A Medida Provisória (MP) assinada pelo presidente da república nesta última quinta-feira (18) pode mudar a forma de consumir futebol que temos nos dias atuais. No entanto, o maior impactado diretamente são clubes que podem adquirir totalmente o direito de negociar individualmente os direitos de transmissão e também estão liberados para serem patrocinados por empresas de mídia - que era proibido antes da MP, que tem o prazo de 120 dias para ser aprovada no Congresso Nacional e virar lei.
Trazendo para o cenário local, os presidentes de Náutico e Santa Cruz, Edno Melo e Constantino Júnior, concederam entrevistas para a Rádio Jornal alertando que existem os pontos positivos e negativos da MP e que os clubes deveriam se unir para evitar um abismo ainda maior com os clubes grandes do Brasil.
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“Vejo um saldo positivo na medida. Temos que dividir em duas partes. Entre clube mercado eu acho positivo. Tem a possibilidade de melhores negociações. Os players que vão para a mesa serão outros, então o bolo (financeiro) vai aumentar. A segundo é que existe a possibilidade de você tratar isso individualmente e eu vejo isso de forma negativa. Se imaginar que o Flamengo tem dois milhões de associados e ele vender o jogo dele por R$ 2 para cada associado entrar no Streaming dele, apenas em um jogo ele faz R$ 4 milhões e a grande maioria não tem essa realidade. Tratar isso individualmente vejo de maneira negativa. Os clubes da Liga do Nordeste e da Série B a gente ver uma maior união em torno disso isso. Então esses blocos vão ser formados” afirmou o presidente do Náutico.
A maioria dos clubes que disputam os Campeonatos Brasileiros têm vínculo com a TV Globo para as transmissões em TV aberta e parte da fechada, além do Pay Per View. Sendo assim, boa parte tem contratos com a duração que variam entre 2022 e 2024. Os clubes que tem contrato por mais dois anos com a empresa, podem iniciar uma nova negociação com a transmissora já com um poder de barganha ainda maior, mas mesmo assim pode ser que não seja tão rentável como o contrato atual, como destaca Edno Melo.
“A maior parte dos clubes têm contrato com a Globo. Vai existir algumas demandas jurídicas caso algum clube venha se prevalecer dessa MP e tentar vender os seus direitos de jogos individuais. O Náutico tem 19 jogos em casa na Série B. se vender 10 jogos será que vai conseguir arrecadar os 6 milhões que a globo paga?”, questionou o mandatário alvirrubro.
“O Náutico vai ser pés no chão. Entender que a gente tem contrato com Globo até 2022 e qualquer negociação que seja feito na vigência deste contrato, o Náutico corre o risco de ser punido juridicamente. Vamos ter cuidado com isso. A partir do ano que vem, quando os clubes forem renovar seus contratos com as emissoras, os clubes agindo em grupo vão poder ter um poder de barganha um pouco maior”, completou.
Lado tricolor
Já o Santa Cruz vive um cenário parecido, mas um pouco distinto do Náutico. Atualmente a equipe tricolor tem contrato firmado com a Dazn para as transmissões da Série C 2020 e com a SBT, Fox Sport e Live FC até 2024 para as transmissões da Copa do Nordeste e, assim como o Náutico, fica impossibilitado de negociar com uma nova emissora. No entanto, o Santa pode negociar suas transmissões para os brasileiros dos próximos anos já com a nova medida caso a lei seja instaurada.
Ou seja, neste primeiro momento, o Santa não é impactado diretamente, mas o fator de patrocínio por parte das mídias pode ser o lado positivo momentaneamente para a equipe tricolor, como destaca Constantino Júnior.
“Nesse primeiro momento não existe impacto direto por conta do Santa ter contrato vigente para disputa de competição desse ano. Essa medida provisória não tem validade para os contratos já vigentes. Pelo fato do clubes está com contrato vigente esse impacto não seria direto. Caso algum clube que não tenha contrato ele vai poder negociar diretamente os jogos que são de seu mando de campo. Vamos ter que aguardar o restante do ano para saber o real impacto e o interesse de jogo a jogo. Se for negociado de forma coletiva e, através de união, fazer uma grande venda ao invés de uma situação individualizada por auferir recursos. O que pode ser impactar o Santa Cruz é a venda de patrocínio de mídia, que não podia e agora pode”, finalizou Tininho.
A medida já foi adotada por grandes ligas da Europa há algumas temporadas atrás. No entanto, não foi aprovada e atualmente apenas a liga portuguesa é a única a adotar um processo semelhante ao que está sendo instaurada no Brasil.
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