LAUSANNE, Suíça - "Não há uma solução ideal para esta situação", afirmou nesta quarta-feira o Comitê Olímpico Internacional (COI) em referência à pandemia do novo coronavírus, no momento em que aumentam as dúvidas sobre os Jogos de Tóquio (24 de julho a 9 de agosto).
"É uma situação excepcional que exige soluções excepcionais", declarou um porta-voz do COI, enquanto prosseguem nesta quarta-feira (18) as reuniões entre o presidente da entidade, os Comitês Olímpicos nacionais e representantes dos atletas.
Na terça-feira (17), o COI considerou "não necessário tomar decisões radicais", no mesmo dia em que a Eurocopa e a Copa América foram adiadas de 2020 a 2021. nesta quarta, o tom adotado foi mais suave.
O COI também havia dito que "toda especulação neste momento é contraproducente" e incentivou "todos os atletas a continuarem se preparando para os Jogos Olímpicos de Tóquio-2020 da melhor maneira que puderem".
"Quando todos os esportes param suas atividades e que os adiamentos de grandes eventos se multiplicam, o COI fala em manter os Jogos Olímpicos! Estou chocado", reagiu na terça-feira o presidente da Federação Francesa de Natação (FFN), Gilles Sezionale, no Twitter.
O maior evento esportivo de 2020, um símbolo universal de paz que planeja reunir cerca de 11.000 atletas na capital japonesa, também precisa zelar por seu gigantesco orçamento de cerca de 11.5 bilhões de euros.
ATLETAS PREOCUPADOS
Em um momento em que vários países decretam o confinamento total de seus cidadãos e em que o vírus já deixou mais de 8.000 mortos pelo mundo, várias vozes pedem, insistentemente, uma decisão rápida do COI e, em muitos casos, o adiamento dos Jogos.
"O COI nos pede que continuemos colocando em risco nossa saúde, a da nossa família e das pessoas, somente para que treinemos todos os dias?", questionou no Twitter a saltadora com vara grega Ekaterini Stefanidi. "Não há nenhuma consideração com o risco que isso nos impõe", completou a campeã olímpico no Rio-2016.
O recordista mundial de decatlo, o francês Kevin Mayer, favorito ao ouro em Tóquio, declarou ao diário esportivo L'Équipe que gostaria "que os Jogos fossem adiados, ou cancelados".
"Há países menos afetados que outros. Alguns podem ir treinar normalmente, enquanto que a gente não pode treinar", lamentou à AFP o francês Pascal Martinot-Lagarde, campeão europeu e bronze no Mundial nos 110 metros com barreiras.
A ex-jogadora de hóquei no gelo Hayley Wickenheiser, membro do COI, classificou de "insensível e irresponsável" a posição da entidade. "Esta crise é maior que os Jogos Olímpicos", insistiu Wickenheiser, quatro vezes campeã olímpica com o Canadá entre 2002 e 2016. "Não sabemos o que pode acontecer nas próximas 24 horas, muito menos daqui a três meses".
Em um comunicado enviado à AFP, um porta-voz do COI afirmou que "não há solução ideal" no momento e observou que o Comitê "está determinado a encontrar uma solução que tenha o menor impacto para os atletas, protegendo a integridade do competição e saúde dos atletas".
As reuniões entre COI, Comitês Nacionais e atletas devem continuar na quinta-feira. O COI afirmou na terça-feira que apenas "57%" dos quase 11.000 atletas que deveriam participar dos Jogos de Tóquio estão classificados para o evento.
Para as 43% vagas restantes, a entidade indicou que trabalha com federações internacionais para realizar "as necessárias modificações práticas em seus respectivos sistemas de classificação".
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