Opinião

COLUNA DO ESCRETE DE OURO: Quando o dinheiro faz a diferença

Dinheiro não é tudo no futebol, mas ajuda muito

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Aroldo Costa

Publicado em 03/05/2024 às 18:35 | Atualizado em 03/05/2024 às 18:38
Notícia

Quando o Sport entrou em campo em Belo Horizonte para enfrentar o Atlético Mineiro no jogo de ida da terceira fase da Copa do Brasil, duas ideias estavam bem nítidas na cabeça de quem acompanha o futebol: o Galo é um dos melhores times do continente e o Leão vai ter que se superar. Mas havia também uma sensação que o time que começou bem a Série B com duas vitórias pudesse fazer um jogo interessante, com uma certa competitividade.

Mas quando a bola rolou, o que se viu foi uma superioridade técnica gritante do time mineiro. O Atlético foi melhor em vários quesitos e venceu por 2x0, mas poderia ter sido um placar maior. Duas bolas na trave (que não alteram o placar é verdade) e boas defesas do goleiro rubro-negro, além da correção de uma lanc pelo árbitro de vídeo, deixaram o score deste tamanho.

Muito se questionou porque esse abismo técnico se abriu entre as equipes. E nas redes sociais acompanhei um certo reconhecimento, muito justo por sinal, desse valor do adversário dos rubro-negros. E creio que uma das variaveis que explicam essa diferença esteja numa situação muito atual do futebol brasileiro: a capacidade de investimento.

Comenta-se que a folha salarial mensal do clube mineiro esteja na casa dos 17 milhões de reais. Já o Sport paga 2 milhões e meio ao elenco. Isso mostra que toda essa bagatela gasta num time de futebol é refletida no desempenho das partidas. Lutar contra isso no futebol moderno não é nada fácil. São elencos milionários, orçamentos exorbitantes (no contexto do futebol brasileiro, evidentemente) e uma disparidade incontestável entre os que tem mais e os que tem menos.

É só observar quem ganhou os últimos títulos do Campeonato Brasileiro Série A nos últimos seis anos (Palmeiras 3 vezes, Flamengo 2 e Atlético Mineiro 1). Ou os últimos cinco anos da Libertadores (Palmeiras 2, Flamengo 2 e Fluminense 1). Um grupo de mecenas e endinheirados se apoderou dessas competições e este ano eles são novamente são favoritos. Mesmo com passivos enormes e rombos financeiros históricos, eles souberam colocar suas marcas, e consequentemente elencos, em posições de destaque.

A própria Copa do Brasil foi pensada para ser uma competição assim, quase inconquistável para algumas camisas. No sorteio da terceira fase, os potes estavam bem definidos entre os melhores e menores ranqueados. É a aquela opção mercadológica e matemática pra quem organiza o evento esportivo, porque os mais bem colocados tendem a avançar, deixando pra trás os menos abastados. E vencer uma competição com esse nível ficou algo improvável. Não impossível, palavra que não combina com o futebol algumas vezes. Mas é quase um sonho para alguns vencer do jeito que ela foi pensada hoje.

Se levarmos o debate para o âmbito mundial vamos ver que mesmo os ricos do continente também “sofrem” o mesmo problema nos confrontos com europeus porque a última vez que um sul-americano ganhou um mundial de clubes foi em 2012 com o Corinthians, lá se vão 12 anos!. E neste caso nem adianta levar um bom esquema de jogo e um modelo definido como foi o caso do Fluminense de Fernando Diniz que voltou pra casa com aplausos nos 10 primeiros minutos por não rifar a bola e depois tomou um 4x0 fácil para o Manchester City. É a indiscutível vitória do poderio financeiro, da organização, do planejamento, do milhão contra o “tostão”.

Sim, o futebol continuará permitindo o inesperado, o imponderável. E nem sempre as equipes mais caras serão as vencedoras e as que levam os todos os troféus pra casa. Por isso este é um esporte tão apaixonante e que mexe com bilhões de aficcionados pelo mundo. Mas tem momento que o pragmatismo impera mesmo: quem tem dinheiro ganha e ponto. A quem não tem, só resta se superar muito. E haja superação! Times bem montados e esforçados podem surpreender. Ainda é possível reverter a “lógica”? Tomara que sim!. É o que o Sport precisa no jogo da volta contra o Atlético. Porque mesmo com um modelo de jogo inalterado pelo treinador, ficou claro que a qualidade técnica individual e do conjunto fizeram muito a diferença. E o investimento também.

Aroldo Costa, narrador do Escrete de Ouro da Rádio Jornal

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