Governo e setor produtivo apostam que 2024 será o momento de destravar a economia de Pernambuco
Depois de um ano difícil em 2023 para "organizar o Estado", 2024 será o momento de iniciar um novo ciclo de desenvolvimento econômico. As perspectivas da economia pernambucana foram discutidas em debate da Rádio Jornal
O ano de 2023 foi desfiador para a economia pernambucana. O exercício marcou a virada de 16 anos de gestão de um grupo político, o PSB, para a gestão da primeira governadora eleita do Estado, Raquel Lyra (PSDB). Além de "arrumar a casa", a chefe do Executivo imprimiu uma nova filosofia de governar. Depois dos ajustes do ano passado, a expectativa é que o desempenho econômico avance com mais força em 2024.
Como destravar a economia pernambucana e torná-la mais competitiva foi o tema do debate da Super Manhã, da Rádio Jornal, desta segunda-feira (29). Para discutir o tema, a comunicadora Natalia Ribeiro contou com convidados com o secretário de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco, Guilherme Cavalcanti, com o presidente da Federação das Indústrias de Pernambuco (Fiepe), Ricardo Essinger, e da presidente interina do Sindicato da Construção Civil de Pernambuco (Sinduscon-PE), Betinha Nascimento.
O secretário destaca que além da adaptação da máquina do Estado a uma nova filosofia, o governo Raquel Lyra enfrentou desafios orçamentários. "Em função da contabilidade púublica de 2022 perdemos a Capag B (capacidade de adquirir empréstimos com o aval da União). Por conta disso, tivemos um esforço muito grande de, ainda 2023, viabilizar empréstimos da ordem de R$ 3 bilhões que fizemos para poder dar uma melhorada na infraestrutura do nosso Estado", pontua.
Cavalcanti lembra que a governadora recebeu o Estado com um déficit de R$ 300 milhões nas contas e com um conjunto de compromissos para pagar avaliados em R$ 2 bilhões e sem previsão no orçamento para arcar com as despesas. Arrumada a casa, o secretário acredita que será possível captar novos empreendimentos e realizar investimentos em infraestrutura para iniciar um novo ciclo de investimentos em Pernambuco.
MORADIAS E CONSTRUÇÃO
Assim como o governo aposta que 2024 será um ano melhor para Pernambuco, representantes do setor produtivo também estão otimistas com o desempenho deste exercício. Betinha Nascimento, do Sinduscon, diz que o setor aguarda por uma retomada após os anos difíceis da pandemiia da covid-19 e com a volta de programas de habitação, com oportunidades nos âmbitos municipal, estadual e federal.
"Com o programa Morar Bem Entrada garantida (criado pelo Estado), a Ademi fez um estudo muito bom com um economista e comprovou que a cada R$ 200 milhões que o governo do Estado colocar na construção civil, isso vai repercutir em R$ 320 milhões no ICMS, considerando os efeitos diretos e indiretos no cenário econômico", observa Betnha.
Segundo o governo do Estado, o déficit habitacional de Pernambuco é de 326 mil moradias, sendo que 70% deste total está na Região Metropolitana do Recife (RMR). O Plano Plurianual prevê um orçamento de R$ 1 bilhão para habitação até 2027.
IMPACTO DOS TRIBUTOS
O setor industrial demonstrou preocupação com o aumento da alíquota de ICMS em Pernambuco, que passou de 18% para 20,50% a partir de 2024. "Nós do setor industrial temos uma preocupação muito grande com esse aumento de tributo, porque pode ser que em um momento crie até um aumento de arrecadação no Estado, mas não se sabe exatamente como é que vai ser essa partilha. Estados como São Paulo, Santa Catarina e Paraná estão faturando mais e conseguindo atrair negócios", alerta o presidente da Fiepe.
GRANDES EMPREENDIMENTOS
Apesar de preocupações com a tributação e o receio de queda na competitividade, um ponto de convergência entre o governo e o setor produtivo é o avanço de empreendimentos que estavam parados e o empenho político para que outros negócios fiquem no Estado. Um dos exemplos foi a manutenção dos incentivos fiscais para o Polo Automotivo de Pernambuco , liderado pela montadora Stellantis e que poderia se acabar em 2025, mas foi mantido até 2032.
A Refinaria Abreu e Lima, que quase chegou a ser vendida na gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro, terá o primeiro trem (primeiro conjunto de unidades) finalizado e o segundo trem (segundo conujunto) retomado e concluído. A estimativa da Petrobras é que o investimento na obra fique entre R$ bilhões e R$ 8 bilhões, com a geração de 10 mil empregos diretos e outros 30 mil indiretos.
A refinaria vai conribuir para turbinar a movimentação de cargas do Porto de Suape, que também está em processo de expandão, com a implantação de um segundo terminal de contêineres, a aposta no hirogênio verde e outros negócios.
Outro empreendimento que Pernambuco perdeu na gestão Bolsonaro, mas voltou no governo Lula foi o trecho Salgueiro-Suape da ferrovia Transnordestina. Graças à pressão política da governadora e dabancada pernambucana, o presidente Lula decidiu bancar o trecho com recursos federais, se não houver interessados da iniciativa privada. Diante de tantas oportunidades, a expectativa é que a economia de Pernambuco incie um novo ciclo de crescimento.