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De volta ao boxe, Mike Tyson passou por diversas polêmicas dentro e fora dos ringues

Ex-pugilista já foi preso, teve problemas com drogas e protagonizou uma mordida contra Holyfield que o afastou do boxe por um ano

LOURENÇO GADÊLHA
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LOURENÇO GADÊLHA
Publicado em 28/11/2020 às 10:02
REPRODUÇÃO/INSTAGRAM
Mike Tyson se recupera de falência - FOTO: REPRODUÇÃO/INSTAGRAM

O lendário boxeador Mike Tyson voltará a vestir as luvas, no palco onde construiu uma trajetória marcada por grandes vitórias, mas também por derrotas polêmicas, além de problemas pessoais fora dos ringues. Neste sábado, em Los Angeles, o americano de 54 anos vai enfrentar Roy Jones Jr numa luta exibição com oito rounds. Multicampeão dos pesos-pesados e considerado por muitos como um dos maiores pugilistas de todos os tempos, ele inspira gerações de boxeadores até hoje. Mas, na vida pessoal, viveu situações que não retratam o grande lutador que foi durante boa parte da carreira na nobre arte marcial.

Campeão dos pesos-pesados aos 20 anos, no ano de 1986, a precocidade física fez Mike Tyson conhecer logo cedo o doce sabor do triunfo no boxe. Ele dominou a categoria de maior prestígio do esporte no fim dos anos 1980, caracterizado principalmente pelo seu estilo agressivo que o tornava avassalador como um leão em batalha e resultava em vitórias por nocaute em poucos minutos de luta. E foi o primeiro a unificar os três cinturões da categoria. Chegar ao auge em tão pouco tempo indicava o caminho de uma carreira impecável. Mas não foi bem assim. Longe disso, na verdade.

Se por muito tempo o desempenho dentro dos ringues foram inquestionáveis, episódios controversos começaram a minar a carreira de Tyson. Além disso, derrotas para adversários inexpressivos, como foi na primeira queda para James Buster Douglas, mancharam seu cartel. Mas dos males, o cartel acabou se tornando a menor das manchas que acumulou em sua vida. O ex-pugilista nunca foi esquecido, seja por sua performance agressiva dentro dos ringues ou pelas polêmicas que seguiram lado a lado do Iron Mike, colocando-o em evidência, só que de forma negativa.

A carreira de Mike Tyson começou a se tornar instável a partir do seu primeiro casamento, com a atriz e modelo Robin Givens, em 1988. Isso porque era comum e frequente as acusações de violência e instabilidade psicológica. Em 1989, ela pediu divórcio e chegou a confessar, em um programa de televisão, que Tyson era um "maníaco-depressivo". Estes problemas afetaram a carreira do pugilista, que só esteve em duas lutas naquele ano, embora tenha vencido seus combates. O mau momento foi confirmado em 1990, quando foi batido no Japão por Buster Douglas no dia 11 de fevereiro, em um nocaute no décimo assalto, que resultou na perda dos títulos mundiais que possuía.


Criado no Brooklyn durante a infância, bairro violento em Nova York, Mike Tyson passou por vários reformatórios antes de ingressar na carreira profissional de boxe. Posteriormente, voltou a ter mais problemas com a justiça. E foi no dia 18 de julho de 1991 quando teve uma de suas maiores manchas na vida. Na ocasião, foi convidado para fazer parte do júri do concurso Miss América, onde depois acabou sendo acusado de abusar sexualmente da miss Desiree Washington no quarto de hotel. Na época, ele tinha 25 anos quando foi acusado de agarrar a moça de 18 anos contra sua vontade e realizar ações sexuais sem seu consentimento. Enquanto aguardava o julgamento continuou a treinar, depois lesionou-se. No ano seguinte, foi condenado a seis anos de prisão, mas acabou cumprindo apenas metade dela devido ao bom comportamento, sendo liberado no dia 25 de março de 1995.

Seu tempo preso acabou reduzindo o tempo útil como profissional. Tyson não lutou tantos anos, se comparado a outros ícones da nobre arte, como Muhammad Ali. Ele voltou a combater no boxe cinco meses após ser solto da cadeia e engatou uma boa sequência de vitórias entre 1995 e 1996, até o confronto contra Evander Holyfield, quando acabou derrotado duas vezes consecutivas. Na segunda delas, inclusive, protagonizou um episódio extremamente negativo na sua carreira, quando mordeu as duas orelhas do seu oponente, mutilando uma delas. Na época, ele foi desclassificado pelo ato antidesportivo, sofreu uma multa de 3 milhões de dólares, prestação de serviços comunitários e suspensão da liga profissional de boxe por um ano.

Tyson seguiu lutando até 2005, mas apesar das grandes bolsas conquistadas, onde acumulou um total de 400 milhões de dólares como pugilista, ele decretou falência em 2003 com uma dívida de 25 milhões. Tudo isso foi atribuído ao seu estilo de vida luxuoso, constantes prisões, uso abusivo de drogas, entre outros problemas. Uma das coisas que chama atenção nesse estilo de vida, inclusive, foi a compra de três tigres siberianos, quando estava na prisão. Cada um custou 200 mil dólares e o boxeador gastava mensalmente 15 mil dólares com os animais por mês. E as polêmicas não pararam. Em 2007, Tyson foi flagrado por policiais dirigindo sob efeito de bebida alcóolica, além de vestígios de cocaína em seu veículo. Na época, ele admitiu o uso de álcool e entorpecentes antes de quase bater numa viatura. Ficou 24h preso, além de ter que pagar 260h de trabalho comunitário, além de uma sentença de três anos em liberdade condicional

Certa vez, em outra oportunidade, numa entrevista, o boxeador, que já havia se aposentado, revelou que usava urina dos filhos e da própria esposa para ser aprovado nos exames antidoping. Ele explicou que na hora de passar pelos testes, colocava um pênis falso para enganar os médicos. Tyson usava esse artifício devido ao seu frequente uso de drogas, principalmente pela maconha. Em 20 de outubro de 2000, Iron Mike bateu Andrew Golota, mas foi pego no antidoping sob efeito da cannabis. Segundo o próprio pugilista, ele só caiu no exame porque não deu tempo de pegar o falso pênis falso para fazer uso do "golpe". Atualmente, ele tem uma empresa que investe no mercado da erva (maconha) que foi determinante para deixar o estado de falência e voltar a se reestruturar financeiramente.

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