Endividamento cresce três meses seguidos no Recife; cartão de crédito é campeão de dívidas entre as famílias

Pesquisa da Fecomércio-PE revela que no Recife, 431.511 famílias estão endividadas, uma taxa de 82% em setembro.É o terceiro aumento consecutivo

Publicado em 18/10/2024 às 18:01

O endividamento das famílias continua em alta no Recife. Pelo terceiro mês consecutivo, avançou o número de pessoas com dívidas. Em setembro de 2024, o endividamento alcançou 82,0%, acima do resultado de agosto, quando a taxa foi de 81,5% e de julho, quando ficou em 78%. Isso significa que 431.511 famílias estão atualmente endividadas na capital pernambucana, de acordo com a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC). 

Os dados do Recife são um recorte local realizado pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Pernambuco (Fecomércio PE), a partir das informações da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). O aumento reflete uma aceleração no nível de endividamento ao se comparar o trimestre de julho (78%) a setembro (82%). A inadimplência também cresceu, com 29,3% das famílias com contas em atraso, o que representa 154.263 famílias, um acréscimo em relação aos 28,6% registrados em agosto.

Divulgação
Também a partir de 1º de julho, as faturas deverão trazer uma área de destaque, com as informações essenciais, como valor total da fatura, data de vencimento da fatura do período vigente e limite total de crédito - Divulgação

CARTÃO DE CRÉDITO É O VILÃO

Entre os tipos de dívida, o cartão de crédito continua sendo a principal forma de endividamento para 94,6% das famílias, seguido pelos carnês de lojas (25,2%) e financiamentos de carro (6,2%). Para as famílias com renda superior a dez salários mínimos, o financiamento de veículos se destacou, representando 32,6% das dívidas nesse grupo.

“O aumento do endividamento em Recife reflete o impacto direto de um cenário de mercado de trabalho difícil, marcado pelo desemprego elevado. Além disso, o aumento da taxa de juros pelo Banco Central eleva preço do crédito, tornando mais difícil a capacidade das famílias de gerenciar suas dívidas. A alta dependência do cartão de crédito como principal forma de financiamento é preocupante, pois fortalece um novo ciclo de endividamento”, afirma Bernardo Peixoto, presidente da Fecomércio-PE.

JUROS ALTOS

“A combinação de fatores, como a alta taxa de desemprego, o novo aumento da Selic e o elevado grau de informalidade no mercado de trabalho, torna o cenário desafiador para as famílias. O aumento da inadimplência para 29,3% revela a dificuldade que as famílias enfrentam para manter suas dívidas em dia, o que tem impacto negativo no consumo e no comércio local. Embora o financiamento de veículos se destaque entre as famílias de maior renda, é entre as de menor renda que o impacto é mais profundo, já que o elevado endividamento limita sua capacidade econômica. Essa situação exige atenção especial na gestão do crédito e em iniciativas voltadas para a formalização e geração de empregos", afirma Rafael Lima, economista da Fecomércio-PE.

 

 

 

Tags

Autor