ENTREVISTA

Campeão pan-americano em 1987 avalia momento do basquete brasileiro e a não ida para Olimpíada

Ex-armador, Cadum concedeu entrevista exclusiva para a reportagem do Jornal do Commercio

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JC

Publicado em 06/07/2021 às 10:26
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A não ida da Seleção Brasileira para a Olimpíada de Tóquio abalou quem é apaixonado por basquete. Nos três jogos do Pré-Olímpico, a equipe conseguiu ter bons resultados, mas acabou sendo derrotada para a Alemanha na final, o que fez ficar fora dos Jogos Olímpicos pela segunda vez na história - a primeira havia sido em 1976. Na visão do ex-armador Cadum, campeão pan-americano em 1987, é uma eliminação dura, mas que pode mostrar lições importantes para o futuro da modalidade no país. 

Em entrevista exclusiva ao Jornal do Commercio, Cadum, atualmente com 61 anos, avaliou o momento do Basquete no Brasil, a não classificação do país para Olimpíada, a atual geração de brasileiros e quais lições o país pode tirar após uma eliminação dura no Pré-Olímpico. Se a seleção masculina não vai para Tóquio por ter perdido para Alemanha, o time feminino também está fora devido a um processo de reestruturação.

Cadum defendeu a seleção brasileira por 13 anos, sendo campeão pan-americano em 1987, em Indianápolis, com o Brasil batendo os Estados Unidos na final. O ex-armador também disputou quatro torneios sul-americanos, dois pan-americanos, dois mundiais e quatro Olimpíadas, com a última acontecendo em 1992, em Barcelona, onde a seleção brasileira enfrentou o time dos sonhos dos Estados Unidos, que contava com Michael Jordan e companhia.

A paixão de Cadum pelo basquete, aliás, é algo que está no sangue. Isso porque ele é filho de Maria Aparecida, conhecida como Cida, que defendeu a seleção brasileira feminina e foi campeão sul-americana em 1954 e 1959. Confira, abaixo, a entrevista completa do JC com Cadum.

 
 
 
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Não ida para Olimpíada de Tóquio

Estou muito triste com essa não classificação para as Olimpíadas. O basquete brasileiro merecia ir aos Jogos. Mas vivo o dia a dia do esporte de competição há mais de 50 anos. Sei entender e aceitar quando o adversário foi superior. Aprendi que não se vence sempre, que não se joga bem sempre. Hoje a Alemanha foi superior. Fizemos nosso pior jogo no Pré-Olímpico e eles foram superiores. Simples assim. Conseguiram baixar nossa produção ofensiva e acharam espaços na nossa defesa que não apareceram nos três jogos anteriores.

Lições que o Brasil pode tirar

As mesmas que tiramos em todas as outras desclassificações em Pré-Olímpicos anteriores ou outros campeonatos desse nível. Seguir trabalhando por aqui no sentido de aumentar o nosso número de praticantes. Precisamos de quantidade de praticantes para daí tirarmos a qualidade. Precisamos ter um universo de 100 jogadores de nível pra tirarmos os 12 melhores para seleção. E para aumentar o número de praticantes, temos que desenvolver o esporte escolar. Temos que preparar melhor nossos professores de educação física. Ter mais técnicos capacitados para descobrir os talentos, desenvolver esses talentos e deixá-los em condições de jogarem competições de alto nível.

 
 
 
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Atual geração

Acho que é um ótima geração. Bons talentos que podem crescer muito individualmente e também fazer crescer nosso basquete interno e nossos resultados internacionais. Talvez o que estejamos precisando é de um jogador líder. Um craque incontestável que possa comandar essa nova geração. Esse líder ainda não apareceu.

Futuro

Sou e sempre fui um cara bem otimista com relação ao nosso basquete. Acredito muito no nosso potencial. Entendo que podemos competir de igual para igual com seleções mais bem estruturadas historicamente do que a nossa. Mas insisto que precisamos levar o esporte pras escolas e dar ao esporte a mesma importância que outros matérias. E agora no curto prazo, aumentar o número de equipes em todas as faixas etárias e preparar essa geração para o próximo ciclo olímpico. Planejamento para os Jogos Olímpicos de Paris 2024 já começou.

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