PROTESTOS

Manifestantes protestam em frente ao consulado da Espanha em apoio a Vinícius Júnior

O protesto contou com a participação do Movimento Negro Unificado, da Coalização Negra por Direitos e da Unegro

Filipe Farias
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Filipe Farias
Publicado em 23/05/2023 às 21:26 | Atualizado em 08/06/2023 às 13:04
NELSON ALMEIDA / AFP
Um grupo de manifestantes que combate o racismo se reuniram em frente ao consulado da Espanha, em São Paulo, para apoiar Vinícius Júnior - FOTO: NELSON ALMEIDA / AFP

Da Estadão Conteúdo

Os movimentos em apoio a Vinícius Júnior seguem acontecendo pelo Brasil. Na tarde desta terça-feira (23), um grupo de manifestantes do movimento negro e aliados na causa de combate ao racismo se reuniram em frente ao consulado da Espanha, em São Paulo, e protestaram em apoio ao atacante do Real Madrid.

"Pra quem ficou surpreso com a resposta do Javier Tebas, presidente da La Liga, que (culpou) Vini Jr por ter sofrido racismo, é importante saber que essa não é a primeira vez que ele faz declarações absurdas como essa. Tebas é reconhecido por apoiar abertamente o Vox, partido de extrema-direita espanhol, que já se posicionou a favor da expulsão de imigrantes da Espanha e a revogação de leis em favor da comunidade LGBTIA+ e leis contra a violência machista", publicou a Uneafro nas redes sociais explicando a razão do protesto desta terça-feira.

O protesto desta terça-feira contou com a participação do Movimento Negro Unificado, da Coalização Negra por Direitos e da Unegro. "O Estado Espanhol nos deve respostas", indagaram os presentes no ato desta terça-feira.

Nesta terça-feira, a Real Federação Espanhola de Futebol (REEF) anunciou a punição ao Valencia por conta do caso de racismo do últimos domingo. De acordo com o comunicado, a entidade determinou o fechamento de um dos setores do Estádio Mestalla, local dos ataques racistas, por cinco partidas.

ENTENDA O CASO

O brasileiro Vinícius Júnior foi mais uma vez vítima de racismo na Espanha. Parte da torcida do Valencia, que enfrentou e venceu o Real Madrid no último domingo por 1 a 0, gritou insultos racistas direcionados ao jogador brasileiro no segundo tempo da partida, que foi paralisada e depois retomada pelo árbitro por causa das ofensas.

Nos acréscimos, o brasileiro, revoltado e desestabilizado pelos rivais, foi expulso depois de se desentender com o atacante Hugo Duro, em quem acertou o braço. Ele levou cartão amarelo, mas após revisão do lance pelo VAR, foi expulso pela arbitragem.

O episódio gerou revolta no Real Madrid, cujo técnico Carlo Ancelotti dedicou sua entrevista coletiva inteira para falar sobre o caso de racismo ao fim da partida. A polêmica aumentou em seguida quando o presidente da LaLiga, Javier Tebas, criticou Vinícius por ter reclamado da postura da entidade diante dos casos de racismo.

COBRANÇA DE ANCELOTTI

Na entrevista coletiva desta terça-feira (23), antes do jogo do Real Madrid contra o Rayo Vallecano, que será nesta quarta-feira (24), Ancelotti fez um apelo às autoridades competentes para que adotem "medidas drásticas" contra os casos de racismo nos estádios de futebol, dois dias após os insultos proferidos contra Vinícius Júnior em Valencia.

"Isto tem que parar. Acontece todos os dias. Acontece com muitos outros, com Vini, mas também com outros. Gritam filho da puta, bicha, que seu pai morra, sua mãe... Não é uma guerra, é um esporte. Este é o momento, temos uma grande oportunidade de parar com isto", disse o treinador do Real Madrid.

"É um momento importante para adotar medidas drásticas. As instituições têm uma oportunidade, especialmente agora, para tomar medidas radicais neste tema importante", insistiu o técnico italiano.

"Para mim, este é um momento que tem que servir para todos. Queremos mudar esta situação, todos nós, é algo muito ruim para todos, gostamos do futebol, amamos, esperamos que seja o mais limpo possível... Estamos esperando para ver o que acontece. Adotar medidas é o mais normal. Aqui eu falo para a Federação e para LaLiga, e para a inteligência de todos os torcedores de futebol, e para a educação, acima de tudo, para a educação de cada um", explicou.

"Condenar não é suficiente. Nós começamos a condenar há muito tempo. Depois de condenar, você deve agir, e até agora não tivemos nenhuma ação. É um problema de racismo e também de insultos. Há países em que você não é insultado. Na Inglaterra não te insultam, porque a questão foi resolvida há muito tempo, em 1985, quando foram excluídos das competições europeias, então resolveram este caso. Nas partidas da liga inglesa não há polícia", disse, ao estabelecer uma comparação entre Espanha e Inglaterra.

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