Pessach - O Sentido da Páscoa Judaica

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Publicado em 09/04/2023 às 0:00

PROFESSOR JÁDER TACHILSKY


Neste ano, do anoitecer da quarta 05/04, ao anoitecer da quinta 13/04, os judeus em todo o mundo celebram o Pessach. É um dos momentos mais marcantes do calendário judaico.
As famílias, em torno de uma mesa, promovem uma refeição noturna festiva, em que é relembrado um passado longínquo, em que os israelitas se encontravam longe de sua terra, no antigo Egito e lá foram escravizados.
Ao longo dessa celebração, faz-se uma reconstituição da intervenção divina, por meio da figura de Moisés, que permitiu o caminho deste povo da escravidão à liberdade, do Egito à Terra Prometida.
Moisés é salvo de um decreto do faraó, que determinava a morte dos israelitas recém-nascidos do sexo masculino, recolhido das águas do Nilo por uma princesa egípcia.
Cresce na corte como um príncipe do Egito, até que descobre sua verdadeira identidade, refugia-se no deserto e retorna para a missão de salvar o seu povo.
Pessach traz muitos significados. Na narrativa, Deus se coloca não do lado do poder e da opulência do Egito, a grande civilização da época, mas acolhe uma nação de escravos, demonstrando que todos os seres humanos são revestidos de igual dignidade.
A esse povo, é transmitido um código de leis, extremamente inovador para a época, que trata da forma como as pessoas precisam se organizar em uma sociedade, dando sustento aos mais vulneráveis, respeitando os direitos alheios e enxergando no estrangeiro, não um oponente, mas alguém que é preciso compreender, escutar e acolher.
O êxodo do povo israelita, saindo da escravidão para reescrever sua história serviu como inspiração para diversos movimentos libertários, de diferentes povos em distintas épocas.
Certamente, um dos principais ensinamentos de Moisés foi o de sempre guardar essa história, transmiti-la às novas gerações, numa corrente contínua, ao longo dos séculos.
O estudo, o valor da educação, a busca constante do questionamento sobre verdades estabelecidas, têm sido o norte do povo judeu. Foi aquilo que o sustentou nos momentos mais adversos. Foi o que permitiu sua sobrevivência, sua resiliência e sua capacidade de sempre se reconstruir.
Quando as famílias judaicas, sentadas em torno da mesa, relembram suas memórias, estimulam os filhos a fazerem perguntas, brindam com bênçãos e cânticos a recordação de que fomos escravos, mas agora somos livres, vivenciam um momento mágico, que conecta passado e presente e abre as portas de um futuro de continuidade.
O Pessach sempre nos alerta que há várias formas de escravidão. Que as lições de outrora precisam nos sinalizar que enquanto seres humanos forem vítimas de opressão, racismo, fome, perseguições, nossa jornada neste planeta continuará imperfeita. Que só a reflexão, a educação, o respeito à diversidade, o diálogo contínuo entre os diversos povos e as diversas confissões de fé, poderão produzir um mundo que almejamos, que queremos legar para nossos filhos e netos.
Chag Purim Sameach! (Feliz Festividade de Pessach!)


Jáder Tachlitsky , economista, professor de cultura judaica e história judaica, coordenador de Comunicação da Federação Israelita de Pernambuco

 

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