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Transnordestina: 'Projeto está órfão, sem liderança das forças políticas locais', diz Danilo Cabral, da Sudene

No debate da Rádio Jornal, o superintendente da Sudene disse que Pernambuco poderá ter uma perda de competitividade de até 7 anos em relação ao Ceará

Publicado em 29/01/2025 às 16:54 | Atualizado em 29/01/2025 às 19:24
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O prejuízo para Pernambuco já aconteceu, quando a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro, permitiu que a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) devolvesse ao governo Federal, em dezembro de 2022, o trecho Salgueiro-Suape da Transnordestina. O desafio, agora, é manter uma unidade política para garantir agilidade à obra da ferrovia. O fato do lado pernambucano começar do zero vai provocar perda de competitividade em relação ao Ceará e o Piauí. 

Nesta quarta-feira (29), o debate da Rádio Jornal, comandado por Natalia Ribeiro, discutiu o destino da Transnordestina em Pernambuco. Participaram da discussão, o superintendente da Sudene, Danilo Cabral; o diretor da Associação Nordestina de Logística (Anelog), Marcílio Cunha, e o economista e especialista em Gestão Pública, Werson Kaval. 

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Debate da Super Manhã reuniu especialistas para discutir a situação da Transnordestina em Pernambuco - JC Imagem

Com a saída da CSN, o presidente Lula garantiu que o trecho Salgueiro-Suape será realizada pelo governo Federal, com uma previsão de R$ 450 milhões em recursos do Ministério dos Transportes. Quando a concessionária deixou a ferrovia, o lado pernambucano estava com 86% concluído e o cearense com 70%. A construção começou na primeira gestão Lula, em 2006, e se estende há 19 anos. 

"Se levarmos em consideração que se constroi uma média de 86 km a cada ano numa ferrovia, os cerca de 400 km que faltam para terminar o trecho de Pernambuco vai levar, no mínimo, 5 anos e começar a operar em 2031. Isso sem falar nas desapropriações, licenciamentos e licitações. Estou falando numa previsão otimista, mas como sou pessimista em relação a essa obra, acredito que a conclusão será em 2035. Comparando com o Ceará, a previsão é que a Transnordestina esteja operando 100% em 2028. Vamos ver os navios passando pela costa, mas em direção a Pecém e não a Supe como gostaríamos", lamenta Cunha. 

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Marcílio Cunha - Diretor da Associação Nordestina de Logística (Anelog) - JC Imagem

Na avaliação do superintendente da Sudene, a Transnordestina precisa estar na pauta política e nas reivindicações dos líderes empresariais. "O que nós precisamos construir aqui em Pernambuco é a unidade das forças, de todas elas. Da governadora, dos 25 parlamentares federais, dos três senadores, dos 49 deputados estaduais, das lideranças municipais, do setor produtivo", defende Cabral. 

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Danilo Cabral - Superintendente da Sudene - JC Imagem

PAI DO PROJETO

O superintendente da Sudene argumenta que os pernambucanos devem se inspirar nos cearenses, que querem ser os pais do projetos e, juntos, independente de partido, lutam pela conclusão da ferrovia. "A percepção que nós temos hoje aqui, é que o projeto está órfão, sem liderança das forças locais. Nós precisamos mobilizar essas forças. É isso que vai ajudar a acelerar a pauta", alerta Cabral.

Ele aponta o Porto de Suape como exemplo de unidade política no Estado, lembrando que cada governo fez um pouco para que o complexo industrial portuário se tornasse uma realidade. "A gente precisa ter essa mesma unidade em relação a pauta da Transnordestina. É um silêncio ensurdecedor que muitas vezes a gente tem nessa pauta", destaca.

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Werson Kaval - Economista e especialista em Gestão Pública - JC Imagem

Quando desistiu do trecho de pernambuco, a alegação da CNS foi a viabilidade econômica. O professor Kaval afirma que a viabilidade está mais do que provada e o que falta é uma concertação política e econômica. "São muitas as vocações das regiões. em o gesso do Araripe, os combustíveis, fertilizantes, grãos, minérios e tantos outros. O que me preocupa é a questão política e o conflito de interesses, porque a CSN opera muito forte no Porto de Pecém, inclusive está construindo três terminais lá", observa Kaval.

CUSTO MENOR

Nos seus cálculos, o diretor da Anelog mostra que o transporte ferroviário tem um custo menor e também é menos poluente. "No trecho entre Barra Mansa (RJ) e Arcos (MG), que corresponde a mais ou menos a mesma quilometragem entre Salgueiro-Suape dá mil km. Enquanto o rodoviário emite 61,56% de CO2,  o ferroviário emite 38,44% de CO2", compara. 

Cunha também calculou o valor do trajeto. Para fazer mil km, o custo do trem é de R$ 30 por tonelada, enquanto no rodoviário esse valor sobe para R$ 167,22 por tonelada. É uma redução aí de 131,95 por tonelada se eu usar o trem em vez de usar o bitrem", analisa.

A Transnordestina em Pernambuco está em fase de elaboração dos projetos básico e executivo. A expectativa é que essa fase seja concluída em setembro deste ano para iniciar as obras em 2026. 

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