Nesta sexta-feira (18), o Náutico lançou um novo uniforme da coleção N6, marca própria do clube, para a temporada 20/21. No entanto, esse novo padrão tem uma representatividade diferente e importante. Isso porque a cor da camisa sai das duas tradicionais do clube (vermelho e branco) e passa a ser preto. O motivo é reconhecimento de uma dívida história do clube e no combate ao racismo.
Em entrevista para o repórter Antônio Gabriel, da Rádio Jornal, o vice-presidente de marketing e comunicação do Náutico, Luiz Felipe Figueiredo, destacou o impacto do novo uniforme, lamentando e desculpando pela dívida histórica socialmente do clube.
Lançamento da camisa #VidasNegrasImportam ????? pic.twitter.com/uAkTGncT4z
— Náutico (@nauticope) September 18, 2020
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“O dia hoje é impactante para o torcedor do Náutico, mas não pelo fato da gente tá usando um uniforme preto com o símbolo pela primeira vez na sua história. Mas muito mais impactante pelo Náutico está reconhecendo um passado que não lhe agrada, dentro de tantas histórias bonitas que a gente tem. O Náutico tem esse passado com esse ponto específico, que é o racismo, e que não agrada. E reconhecer isso é um passo muito importante para todo o processo de evolução do clube como instituição social. Então o dia é de impacto, consternação e reflexão para o torcedor e a gente naturalmente tá lançando uma camisa carregado de muito simbolismo”, disse.
Um dos escolhidos pelo Náutico para ser homenageado – ou desculpado – é o goleiro Nilson, que sofreu inúmeros cânticos racistas quando defendia o Santa Cruz em clássicos contra o Timbu. O goleiro viria a ser um dos destaques da equipe alvirrubra, alguns anos depois, na conquista do Pernambucano em 2004. “Era um coro racista imitando som de um macaco e foi um som muito forte. Você lembra daquele som e sabe que aquilo foi feito por causa da cor de sua pele”, disse Nilson.
“A camisa achei lindíssima, maravilhosa, espetacular em todos os sentidos. Mas o mais importante de tudo isso, é a ação que o Náutico montou. É ver o Náutico abandonando o passado que ele não se orgulha, que é do racismo. Saber que o clube está levantando essa bandeira e dizendo ‘não’ ao racismo me faz ficar muito orgulhoso. Me sinto honrado em ter participado dessa ação. Espero que essa mensagem chegue à nação alvirrubra e a todos em Pernambuco, Brasil e mundo afora. Nós precisamos combater o racismo, pois o racismo mata”, completou o ídolo alvirrubro.
Jefferson, Marcão e Jhonnatan com a nova camisa do Náutico. pic.twitter.com/FmcuUbfnyv
— Pedro Alves (@PedroAlvesn99) September 18, 2020
“O nome de Nilson não é por acaso, reflete exatamente esse racismo estrutural que existia no Náutico e mais que a camisa a gente hoje vai trazer para o torcedor esse canal direto. A mensagem que fica no dia de hoje é ‘o Náutico não tolera racismo, seja ele qual for’. O Náutico tem seu canal direto no seu site e aplicativo oficial, onde qualquer tipo de denúncia, seja ela virtual ou físico, dentro da sede do Náutico vão ser apuradas, passar pelo processo administrativo disciplinar e em caso de ocorrência de ato racista vindo de um sócio, ele vai ser excluído do quadro de sócio ou torcedor que não for sócio vai ser encaminhado para as autoridades competentes para que sigam com um processo criminal naturalmente. É um dia de muito impacto, muita reflexão e reconhecimento do passado que não nos agrada, mas que precisávamos tomar uma atitude para um processo de evolução de um clube como um todo”, afirmou o vice-presidente de marketing e comunicação.
O Náutico é alvirrubro, mas também de todas as cores, raças, gêneros e crenças. Que o futebol nos ajude a lutar por um mundo melhor.
— Edno Melo (@EdnoMelo) September 18, 2020
“Estamos muito felizes com o resultado e espero que essa reflexão transcendam as cores vermelha e branca do Náutico e que fique a reflexão que o Náutico também é preto, encerrou.
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