RACISMO

CBF repudia racismo de torcedores que jogaram banana em Richarlison durante partida entre Brasil x Tunísia

Após o segundo gol da seleção brasileira, assinalado por Richarlison, um banana foi atirada no gramado do Parque dos Príncipes de Paris, na França

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Katarina Moraes

Publicado em 28/09/2022 às 9:32 | Atualizado em 28/09/2022 às 9:33
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Com Estadão Conteúdo

Confederação Brasileira de Futebol (CBF) foi à público na noite dessa terça-feira (27) repudiar o ato de racismo contra Richarlison durante a partida entre Brasil e Tunísia no Parque dos Príncipes de Paris, na França. Após o jogador golear a seleção africana, torcedores lançaram uma banana contra ele.

"A CBF reforça seu posicionamento contra a discriminação e repudia veementemente mais um episódio de racismo no futebol. Seja dentro ou fora de campo, atitudes como essa não podem ser toleradas", pontuou.

Ainda, trouxe o posicionamento do presidente Ednaldo Rodrigues sobre o caso, que estava presente no momento.

"Mais uma vez, venho publicamente manifestar o meu repúdio. Desta vez, vi com os meus próprios olhos. Isso nos choca. É preciso lembrar sempre que somos todos iguais, independente da cor, raça ou religião”, disse.

“O combate ao racismo não é uma causa, mas uma mudança fundamental para varrer esse tipo de crime do planeta. Eu insisto em dizer que as punições precisam ser mais severas”, finalizou.

Cerca de três horas depois, o atacante Richarlison criticou as palavras vazias dos dirigentes na luta contra o racismo e pediu punição para tais gestos. 

"Enquanto ficarem de "blá blá blá" e não punirem, vai continuar assim, acontecendo todos os dias e por todos os cantos. Sem tempo, irmão! #racismonão", escreveu o jogador do Tottenham.

O técnico Tite também criticou o ato de racismo. "Futebol não vale tudo. Estádio não é para se fazer o que quer. O processo de punição e identificação tem de ser também dentro de estádio, da torcida", disse.

Na semana passada, os jogadores brasileiros saíram em defesa de outro atacante da seleção, Vinícius Júnior, jogador do Real Madrid que foi vítima de cantos racistas durante uma partida contra o Atlético de Madrid. A justiça espanhola abriu uma investigação.

O amistoso entre Brasil e Tunísia, disputado diante de uma maioria de torcedores tunisianos em Paris, foi marcado por outros incidentes, incluindo as vaias ao hino brasileiro antes do jogo.

A partida foi interrompida por alguns minutos no primeiro tempo pelo uso de dispositivos de raio laser contra os jogadores.

Racismo é frequente em campo

Em menos de um mês jogadores da seleção brasileira foram alvos de injúria racial e atos racistas na Europa. Relembre ocasiões em que jogadores brasileiros, com histórico na seleção, sofreram racismo em campo e fora dele.

NEYMAR

Em março de 2011, em amistoso com a Escócia, em Londres, o jovem Neymar, que à época tinha 19 anos, teve uma casca de banana atirada em sua direção logo após o apito final. O atacante, que jogava no Santos, sofreu com vaias da torcida escocesa desde o início da partida. Mesmo assim, não sentiu qualquer pressão, e marcou os dois gols da vitória da seleção, dirigida por Mano Menezes.
Após o ocorrida, a CBF pediu que a Federação Escocesa se aprofundasse nas investigações sobre o tema a fim de identificar quem teria jogado a casca de banana no gramado. Os escoceses, no entanto, se recusaram a fazê-lo e elogiaram seus torcedores.

DANIEL ALVES

Em abril de 2014, meses antes da Copa do Mundo do Brasil, o lateral-direito Daniel Alves viu a torcida do Villarreal atirar bananas em sua direção durante jogo com o Barcelona pelo Campeonato Espanhol. O atleta não teve dúvidas e comeu a banana.
Após a partida, Dani Alves relatou que o racismo era uma ação reiterada contra os brasileiros no país ibérico: "Estou na Espanha há 11 anos e há 11 anos é dessa maneira. Apenas nos resta rir desse pessoal atrasado", disse o jogador, que atualmente defende as cores do mexicano Pumas.

GRAFITE

Uma banana foi atirada no gramado do estádio do Pacaembu, em São Paulo, com os dizeres "Grafite macaco", citando o atacante do São Paulo e da seleção, durante jogo entre Brasil e Guatemala em abril de 2005. Grafite disse não ter visto a banana e só ficou sabendo do ocorrido posteriormente.
Grafite havia sido dias antes pivô de uma confusão envolvendo o argentino Desábato. No jogo entre São Paulo e Quilmes, no dia 13 de abril, no Morumbi, Grafite acusou Desábato de ter lhe feito ofensas raciais. O jogador argentino foi detido ainda dentro do estádio e passou quase 40 horas preso em São Paulo.
Revoltada com a situação de seu jogador, preso no Brasil, a torcida do Quilmes chegou a levar faixas no estádio em Buenos Aires chamando o atacante do São Paulo de "macaco". Mas, no Pacaembu, o racismo partiu, muito provavelmente, de um torcedor brasileiro. Mais de 36 mil pessoas estiveram no Pacaembu para acompanhar o amistoso da seleção, em que Grafite foi um dos destaques, marcando o terceiro gol da vitória por 3 a 0 sobre os guatemaltecas.

RICHARLISON

Uma cena lamentável marcou o início do jogo entre Brasil e Tunísia em amistoso nesta terça-feira, no Parque dos Príncipes, em Paris. Após o segundo gol da seleção brasileira, assinalado por Richarlison, um banana foi atirada no gramado do estádio francês em direção aos jogadores que comemoravam o tento.
A CBF usou as redes sociais para protestar contra a hostilidade do jogo e principalmente o ato de racismo. "Lamentavelmente, após a ação, uma banana foi atirada no gramado em direção a Richarlison, autor do segundo gol brasileiro. A CBF reforça o sua posição de combate ao racismo e repudia qualquer manifestação preconceituosa."

VINÍCIUS JÚNIOR

Vinícius Júnior foi alvo de racismo no programa de televisão na Espanha El Chiringuito de Jugones. O atacante do Real Madrid e da seleção brasileira foi comparado com "macaco" ao longo de um comentário sobre suas comemorações de gols no Campeonato Espanhol.
A ofensa foi feita por Pedro Bravo, representante da associação dos empresários de atletas do país. Mais tarde, em suas redes sociais, ele chegou a se desculpar. Mais tarde, o apresentador do programa Josep Pedrerol negou que a frase fosse racista. "Aqui cometemos erros de utilizar expressões inapropriadas, mas não racistas. Peço desculpas se isso te incomodou."

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