Cobrança de tarifas na conversão do câmbio: o que os bancos não te contam

Saiba como as tarifas escondidas impactam suas transações de câmbio e veja dicas para evitar custos inesperados

Publicado em 09/08/2024 às 6:00

Imagine que você precisa fazer uma remessa internacional e, ao pesquisar na internet a cotação atual do dólar ou de qualquer outra moeda, você encontra um valor muito animador. Entretanto, ao efetuar a movimentação de valores, você se depara com um custo total maior que o esperado. Estranho, certo? Mas não é incomum.

No Brasil, uma legislação do mercado de câmbio, de 2022, passou a exigir a divulgação ao consumidor do custo das transações com moedas estrangeiras por meio do “VET” (Volume Efetivo Total), que inclui tarifas cobradas, a taxa de câmbio e o imposto sobre operações financeiras (IOF).

Contudo, a legislação ainda não aponta a taxa de câmbio a ser utilizada pelos provedores desse serviço, permitindo que as empresas ocultem tarifas no valor da taxa de câmbio. Exigir transparência nesse campo é imprescindível para incentivar a competitividade e reduzir os custos para o consumidor final: você.

Compreendendo as tarifas ocultas

A Wise divulgou um relatório realizado pela Alderson Consulting sobre a transparência nos serviços de câmbio no Brasil. Dos sete provedores brasileiros analisados, nenhum é transparente nas suas tarifas - as tarifas ocultas em transações internacionais de dinheiro podem atingir até 6% do valor médio do câmbio de mercado.

O estudo revelou que os fornecedores inflam a taxa de câmbio, ocultam tarifas e, geralmente, só apresentam ao consumidor a taxa do IOF. Esses custos são disfarçados como valores de câmbio geral ou, pior, são completamente ocultos dos clientes.

Desconfie

Ao se deparar com o termo “tarifa zero”, você pode ficar tentado a optar pelo referido fornecedor, mas aí pode morar o perigo. Geralmente, instituições que oferecem a tarifa zerada costumam inflar a taxa de câmbio ou esconder os custos extras. Esteja atento e desconfie antes de finalizar a transação.

O spread cambial é outro ponto de desconfiança, que consiste basicamente na diferença entre o valor de venda e de compra de uma moeda estrangeira. Se a instituição negocia dólares a R$5 para compra e R$5,20 para venda, o spread de câmbio será de aproximadamente 3,85%.

Na maioria dos casos, essa diferença é cobrada a fim de aumentar a margem de lucro, cobrir o risco de inadimplência e gastos administrativos.

Wise
Computador com conta da Wise na tela - Wise

Como identificar tarifas ocultas?

  • Leia atentamente os termos e condições: longos textos podem despertar a ânsia de apenas aceitar sem devidamente entender o que envolve aquele serviço. Entretanto, lidar com seu dinheiro é uma tarefa extremamente importante e que necessita de muita atenção;
  • Comparação entre provedores: sempre compare o valor do câmbio da instituição escolhida com o valor do câmbio de mercado, apresentado em sites como Google e Reuters;
  • Foque no valor final a ser recebido na remessa de dinheiro: quando comparar o câmbio entre diferentes empresas, em vez de priorizar os valores de tarifas, opte por comparar o quantitativo que receberá ao final da transação. Isso evitará surpresas desagradáveis com cobranças inesperadas;
  • Calculadoras de câmbio online: utilize uma ferramenta de confiança para simular o valor de mercado da moeda escolhida no momento e fazer comparações. Simule abaixo:

Por que exigir transparência?

A transparência financeira é o melhor caminho para construir um mercado justo, principalmente para os consumidores, que podem e devem exigir do Banco Central atitudes que regulem e esclareçam o mercado de câmbio no Brasil, mostrando com nitidez todas as taxas envolvidas nas transações.

As tarifas ocultas favorecem câmbios inflacionados e eliminam qualquer motivação competitiva para diminuir os custos das remessas. 

A campanha “Nada a Esconder” visa, não apenas conscientizar, mas provocar mudanças no mercado cambial, tornando ilegais as tarifas ocultas, exigindo das empresas e do governo transparência total nas transações.

Leia o relatório e assine abaixo a petição da Wise.

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