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