Isenção do ICMS para o gás natural no Polo Gesseiro do Araripe vai reduzir o preço em pelo menos 20%
Em um primeiro momento, o gás natural será levado de caminhão na forma comprimida para atender as indústrias do Sertão do Araripe. Em uma segunda fase, uma rede de 9,2 km e dois terminais de regaseificação vão garantir o fornecimento
A partir de abril, as indústrias do Polo Gesseiro do Araripe (no Sertão Araripe) começam a receber gás natural fornecido pela Companhia Pernambucana de Gás (Copergás). Em uma articulação que envolveu oito órgãos do Governo do Estado foi possível zerar o ICMS do insumo e estruturar a logística para chegar a 680 km do Recife. A desoneração do imposto vai garantir uma redução de pelo menos 20% no preço do gás comercializado no Araripe.
Na terça-feira (6), a governadora Raquel Lyra e a vice Priscila Krause estiveram em Araripina para anunciar a chegada do gás, aguardada há décadas pelas empresas do setor. A região é responsável por 97% de todo o gesso produzido no Brasil e a gipsita (matéria-prima do gesso) encontrada nos municípios de Araripina, Bodocó, Exu, Ipubi, Santa Filomena e Trindade, é considerada de alta qualidade, com a pureza do minério variando entre 88% e 98%.
O maior desafio do polo hoje é a energia utilizada para mover as calcinadoras (que queimam a gipsita para transformar em gesso). Na prática, sem a calcinação não tem gesso. Atualmente a queima é feita com lenha. Ao longo dos anos, além de desmatar a caatinga foi ficando mais caro e mais difícil conseguir o insumo.
As empresas precisam buscar a lenha de caminhão, a uma distância de 400 km a 450 km, em municípios do Piauí, Ceará e Maranhão. Não há disponibilidade nas redondezas e o custo do frete de caminhão onera o produto. A chegada do gás natural com isenção do ICMS vai permitir maior competitividade às indústrias, além de ter um componente de sustentabilidade, evitando o desmatamento e a queima da lenha.
PREVISÃO DE ENTREGAS
O presidente da Copergás, Felipe Valença, explica que em um primeiro momento será realizado um projeto piloto. "Vamos fazer um teste durante três meses, levando gás natural comprimido (GNC) para o Polo Gesseiro. O GNC não precisa ser regaseificado", observa. Este piloto vai permitir acompanhar o interesse e o consumo das empresas, além de avaliar a logística.
Paralelamente ao projeto piloto será implantada a rede local de gás natural, com estrutura semelhante as que funcionam hoje em Garanhuns, no Agreste, e Petrolina, no Sertão do São Francisco. O gás será transportado de caminhão até o Sertão do Araripe, em sua forma liquefeita, e voltará a sua forma gasosa em dois terminais de regaseificação, que serão instalados em Araripina e Trindade. A partir desses terminais, será distribuídos para os demais municípios da região, por meio de uma rede de 9,2 km. Toda essa estrutura vai demandar um investimento de R$ 6 milhões.
DISTÂNCIA DAS INDÚSTRIAS
Um dos pontos que precisou ser avaliado pela Copergás antes de disponibilizar o gás para a região foi a característica do Polo Gesseiro foi a distância das indústrias de uma para a outra, que é grande e não configuram conglomerados. "Em função dessa característica precisamos fazer um georreferenciamento para identificar onde tinha mais densidade. A partir disso, a rede vai se instalar onde pelo menos 50 indústrias estão mais próximas. Isso signiifica que elas têm potencial para consumir um terço do volume disponível", destaca o presidente da Copergás.
O Polo como um todo tem capacidade para consumir cerca de 320 mil metros cúbicos de gás natural por dia. Isso equivale a 20% do volume distribuído hoje pela Copergás e superior a outras distribuidoras de gás natural. A Companhia irá recolher cartas de adesão ao novo projeto.
EXPANSÃO DA REDE
A previsão da Copergás é iniciar as obras da rede local no final deste ano para tornar a base operacional a partir do primeiro semestre de 2025. A implantação de redes locais é uma alternativa para antecipar a demanda dos clientes nos municípios, enquanto a rede de gasodutos da companhia avança. Atualmente a rede chega até Belo Jardim, no Agrste, e a previsão é que entre o final de 2025 e o início de 2026 esteja em Arcoverde.
Em outubro de 2023, a governadora anuniou um investimento de R$ 100 milhões na rede de gasodutos, em vários municípíos pernambuanos.