Brasil e França reforçam pressão no FMI por taxação internacional dos mais ricos
Os ministros da Fazenda do Brasil, Fernando Haddad, e das Finanças da França, Bruno Le Maire, estiveram nesta quarta-feira (17) na sede do Fundo Monetário Internacional (FMI), em Washington
A comunidade internacional deve fazer mais para que as empresas e os indivíduos mais ricos do planeta paguem sua parcela "justa" de tributos, coincidiram, nesta quarta-feira (17), os ministros da Fazenda do Brasil, Fernando Haddad, e das Finanças da França, Bruno Le Maire, na sede do Fundo Monetário Internacional (FMI), em Washington.
O Brasil, que preside o G20 este ano, vem pressionando o grupo de países, que juntos detêm 80% da economia global, para adotarem até o verão boreal uma posição comum para evitar a evasão fiscal dos bilionários.
"A tributação internacional não é somente o tema preferido de economistas progressistas, mas uma preocupação fundamental que está no cerne da questão macroeconômica global", declarou Haddad durante um painel do FMI.
"Sem cooperação internacional, aqueles que estão no topo [em termos de riqueza] continuarão a evadir impostos", pois "sem cooperação internacional há limites para atuação dos Estados nacionais", acrescentou o ministro da Fazenda, que pediu aos países "sistemas tributários justos, transparentes, eficientes e mais progressistas" para que o sistema seja "mais justo".
Na mesma linha, seu contraparte francês reiterou os apelos para a criação de um imposto mínimo global e para a implementação de medidas enérgicas contra a evasão fiscal.
A França está entre as economias do mundo desenvolvido que declararam apoio a uma taxação mínima global de 15% e já implementou uma tarifa mínima sobre as gigantes tecnológicas globais.
"O futuro do mundo não pode ser uma corrida para o último lugar", disse Le Maire. "O mesmo vale para a taxação."
Em janeiro, a União Europeia adotou uma taxação mínima de 15% sobre empresas multinacionais ativas nos 27 países-membros.
Segundo a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), um imposto global mínimo poderia render uma receita adicional de US$ 200 bilhões (pouco mais de 1 trilhão de reais) por ano.
Le Maire também fez um apelo aos mais ricos do mundo. "Todos devem pagar sua parcela justa de impostos", afirmou.
Considerando que há cerca de 3.000 super-ricos no mundo, um imposto de 2% geraria receitas adicionais de cerca de US$ 250 bilhões (R$ 1,3 trilhão), segundo o economista francês Gabriel Zucman.