Empresas de cidade pernambucana incluem Bolsa Família como fator de dificuldade para contratar

De acordo com a pesquisa, 100% das empresas relataram enfrentar algum nível de dificuldade na contratação de colaboradores qualificados

Publicado em 03/08/2024 às 9:37 | Atualizado em 03/08/2024 às 9:39

Santa Cruz do Capibaribe, considerada 'cidade-mãe do Polo de Confecções de Pernambuco', enfrenta um grande desafio no mercado de trabalho local. Uma recente pesquisa realizada pela Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) em julho de 2024, que envolveu 139 empresas do município, revelou que oito em cada dez empresas estão atualmente em busca de novos colaboradores. No entanto, encontrar candidatos qualificados tem se mostrado uma árdua tarefa para os empreendedores.

A DIFICULDADE DE ENCONTRAR MÃO DE OBRA QUALIFICADA

De acordo com a pesquisa, 100% das empresas relataram enfrentar algum nível de dificuldade na contratação de colaboradores qualificados. Um alarmante 94% das empresas afirmaram ter muita dificuldade, enquanto 6% disseram enfrentar pouca dificuldade.

Mesmo para posições que não requerem experiência ou qualificação prévia, a situação não melhora substancialmente. Cerca de 78% das empresas ainda consideram muito difícil encontrar esses colaboradores, com 21% indicando uma leve redução na dificuldade e apenas 1% afirmando não ter problemas.

CAUSAS DA ESCASSEZ DE MÃO DE OBRA QUALIFICADA

Diversos fatores contribuem para essa crise de contratação. Os entrevistados destacaram:

  • Programas sociais como o Bolsa Família - Embora essenciais para o suporte social e injeção de dinheiro na economia real, esses programas têm sido vistos como um desincentivo ao trabalho formal para alguns segmentos da população.
  • Desinteresse dos jovens - Muitos jovens parecem evitar a responsabilidade e o compromisso de um emprego formal.
  • Facilidade de empreender - A forte cultura empreendedora em Santa Cruz do Capibaribe e a facilidade de começar um negócio no município, tem levado muitas pessoas a optarem por empreender em vez de buscar empregos formais.
  • Desequilíbrio entre oferta e demanda - O número elevado de empresas na região supera a disponibilidade de mão de obra qualificada.
  • Baixa qualificação - A falta de qualificação é um problema persistente, com a maioria das pessoas na região não possuindo as habilidades necessárias.
  • Falta de interesse em educação - Há uma percepção de que os jovens não estão suficientemente engajados em estudar e se qualificar.
  • Horários incompatíveis -As empresas enfrentam desafios em conciliar horários de trabalho com os horários de creches e escolas, dificultando a vida dos pais que trabalham.
  • Infraestrutura de capacitação insuficiente - A escassez de estruturas adequadas para capacitação agrava a situação, com as poucas existentes sendo deficientes. O fechamento da Escola do Senai em Santa Cruz agravou ainda mais essa situação.
  • Preferência pelo trabalho autônomo - Muitos optam por ser autônomos, evitando o emprego formal.


AS PROFISSÕES MAIS PROCURADAS

O estudo também revelou um ranking dos profissionais mais difíceis de encontrar no mercado local. É interessante observar que a lista não tem as badaladas “novas profissões”, normalmente ligadas ao mundo digital. É um ranking composto por profissões mais tradicionais. Aqui estão os 20 profissionais mais procurados, com destaque para os dois primeiros colocados (vendedor e costureira), que foram de longe os mais citados pelos entrevistados:

  • 1 - Vendedor
  • 2 - Costureira
  • 3 - Gerente
  • 4 - Secretária
  • 5 - Estoquista
  • 6 - Caixa
  • 7 - Auxiliar de produção
  • 8 - Serviços gerais
  • 9 - Motorista
  • 10 - Garçom
  • 11 - Auxiliar de cozinha (restaurantes, bares e lanchonetes)
  • 12 - Cortador/enfestador
  • 13 - Auxiliar de escritório (administrativo, contabilidade, arquitetura)
  • 14 - Diarista
  • 15 - Pedreiro
  • 16 - Professor
  • 17 - Profissional para acabamento em confecção
  • 18 - Estampador
  • 19 - Servente de pedreiro
  • 20 - Operador de máquina de bordar

 

Tags

Autor