Shavuot – A Festa Judaica das Primícia

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Publicado em 04/06/2023 às 0:00

JÁDER TACHLITSKY
Shavuot (literalmente, semanas), juntamente com Pessach (a páscoa judaica) e Sucot (a festa das cabanas) eram as assim chamadas Festas de Peregrinação. Nestas festividades, na antiguidade, o povo judeu ia a Jerusalém, ao Templo Sagrado, levar suas oferendas.
Shavuot também é a Festa da Outorga da Torá, o Pentateuco (Chag Matan Torá). De acordo com a tradição, neste dia, no Monte Sinai, o povo judeu estabeleceu um pacto com Deus baseado na memória e nos preceitos que compõem esse texto sagrado. Em paralelo ao seu caráter religioso o vínculo à terra sempre possuiu grande relevância.
Shavuot é celebrada no dia seguinte ao encerramento da Contagem do Omer, que corresponde a quarenta e nove dias (sete semanas). O início da contagem é no segundo dia de Pessach. Nesta ocasião, no passado, os judeus traziam um Omer (unidade de medida bíblica) de grãos da primeira colheita de cevada para o Templo, e no final da contagem traziam um Omer de grãos da primeira colheita de trigo.
As sete semanas na contagem do Omer são a origem do nome da festa, eminentemente agrícola. Shavuot também é chamada de Festival da Colheita (Chag Hakatzir) e Festa das Primícias (Chag haBikurim), comemorando o costume de se trazer oferendas ao Templo provenientes das primeiras frutas da colheita e dos primeiros animais nascidos do rebanho. Este aspecto agrícola foi mantido mesmo depois da destruição do Templo. Entre os símbolos da festividade estão as sete espécies com as quais a Terra de Israel é abençoada: trigo, cevada, uvas, figos, romãs, azeitonas e tâmaras.
Com o processo de migração judaica para a Terra de Israel a partir do final do século XIX e a criação dos kibutzim (comunidades socialistas) e moshavim (cooperativas), foi restabelecido o vínculo com seu caráter agrícola. Uma rica tradição desenvolveu-se em torno das cerimônias que comemoram a entrega de Bikurim (primícias). Nos desfiles dos carros agrícolas, além da apresentação dos primeiros frutos, participam as mães com seus bebês nascidos no último ano.
Shavuot também possui ligação com o livro bíblico de Ruth (Meguilat Ruth), que relata a história dessa moça moabita, que se agregou ao povo judeu e veio a ser bisavó do Rei David. A ligação dessa história com Shavuot é que ela aconteceu durante a colheita do trigo. A história de Ruth traz à tona belas lições da Torá no que tange a prática da justiça e da solidariedade humana.
Na primeira noite de Shavuot, é costume se realizar uma vigília dedicada ao estudo da Torá nas sinagogas. São debatidos temas judaicos ou temas gerais a partir de uma ótica judaica.
Na manhã seguinte ouve-se em todas as sinagogas a leitura dos Dez Mandamentos. Esse milenar código de leis, que serviu de base a diversas civilizações através da história, configurou-se, três mil e trezentos anos atrás, em algo realmente revolucionário para os padrões da época.
Outro costume de Shavuot é consumir, durante os dois dias, laticínios, já que a Torá é comparada ao leite. A palavra hebraica para leite é chalav. Na numerologia judaica (guematria) a soma do valor numérico das letras que compõem essa palavra totaliza quarenta. Este é o número de dias que Moisés passou no Monte Sinai. Outra explicação é que, assim como o leite é um alimento básico para nutrir nosso corpo, a Torá nutre o nosso espírito.
No calendário judaico Shavuot é comemorado nos dias 06 e 07 do mês de Sivan. Neste ano de 2023 iniciou-se ao anoitecer da quinta, 25 de maio e se encerrou ao anoitecer do sábado, 27 de maio.
Shavuot é mais uma, entre tantas festividades judaicas, que reúne história, cultura, tradição, arte e gastronomia. É uma demonstração do caminho judaico de preservar seu legado e transmiti-lo permanentemente às novas gerações.


Jáder Tachlitsky, economia , professor de Cultura Judaica e história judaica , Coordenador de Comunicação da Federação Israelita de Pernambuco .

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