Novo prefeito de Paulista vai enfrentar problemas estruturais e desafio das mudanças climáticas

Alagamentos, expansão urbana desordenada e desigualdade são alguns dos problemas que o novo gestor vai enfrentar, para além das necesidades básicas

Publicado em 25/10/2024 às 20:37

Quando assumir a gestão de Paulista, no dia 1° de janeiro de 2025, o novo prefeito vai encontrar uma cidade com grandes desafios a enfrentar. Sexto maior colégio eleitoral de Pernambuco, o município cresce no ritmo em que também avançam as demandas da população. 

Urgências ambientais e urbanísticas estão entre os desafios. A lista inclui a preservação de áreas de proteção, como os mananciais na região oeste da cidade; e o gerenciamento das zonas de manguezais, fundamentais para a biodiversidade; além do controle ambiental da região.

“A área de proteção manancial é essencial para abrigar rios, matas e uma rica biodiversidade, mas exige monitoramento constante para evitar ocupações que possam ameaçar o ecossistema”, alerta o arquiteto e urbanista, Geraldo Marinho, que participou da elaboração do Plano de Desenvolvimento Urbano Integrado (PDUI) do Recife. 

Alysson Silva / Prefeitura do Paulista
Ação educativa quer recuperar e preservar os rios Timbó e Paratibe, localizados no município do Paulista - Alysson Silva / Prefeitura do Paulista

Na região de Maria Farinha, os manguezais próximos ao Rio Timbó enfrentam danos por poluição e ocupações irregulares. Esses manguezais são fundamentais para o equilíbrio ambiental. Eles precisam de políticas de conservação para reduzir os impactos humanos. 

CONJUNTOS HABITACIONAIS

Diferente de outras cidades da Região Metropolitana, Paulista não concentra um grande número de favelas, mas o desordenamento urbano começa na grande quantidade de conjuntos habitacionais populares, localizados em bairros como Arthur Lundgren, Paratibe e Jardim Paulista, próximos à BR-101.

"Essas áreas, projetadas a partir dos anos 1980, apresentam uma alternativa habitacional em comparação com as favelas, mas sofrem com a falta de infraestrutura básica", destaca. “

Embora Paulista não tenha o mesmo destaque do sítio histórico de Olinda, Marinho enfatiza que o município possui uma área de memória industrial relevante, com antigos centros comerciais e edificações que remetem ao período de industrialização da cidade. “É uma identidade cultural que representa um potencial turístico e econômico para Paulista, algo que as próximas gestões poderiam considerar”, diz.

ALAGAMENTOS HISTÓRICOS

No litoral do município, que abrange a faixa entre o Janga e Maria Farinha, apresenta desafios naturais em função da baixa altitude e a proximidade com o mar, fatores que tornam a área vulnerável a alagamentos e erosão costeira.

“Essas áreas foram urbanizadas entre as décadas de 1950 e 1970, sem um planejamento adequado para drenagem, o que causa frequentes alagamentos e erosão da costa”, explica Marinho. Entre as sugestões para minimizar o impacto das marés e enfrentar o aumento do nível do mar, ele cita o engordamento da faixa de areia, inspirado no projeto de Jaboatão dos Guararapes.

Integração metropolitana 

Marinho ressalta a importância da gestão integrada entre municípios e o governo estadual para enfrentar os problemas comuns à região metropolitana. “As áreas metropolitanas funcionam como organismos interligados, com questões de mobilidade, saneamento, drenagem e proteção ambiental que afetam toda a população, independentemente dos limites municipais

Para ele, a liderança estadual na melhoria das políticas e investimentos regionais é necessária. “A responsabilidade sobre o progresso sustentável não pode ser jogada para o futuro. Ela envolve a preservação dos ecossistemas, a resiliência urbana e a qualidade de vida dos moradores”, conclui Marinho, destacando que a continuidade das políticas é essencial para enfrentar os desafios ambientais e urbanos que envolvem Paulista e Olinda. 

Em 2018, a Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) aprovou a lei que instituiu as bases legais do PDUI - Plano de Desenvolvimento Urbano Integrado. O governo Paulo Câmara chegou a contratar uma Consultoria Especializada para elaborar o Plano. O Diagnóstico está pronto e tem 264 páginas, trazendo a situação urbanística e socioeconômica da RMR. A minuta da lei também ficou pronta e foi entregue desde 2022, mas de lá para cá não saiu do papel. 

 

 

 

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