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Confira o balanço de três meses de paralisação do Santa Cruz

Clube encontrou apoio na torcida para seguir pagando parte das despesas e se prepara para retomada dos treinos nesta semana

Klisman Gama
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Klisman Gama
Publicado em 14/06/2020 às 8:02
LEO MOTTA/ACERVO JC IMAGEM
Votação da reforma do estatuto acontece neste sábado. - FOTO: LEO MOTTA/ACERVO JC IMAGEM

O Santa Cruz passou três meses parado, sem nenhuma atividade do futebol. O último jogo aconteceu no dia 15 de março, contra o Decisão, pelo Estadual. Com a queda brusca de receitas, precisou realizar diversos ajustes nos seus gastos, além de contar com a ajuda dos sócios através da venda de produtos e ações de marketing para manter o pagamento, principalmente, aos funcionários. Com os cortes, o Tricolor não realizou contratações e vai se mantendo como pode. Acompanhe como o Santa Cruz passou por este período.

Como estava antes da paralisação?

A Cobra Coral era líder do Campeonato Pernambucano, com 22 pontos em oito partidas. Já está garantido na semifinal da competição e ainda faria um jogo contra o Sport para fechar a primeira fase, até com possibilidade de eliminar o rival, a depender dos resultados da rodada. Na Copa do Nordeste, o Tricolor estava na quinta posição no Grupo B, com 10 pontos. Um ponto de diferença para o G4. Para avançar ao mata-mata, precisaria vencer o já eliminado River-PI fora de casa e torcer por um tropeço de Ceará ou Náutico. Na Copa do Brasil, foi eliminado na segunda fase pelo Atlético-GO.

Sem férias e acordo de redução salarial

Por disputar a Série C, uma competição mais curta e que tinha previsão para acabar antes de dezembro, o Tricolor resolveu não dar férias aos jogadores, mesmo parado por três meses. Com a diminuição de receitas, a direção fez acordo com os atletas para reduzir os vencimentos em 30%. O clube conta ainda com o suporte da Medida Provisória 936 do Governo Federal, que banca parte do pagamento de salários a atletas e funcionários. Porém, ainda assim, os atrasos foram inevitáveis e o Santa vai quitando percentuais a cada um, conforme entra dinheiro em caixa.

Queda de receitas

As principais fontes de receita do Mais Querido vêm de jogos e seus entornos - loja e consumação de bares -, sócios e patrocinadores. O atual momento trouxe um cenário sem partidas, aumento da inadimplência dos associados - como reflexo da crise causada pela pandemia - e renegociação com os patrocínios, em que as empresas ou suspenderam pagamentos, ou pagaram um percentual menor nesses meses para repor mais a frente.

Apoio da torcida

O principal alicerce para que o Santa Cruz siga de pé, pagando o possível aos funcionários e jogadores, é a torcida. Desde aquele torcedor mais abastado, com maiores contribuições, até o que conseguiu adquirir um kit de máscaras. Através das ações criadas pelo marketing, o Tricolor já arrecadou mais de R$ 220 mil reais, valor que é destinado para o pagamento de funcionários. Foram ações de vendas de ingressos virtuais, máscaras, camisas, bonés, copos, entre outros produtos. Inclusive, a campanha que mais obteve sucesso foi a Nordeste Coral, relembrando o título da Copa do Nordeste de 2016. Apenas com ela, o Mais Querido lucrou cerca de R$ 150 mil. O trabalho em conjunto do marketing e torcedores ajuda, mas ainda não é a solução.

“Resolver é muito difícil, pela questão financeira através de marketing, porque o custo do clube é bem alto. E em momento de pandemia, conseguir venda de produtos, pagamento de mensalidade, não é tão simples, porque as pessoas estão em dificuldade. Estamos brigando o máximo para tentar diminuir o problema ou, pelo menos, pagar uma parte das obrigações. O que for possível fazer e estiver ao nosso alcance, vamos buscar fazer, para tentar passar da melhor forma possível por essas dificuldades”, comentou o diretor de marketing do Tricolor, Guilherme Leite.

Retomada aos treinos

O Santa Cruz está providenciando a testagem de 80 pessoas, entre funcionários, atletas e comissão técnica. Será feito também o acompanhamento de cada uma, diariamente, para saber se apresenta algum sintoma relacionado à covid-19. Caso aconteça, será prontamente isolada. Os treinos serão voltados para a parte física, inicialmente, e começarão na terça-feira (16). O clube optou por usar o CT Ninho das Cobras por ser um local aberto e com melhor ventilação. Lá serão montadas estruturas para que se mantenha o distanciamento e as atividades possam ocorrer da melhor maneira.

O elenco será dividido em pequenos grupos de até seis pessoas, que trabalharão em horários alternados. Um integrante da comissão técnica ficará responsável por cada conjunto, evitando contato com outros. Além disso, todo o protocolo será respeitado para que o máximo de segurança possa existir para cada um dos envolvidos no processo.

“Vamos buscar, através do distanciamento dos atletas e das pessoas envolvidas, respeitar todas as normas de biossegurança. Desde lavar as mãos, a individualização do material, cada atleta vai levar sua chuteira para casa, vai trazer sua garrafa de água. Vai ter também toda sua vida monitorada no dia a dia, para que possamos ir acompanhando e progredindo as atividades”, explicou o diretor médico do Santa, doutor Antônio Mário Valente.

Ansiedade pelo retorno

Os jogadores não escondem a falta que sentem de voltar a jogar. É mais do que a profissão deles, é algo do qual se sentem bem em fazer. Não apenas da parte do jogo em si, mas dos treinos, do convívio com os companheiros dentro de campo, nos vestiários. Neste período, o Santa Cruz elaborou treinos para os atletas para que eles voltassem bem fisicamente. Com o retorno nesta semana, o pensamento foca agora em quando os campeonatos poderão ser retomados.

“Estou sim (ansioso para voltar). 90 dias longe dos gramados faz muita falta. Creio que todas as medidas de proteção serão tomadas e estou tranquilo, mas ansioso para voltar a treinar o quanto antes. Todos estão comprometidos, fazendo suas atividades em casa com os recursos que cada um tem para não perder esse condicionamento físico. (Acho que) em mais ou menos um mês, estarão todos condicionados e aptos para voltar com força total para a disputa dos jogos que teremos daqui para frente”, disse o lateral-esquerdo Fabiano.

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