No CRB, Roberto Fernandes visa boa campanha em sua 6ª Copa do Nordeste
Em entrevista ao Jornal do Commercio, Roberto Fernandes falou das suas ambições com o CRB na Copa do Nordeste e sobre a importância do planejamento no futebol
Após assumir o CRB durante a Série B e fazer um bom trabalho, Roberto Fernandes tem grandes ambições para o time alagoano no Nordestão. Em entrevista dada ao repórter Túlio Feitosa, do Jornal do Commercio, o treinador pernambucano ressaltou que o acaso está cada vez com menos espaço no futebol e ressaltou a importância de se ter planejamento.
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JORNAL DO COMMERCIO – Qual a sua ambição com o CRB na Copa do Nordeste?
Roberto Fernandes – Respeitando os adversários, claro. Mas é brigar, primeiro, pela classificação. E depois que você briga por uma classificação e entra numa condição de mata-mata, você não pode, estando na Série B, não ter a ambição de tentar brigar por algo maior.
JC – Quem você considera favorito para o Nordestão?
ROBERTO – Eu coloco, como grande favorito da Copa do Nordeste, aquelas equipes que estão na Série A, porque conseguem manter uma base e, além disso, têm um orçamento completamente diferente. Eu acho que a condição do Bahia, do Fortaleza e, principalmente, do Ceará é diferente dos demais.
JC – Como você enxerga o crescimento do futebol nordestino?
ROBERTO – Eu acho que o momento do futebol do Nordeste é fruto de quem, lá trás, se preparou para esse momento. Se a gente observar as estruturas, as condições gerais, sobretudo do Fortaleza, Ceará e Bahia, além do próprio Sport, além de não dever (em relação a estrutura), eu tenho certeza que são até melhores que as de alguns clubes do Sul. Eu tenho seríssimas dúvidas se a condição de trabalho, hoje, de um Botafogo e um Vasco seja melhor que a de um Ceará e um Bahia. Acho muito difícil. Pelo menos, pelas últimas vezes que eu pude estar presente nesses clubes, eu falo seguramente que essas equipes do Nordeste que estão na Série A têm condições de trabalho melhores que as do Sul e Sudeste. E não é à toa que você vê a queda de duas equipes do Rio de Janeiro, uma de Curitiba, outra de Goiás e a gente mantendo Ceará, Fortaleza, Bahia e o Sport na Série A.
JC – E o crescimento do CRB junto ao futebol alagoano?
ROBERTO – A rivalidade entre CRB e CSA se tornou muito benéfica ao futebol alagoano, sobretudo quando o CSA, em 2018, obteve o acesso à Série A. Então o acesso acirrou muito essa competitividade das duas equipes. Mas o CRB e o CSA não chegaram nessa condição por acaso. O que eu falei do Bahia, do Ceará e Fortaleza se aplica ao CSA e ao CRB.
JC – Já há uma superioridade do futebol alagoano sobre o pernambucano?
ROBERTO – Hoje, eu falo que em relação aos clubes de Pernambuco, se você tirar o Sport, que está na Série A, as folhas de pagamento do CRB e CSA, já há mais de dois anos que cobrem a do Náutico e a do Santa Cruz. E tendo uma condição de trabalho melhor. Por exemplo, se partir para 'Centro de Treinamento', você entende um pouco o porquê do Santa estar sofrendo numa Série C e o CRB não. Se comparar as duas estruturas, os dois CTs. O problema é que as pessoas ficam imaginando, não conhecem, não pegam um carro e fazem uma visita para ver o que está acontecendo por aqui.
JC – O planejamento é, então, um fator ainda mais essencial?
ROBERTO – No futebol, o acaso está cada vez menor. O espaço para o acaso está muito pequeno. Você realmente tem que plantar algo a médio prazo para colher estes frutos. O CT do CRB, por exemplo, não foi construído quando ele estava na Série B. Foi quando ele estava numa condição ruim, de Série C, e entendeu que tinha que se estruturar. Não adianta só contratar treinador e jogador. Tem que dar condições, estrutura. E quando fez isso, começou a colher os frutos.
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JC – Como seria o formato ideal para uma Copa do Nordeste?
ROBERTO – O ideal seria você disputar uma Copa do Nordeste, e essa ideia já existe, de uma forma muito parecida de como é o Campeonato Brasileiro. Inclusive tendo a Série B da Copa do Nordeste. E o ideal seria que, se tivesse data, você disputar uma Copa do Nordeste como é o Brasileiro: todos contra todos, ida e volta. Mas como a gente sabe que não tem calendário, esse formato de dois grupos de oito times, classificando quatro, já é um avanço muito grande, e nas fases seguintes o mata-mata.
JC – Qual você acha que é o maior diferencial do Nordestão?
ROBERTO – É um campeonato que, em relação ao estadual, é o oposto. Enquanto aqui no estadual você vai ter dois clássicos, que é o CRB contra o CSA, na Copa do Nordeste você terá poucos jogos que não serão um clássico nordestino. E quando não é um clássico local, porque até a fórmula da competição procura pôr os rivais em grupos diferentes para poder ter os clássicos. Então eu acho um campeonato muito gostoso.
JC – Qual é o sentimento de voltar à Copa do Nordeste sem público nas arquibancadas?
ROBERTO – Lamento demais, porque a gente sabe que a gente sabe que a participação do torcedor nordestino é absurda em relação ao resto do país. É um povo que respira futebol. Eu entendo, mas a gente lamenta essa questão de não ter público. Porque é um festival de clássicos.
JC – Você acha que haverá algum clube emergente que irá surpreender no Nordestão?
ROBERTO – Não… Eu acho que esta Copa do Nordeste vai pesar muito para as equipes da Série A. Fora essas, as equipes tradicionais. Por exemplo, um Vitória-BA, está na Série B, mas como você vai descartá-lo de estar chegando, surpreendendo. Mas fora disso, acho que não. Até porque, como as férias são praticamente inexistentes para quem estava disputando a Série A, as equipes irão perder muito pouco em termos de entrosamento, de questões físicas, quando elas estrearem na Copa do Nordeste.
JC – Haverá alguma prioridade por parte das equipes para se preparar para a Copa do Nordeste?
ROBERTO – Eu consegui dar 10 dias de férias ao grupo (antes de começar a pré-temporada). Mas, por exemplo, o CSA optou por um planejamento diferente e está treinando no Retrô e começou o Estadual com o sub-23. E isso também vai ocorrer com as equipes que estão na Série A. Não posso falar do Sport, porque em Pernambuco há uma rivalidade muito acirrada. Mas não tenho dúvida nenhuma que os clubes da Série A vão dar total prioridade à Copa do Nordeste. Claro que, já que a fórmula do campeonato (estadual) permite, quando afunile para a semifinal eles usem a força máxima.