Peter Stebbings
Fernando, Ricardo Goulart, Elkeson, Alan, Rafael Silva e Aloisio comemoram com um samba o gol que garante a vaga na Copa do Mundo para a seleção chinesa. É ficção, mas poderia ser realidade: o gigante asiático trabalha para ter um ataque brasileiro de alto nível que permita se classificar para Catar-2022.
No momento, Elkeson é o único brasileiro nacionalizado que joga pela China. Mas o país mais populoso do mundo tem certeza que um ataque brasileiro multiplicaria suas chances de disputar a Copa do Mundo pela segunda vez em sua história.
Evergrande, o celeiro
Além de Elkeson, outro naturalizado, Aloisio, está no grupo que atualmente participa de uma concentração em Xangai, enquanto que Goulart, Alan e Fernando estão perto de concluir a papelada que lhes permitirá jogar pelo país anfitrião.
Todos nascidos no Brasil, com características ofensivas e que jogam no campeão da Super Liga Chinesa (CSL), o Guangzhou Evergrande, comandado pelo ex-craque italiano, o técnico Fabio Cannavaro.
Outro jogador do Evergrande, o inglês Tyias Browning, também poderia representar a China este ano.
"Desde 2019, o Guangzhou Evergrande ajudou seis jogadores a ter sua carteira de identidade e o registro de residência", informou o Guangzhou Daily.
"Ao mesmo tempo, o Guangzhou Evergrande e a Federação Chinesa de Futebol promoveram ativamente a nacionalização de jogadores para se qualificarem para a seleção masculina de futebol", acrescentou.
O Evergrande gastou 870 milhões de yuans (122 milhões de dólares) em transferências, salários e outros custos com esses seis jogadores, informou o Soccer News, citando como fonte o relatório anual do clube.
O Soccer News acrescentou que até sete jogadores nacionalizados podem usar a camisa chinesa este ano, na esperança de jogar a Copa do Mundo de 2022.
O sétimo é Nico Yennaris, nascido em Londres, do Beijing Guoan, que se tornou o primeiro naturalizado a jogar pela China quando estreou no ano passado. Agora ele se chama Li Ke.
O ex-jogador do Arsenal e das equipes inglesas de categorias inferiores, o jogador de 26 anos, cuja mãe é chinesa, também costuma ser convocado ao lado de Elkeson e do novato Aloisio na seleção que atualmente está treinando em Xangai.
Pela primeira vez com três naturalizados, a China não poderá organizar amistosos durante essa concentração, porque os jogos da seleção do país foram suspensos devido à pandemia de coronavírus.
Falta de gol
Mas as esperanças da China de jogar no Catar-2022 já correm risco. Marcello Lippi, o homem que levou a Itália ao título mundial em 2006, deixou o comando da seleção chinesa em novembro depois de perder por 2x1 para a Síria, apesar da presença de Elkeson (cujo nome chinês é Ai Kesen) e Yennaris.
A derrota deixou a China a oito pontos da liderança do Grupo A, embora tenha disputado um jogo a menos. O primeiro de cada chave se classifica para a fase seguinte, junto com os quatro melhores segundos colocados.
Recrutar estrangeiros não é uma nova tática no futebol, mas, de acordo com especialistas, torcedores e ex-jogadores, é uma estratégia de curto prazo.
A mídia nacional chinesa optou por defender que, se melhorarem a equipe e conquistarem a vaga, os naturalizados merecem jogar.
A China luta há anos para se tornar uma potência do futebol. Mas, no momento, está longe desse objetivo: sua única participação em Copas do Mundo foi em 2002 e se despediu com três derrotas em três jogos e sem ter marcado um único gol.
A aposta com os atacantes brasileiros responde à falta de jogadores efetivos na seleção chinesa.
"Sem dúvida, os jogadores naturalizados podem fortalecer a equipe nacional. Se eles tiverem a técnica, um senso de pertencimento à China e honra coletiva, poderão jogar", disse o técnico Lie Tie quando convocou Aloisio, de 31 anos.
Seguindo os passos e Elkeson e de Aloísio, o também atacante Rafael Silva, revelado pelo Coritiba, também se naturalizou chinês na esperança de por um dia defender a seleção, embora ele jogue por um time da segunda divisão
Comentários