Nicolas Pratviel
Venice Beach, a famosa praia no oeste de Los Angeles, volta a receber surfistas, nadadores e corredores, após 47 dias fechada pelo coronavírus, embora poucos deles tenham aproveitado o primeiro dia de abertura.
"Estou surpreso. Não sei por que não há mais pessoas aqui esta manhã, é estranho", disse Bernard Yin com a corda de segurança da prancha de surfe presa ao tornozelo.
Para ele, "voltar aqui é fantástico. É uma coisa simples poder voltar à praia. Mas essas coisas simples, quando você não as tem, são as que mais fazem falta".
As autoridades do condado de Los Angeles, onde o comércio também está sendo retomado, concordaram em abrir as praias, mas com certas instruções para que os praticantes de esportes respeitem os protocolos de distanciamento físico.
Em um dado momento, o tão esperado sinal verde nos painéis eletrônicos dos acessos ao calçadão ficou laranja com o aviso: "Venice Beach está fechada!".
Restrições
"Provavelmente foi um descuido", diz Julio Rodríguez, funcionário do departamento de salva-vidas do condado de Los Angeles, que tenta resolver essa situação confusa para algumas pessoas, como os vários skatistas desapontados ao verem sua pista ainda coberta de areia.
"Caminhar, correr, nadar, surfar são permitidos na praia. Mas ainda é proibido andar de bicicleta e andar de skate pelo calçadão, jogar vôlei e basquete. As instalações da Muscle Beach também estão fechadas", resume Rodríguez, sem saber quando essas atividades poderão ser retomadas.
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Ele também está surpreso em ver tão poucas pessoas, apenas 30 nesta manhã ensolarada. "Mas é difícil prever algo com o vírus", admite.
"Comunhão com a mãe natureza"
Para aqueles que não pretendem praticar esportes, banhos de sol na areia também são proibidos, embora alguns o façam, como uma mãe que quer vigiar seu filho adolescente enquanto ele se banha. "A razão é boa, mas deveria avisar um dos nossos salva-vidas", sorri Rodríguez.
Mais à frente, um deles cumprimenta calorosamente os surfistas que chegam, visivelmente felizes por estarem "em casa", enquanto coloca cartazes lembrando de manter uma distância segura de mais de três metros entre eles.
Christopher Hawley, um dos surfistas (foto), diz que "é bom estar aqui. É importante agora". "Precisamos disso, precisamos estar na água para estar em comunhão com a mãe natureza", reconhece o homem, que diz que "desafiou a proibição" nas últimas semanas "surfando mais ao norte".
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Passeando por essa "Venice fantasma", onde poucas pessoas usam máscara, as lojas permanecem fechadas, e as quadras de basquete estão seladas como uma cena de crime. Um pequeno grupo de jovens e idosos ocupa a pista de patinação.
Apesar da proibição, com vassouras e pás, eles removem a areia que os impede de praticar sua paixão. "Não vamos esperar por eles", diz Miles, de uns 20 anos, referindo-se aos serviços municipais.
Miles afirma que entende que os surfistas podem retomar suas atividades, e eles, não, "porque, ao contrário de nós, estão na água, longe um do outro, sem se tocar".
Já Peck permanece inconsolável sentado à beira de uma rampa. "Não sei se posso dizer o que penso... digamos que não estou feliz. Tenho 51 anos, tenho vindo aqui desde a inauguração do parque" em 2009, lembra.
"Como não posso mais andar de skate, é como se alguém tivesse tirado uma parte da minha vida de mim. Eu a quero de volta", desabafa.
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