Haddad cancela viagem à Europa e ficará em Brasília para tratar 'temas domésticos'

A pedido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Haddad estará em Brasília ao longo da próxima semana, dedicado aos "temas domésticos"

Publicado em 03/11/2024 às 19:40

A viagem do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, à Europa, nesta semana foi cancelada, em meio ao recente estresse dos mercados brasileiros, com o investidores ainda decepcionados com os poucos sinais de avanço da agenda de corte de gastos.

A pedido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Haddad estará em Brasília ao longo da próxima semana, dedicado aos "temas domésticos", diz em nota a Assessoria Especial de Comunicação Social do Ministério da Fazenda.

"Por essa razão, a viagem à Europa, prevista para segunda-feira (4), não será realizada neste momento. A agenda em questão será retomada oportunamente", informa o comunicado.

O ministro da Fazenda partiria para o tour à Europa amanhã, às 13 horas, da capital federal.

AVALIAÇÃO DO MERCADO

A decisão do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em desistir da viagem à Europa marcada para esta semana é uma surpresa "bem" positiva, avalia Bruno Takeo, estrategista da Potenza Capital. Ao mesmo tempo, indica, segundo Takeo, que o governo se sensibilizou, dado o recente estresse dos mercados financeiros no Brasil em meio ao anúncio da ida do ministro ao continente europeu.

A expectativa do estrategista é de que a decisão atenue a abertura dos ativos brasileiros nesta segunda-feira, 4, pois o governo pode anunciar o pacote de corte de despesas nos próximos dias, em vez de fazer isso apenas na semana seguinte. "Em vez de postergar em uma semana, poder ter algo nessa semana."

Conforme o estrategista da Potenza, a mensagem de que viajaria à Europa, adiando o anúncio do corte de gastos, pegou mal. "O dólar superou R$ 5,80 e os juros explodiram. O cancelamento mostra que o governo se sensibilizou, indica um senso de urgência", afirma.

"Os mercados estão tensos com a questão fiscal combinada com o global um pouco pior, e isso tem levando o câmbio para quase 5,90", diz o economista-chefe do BV, Roberto Padovani.

Segundo Padovani, a medida indica uma preocupação do governo em responder as incertezas do mercado financeiro e da economia. "Não sei o motivo do cancelamento, mas consigo avaliar o resultado. É um sinal positivo. O mercado ficou absolutamente estressado com a noticia da viagem, pois isso de alguma forma simboliza uma falta de urgência na decisão de controle de gastos", diz o economista do banco.

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