Acidente da Voepass reacende debate sobre segurança da aviação no Brasil; Secretário defende setor
Segundo a Anac, a probabilidade de morrer num acidente de um avião comercial é de 0,000017%, dez vezes menor que morrer num acidente de automóvel
O Brasil ainda espera o relatório final do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) sobre as causas do acidente envolvendo a companhia aérea Voepass, que vitimou 62 pessoas, no dia 9 de agosto, em Vinhedo (SP). A tragédia reacendeu o debate sobre a segurança dos voos no Brasil.
Em entrevista ao JC para detalhar o balanço de 100 dias de gestão, o Secretário Nacional de Aviação Civil, do Ministério de Portos e Aeroportos, Tomé Franca, reforçou que a aviação brasileira continua sendo uma das mais seguras do mundo. A queda do avião da Voepass é o quinto maior acidente em número de vítimas da aviação brasileira.
"Todo acidente aeronáutico é profundamente lamentável e nos traz grande tristeza, principalmente pela perda de 62 vidas e pelo sofrimento de suas famílias. Estamos solidários com todos os afetados", afirmou Franca.
"No entanto, a aviação civil brasileira continua a ser uma das mais seguras do mundo, com milhões de passageiros voando todos os anos com um risco muito baixo", afirma, completando que o último acidente aéreo no Brasil com aviação comercial aconteceu há mais de 11 anos.
Investigações e responsabilidades
As investigações sobre o acidente estão em andamento, conduzidas pelo Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos) e pela Polícia Federal. Esses órgãos buscam apurar tanto as causas operacionais quanto possíveis responsabilidades criminais.
“O Cenipa e a Polícia Federal estão trabalhando para identificar o que causou essa tragédia. Se for constatado algum erro na operação do voo ou na manutenção da aeronave, os responsáveis serão apontados e as medidas necessárias serão tomadas”, destacou o secretário.
O relatório preliminar do Cenipa sobre a queda do avião da Voepass divulgado na sexta-feira (6) não apontou as causas do acidente, mas antecipou pontos que devem ser analisados e aprofundados para a elaboração do relatório final da tragédia.
O Cenipa evitou apontar uma linha principal de investigação, mas o relatório preliminar do órgão cita a averiguação dos sistemas de degelo da aeronave e a análise do desempenho técnico dos tripulantes como linhas de investigação para a construção do relatório final.
Cautela com especulações
Franca pediu cautela até que as investigações sejam concluídas, ressaltando que, até o momento, não há evidências de falhas relacionadas à manutenção da aeronave. "Precisamos aguardar os resultados finais da investigação para termos uma posição mais clara e assertiva", afirmou.
Suporte às famílias
O secretário também garantiu que tanto o governo quanto a Voepass estão prestando todo o suporte necessário às famílias das vítimas. "Já foram iniciados os processos de indenização e estamos acompanhando de perto para garantir que todas as famílias recebam o apoio necessário. Essa tragédia nos entristece profundamente, e estamos fazendo tudo o que está ao nosso alcance para auxiliar nesse momento difícil", completou.
Segurança e regulação na aviação
Apesar do ocorrido, Tomé Franca reiterou que o Brasil possui uma aviação rigorosamente regulada e fiscalizada pela Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), reconhecida mundialmente pela sua eficiência.
“A ANAC é referência global na fiscalização da aviação civil, e muitos países vêm ao Brasil para aprender com nossa experiência. A segurança é e sempre será nossa prioridade”, destacou o secretário.
De acordo com a Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), responsável por fiscalizar e gerir a segurança de empresas aéreas no País, a probabilidade de morrer num acidente de um avião comercial é de 0,000017%, o que é dez vezes menor que a probabilidade de morrer num acidente de automóvel.
Investimentos e futuro do setor aéreo
Franca também aproveitou para anunciar novas medidas voltadas para o fortalecimento da aviação brasileira. Segundo ele, até o final deste ano, o Fundo Nacional de Aviação Civil (FNAC) deve começar a disponibilizar R$5 bilhões para financiar a requalificação de aeronaves, modernização de aeroportos e compra de novas aeronaves.
"Esses investimentos são fundamentais para garantir a estabilidade e o crescimento das companhias aéreas, além de melhorar a infraestrutura do setor e o caixa das empresas, que sofreram com a pandemia da covid-19 sem receber socorro do governo na época", observou.
O secretário finalizou reforçando a confiança na aviação brasileira e o compromisso do governo em garantir sua segurança e competitividade. "Temos uma aviação segura, e continuaremos a trabalhar para que ela seja cada vez melhor. Os investimentos em infraestrutura e segurança são essenciais para garantir o futuro do setor, e o Brasil seguirá como referência mundial na aviação civil", concluiu.