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Caso coronavírus deixe sequela, corpo do atleta pode se adaptar

Médicos de Hong Kong detectaram um turvamento em tomografias dos pulmões de alguns pacientes

Karoline Albuquerque
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Karoline Albuquerque
Publicado em 30/03/2020 às 7:12
AFP
Além de Dybala, a namorada dele também testou positivo para o COVID-19 - FOTO: AFP

Paulo Dybala, Marouani Fellaini e Daniel Maldini são apenas três nomes de uma lista de jogadores que contraíram o novo coronavírus. No mundo todo, mais de meio milhão de pessoas foram infectadas pela Covid-19. Por ser uma doença ainda pouco conhecida, são poucos os indícios de que ela pode deixar sequelas nos pacientes acometidos.

Um dos problemas detectados em pacientes recuperados da enfermidade foi um turvamento em tomografias dos pulmões, observado por médicos de Hong Kong, como publicou o portal alemão Deutsche Welle. Mas, ainda é cedo para afirmar que isso será uma consequência em todos as pessoas recuperadas da Covid-19.

"Não completamos três meses ainda dessa epidemia. Não sabe ao certo o que vai acontecer com os pulmões dos pacientes, que percentual vai ficar com alguma sequela, e qual vai ficar. Não temos ainda uma definição disso. Não sabemos muito coisa ainda sobre a doença. Coisas que vão ficar mais claras com o passar das semanas e dos meses", disse o médico pneumologista Alfredo Leite.

Entre os exemplos citados por doutor Alfredo está a condução dos pacientes que estão nas unidades de tratamento intensivo (UTI). O que é feito é padrão para doenças semelhantes, com algumas modificações. "Existe uma possibilidade de que haja sequelas. Mas essa possibilidade ainda não está bem configurada, nem o padrão e a gravidade dessas sequelas", emendou o médico.

Caso realmente algo afete a capacidade dos pulmões após a recuperação, porém, o corpo tem a capacidade de buscar outra forma de superar essa via energética. É o que explica Igor Soalheiro, fisiologista do Santa Cruz. Antes de tudo, o professor detalha: VO2 máximo é a captação máxima de oxigênio, podendo também ser entendido como capacidade aeróbica ou capacidade cardiorrespiratória.

Essa é uma das três vias energéticas do organismo. A via ATPC e a glicolítica acontecem sem a necessidade de oxigênio, apenas presente na via oxidativa."As duas primeiras vias respondem de uma forma mais rápida, até 2 ou 5 minutos, varia de estudo.Já a oxidativa é de atividades mais longas, predominância maior. O VO2 máximo de um homem normal, saudável, é 40ml/(kg.min). A média de um jogador de futebol é entre 54ml/(kg.min) e 55ml/(kg.min), varia de um para outro", explicou.O valor pode chegar a 70ml/(kg.min) em atletas de maratona.

O professor Soalheiro resume: se o pulmão apresenta um problema, como a fibrose, a capacidade de captar oxigênio é reduzida. Assim, a via oxidativa é menos requerida, pelo menor quantidade de oxigênio. "Esse atleta vai ter uma tendência maior, provavelmente, de usar as duas primeiras vias que são anaeróbicas", explanou.

O que pode, de fato, mexer no desempenho do jogador é a via glicolítica. Como esta via gera co-produtos, como H+, reduzindo o pH sanguíneo, a contração muscular fica dificultada. Mas, sem motivos para preocupação. A tendência do organismo é se adaptar.

"Apesar do VO2 máximo ser o padrão para avaliar capacidade aeróbica, existem outros fatores que vão interferir no desempenho do atleta. Fatores metabólicos, neuromusculares, técnicas de corrida. Se tem eficiência de corrida boa, pode contrabalancear esse problema causado pela fibrose pulmonar", acalmou o fisiologista tricolor.

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