Mulheres e homens têm impactos diferentes no trabalho após se tornarem pais

Leis, salários e estruturas sociais ainda não estão preparados o suficiente para dar o suporte que as famílias precisam neste momento da vida

Publicado em 30/09/2024 às 23:09

O nascimento de um filho representa um divisor de águas na vida pessoal e profissional dos pais, mas homens e mulheres experimentam essa transição de forma desigual no ambiente de trabalho.

As legislações de licença-maternidade e paternidade, apesar de terem evoluído ao longo dos anos, ainda reforçam disparidades que impactam diretamente a carreira das mulheres.

Enquanto a licença-maternidade no Brasil pode durar até seis meses, a licença-paternidade é bem menor, com apenas cinco dias úteis garantidos por lei.

Discussões

Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) ainda mostram que, em 2021, a taxa de participação feminina na força de trabalho foi de 51,6%, bem abaixo dos 71,6% dos homens. 

De acordo com Bia Nóbrega, especialista em Desenvolvimento Humano e Organizacional, ao longo dos últimos 30 anos, o mercado de trabalho passou por avanços importantes, mas as mulheres ainda enfrentam barreiras de todo o tipo após o nascimento dos filhos.

“A maternidade continua a ser um dos maiores desafios na trajetória profissional feminina. As consequências são especialmente evidentes durante os primeiros cinco anos de vida da criança, período em que a dedicação ao cuidado infantil é mais intensiva”, conta.

Segundo a especialista, a redução de jornada, horários flexíveis, ampliação de licenças, horário livre e pago para lidar com questões como consultas médicas e adaptação escolar, entre outros tópicos, ainda são temas com discussões bastante embrionárias no país.

“Quando esses assuntos são conversados, foca-se em torná-los direitos femininos, quando deveriam ser estendidos a qualquer cuidador, justamente para sobrecarregar menos as mulheres quando o tema é cuidar da carreira e dos filhos”, explica.

Mercado de trabalho

Para promover um ambiente corporativo mais inclusivo e equitativo, especialistas sugerem que as empresas adotem medidas como a flexibilização das jornadas de trabalho, ampliação da licença-paternidade e implementação de políticas de licença parental compartilhada.

"É necessário criar uma cultura organizacional que apoie tanto homens quanto mulheres no equilíbrio entre vida profissional e familiar, para que a equidade vá além das vagas de escritório oferecidas em pé de igualdade a todos os gêneros", defende a especialista.

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